Capítulo 41

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Nunca pensei em como eu iria morrer, talvez se tivesse feito alguma lista, poderia escolher um modo rápido. Sempre desejei ver minha pequena irmã crescer, estudar e trabalhar. Como uma garota normal faria. Se bem que para mim, sua doença era normal. Fatal, mas normal. Não que eu tivesse me acostumado, mas ao falar sobre isso eu me sentia chateada. Se tivesse algum modo de transferir sua doença para mim, eu o faria. Sem questionar.

- O que você está pensando? - Matt interrompe meus pensamentos.

- Savannah.

Sem mais uma palavra, ele me abraça. Seu braço direito passa por baixo do meu pescoço, enquanto o outro se posiciona na minha cintura. Já havia algumas horas que tentávamos dormir, ou pelo menos tentar. Tinha algo errado.

- Pode ter certeza que ela está bem, eu mesmo cuidei disso.

Eu realmente queria acreditar em suas palavras, mas era impossível. Eu confiava em Matt, só que tratar da segurança da minha família sem eu estar por perto se tornava preocupante.

- Eu quero ir embora - admito.

- Eu também, pequena.

Um estalo fez com que ele saltasse. Estaríamos esperando alguém? Matthew ficou alerta para qualquer barulho e, com êxito, percebeu que alguém estava ao redor da cabana. Fiquei receosa em dizer algo. Ele levantou-se, pé por pé, enquanto eu acordava os dois adormecidos silenciosamente.

**Matt**

Fazendo o mínimo de barulho possível, caminhei até a janela, que tinha várias frestas. Havia uma mulher sentada no balanço improvisado que Micael havia feito. Esfreguei meus olhos, tentando convencer-me de que era apenas um borrão, mas não era. Caminhei até a porta e a abri, sem hesitar. A lua brilhava no céu, dando uma claridade boa o bastante para enxergar suas vestes: estava usando um vestido branco, que me lembrava a festas.

Se era um sonho ou não, eu estava começando a ficar com medo. O que uma mulher estaria fazendo a essa hora da noite numa mata? Continuei me aproximando, enquanto ela olhava para suas próprias mãos, sem se importar com minha presença.

- Você está... - Meu Deus.

- Rommy? - Caí de joelhos ao chão, sem acreditar. Ela estava ali e viva. Eu estava vendo-a, ou era um sonho com muita criatividade. Seus cabelos, seus olhos, as sardas em seu rosto, era ela.

- Matthew? - Aquela voz... Era ela mesmo. Fiquei atônito. Eu estava vendo fantasmas? Por que diabos ela estava aqui?

- MICAEL! - Gritei, ao ver feridas pelo seu braço, e a segurei pela cintura para ajudá-la a andar.

- Mas que diabos está acontecendo? - Micael estava tão surpreso quanto eu. Fiquei esperando sua ajuda, mas ele ficou paralisado.

- Me ajuda, cara - peço.

- Você não está pensando em levá-la para dentro, está?

- Vou deixá-la aqui fora? - Pergunto irritado, enquanto ela tenta manter o equilíbrio.

- Vai dormir com ela também? - Ele pergunta, fazendo-me ferver de raiva. Depois de negar, ele acaba me ajudando. Karen e Emma estavam na cozinha, mas quando nos ouviram, foram imediatamente para a sala.

**Emma**

Ao ouvir que haviam entrado, fomos para a sala à espera de boas notícias. Mas, ao invés disso, vejo Matt com uma mulher nos braços, machucada e abatida. Com quantas mulheres ainda eu vou ter que me preocupar? Então percebi o quanto Matt estava assustado e surpreso, enquanto Micael estava com uma cara de "não pergunte para mim".

- Rommy? - Karen estreita os olhos, não acreditando. Mas quem fica indignada sou eu.

- O que essa garota está fazendo aqui? - Indago, perplexa. Matt coloca-a no sofá, enquanto Micael se afasta como se ela fosse uma assombração.

- Emma, calma - Matt fala.

- Calma, o caralho! Que porcaria é essa? - Ela me olha de um jeito esnobe, como se estivesse gostando da situação.

- Amor, ela estava lá na rua, estou tão surpreso quanto vocês - ele tenta se explicar, mas eu explodo.

- Que brincadeira de mal gosto é essa? Olha Matt, sinceramente... achava que você fosse melhor que isso.

Começo a ficar vermelha, Karen e Micael estavam atônitos, enquanto a garota parecia se divertir com a situação.

- Ela não tem para onde ir - defende Matt.

- Sério? - Suspiro dramaticamente e falo. - Isso não é convincente para mim.

- Essa cabana é nossa. Não sei o que você está fazendo aqui - então a garota fantasma sabe falar.

- Karen, você pode cuidar dela para nós conversarmos? - Ele pergunta, mas Karen nega.

- Na boa, Matt, não sei se você já viu aquele filme "O Chamado", mas ela está parecendo uma Samara moderna.

Micael ri, enquanto ela revira os olhos. Por que tem que acontecer algo sempre? Será que o destino me esconde mais alguma coisa? Isso foi o acúmulo dos inesperados.

- Ela só precisa de ajuda, somente isso.

- Como ela apareceu aqui? - Micael se intromete, mas eu agradeço mentalmente.

- Rommy, onde você estava esse tempo todo? - Matthew pergunta de um modo ríspido, sem transparecer nenhuma emoção em sua voz.

- Meu pai, desculpe, Matt.

- MATTHEW, PARA VOCÊ! - Grito.

- Olha, muita coisa aconteceu enquanto você não estava por perto. Eu estou com outra mulher, então, se você pensa que está aqui para se divertir com sentimentos alheios, está enganada.

- É isso aí - digo.

Karen fica ao meu lado o tempo inteiro, por sorte tenho alguém para isso, alguém não, duas pessoas. Micael me abraçava de lado enquanto Matt ficava ao lado de seu antigo amor.

- Eu te amo, Emma, então você poderia pelo menos me ajudar.

- Será que estamos falando da mesma garota... que feriu seus sentimentos e arruinou a sua vida? - Pergunto com um sorriso maligno.

**Vivian**

Odiava os jogos do meu pai. Eu fazia de tudo pelo seu amor, e ele só falava em Rommy, Rommy, Rommy. Era uma tremenda encrenca o que eu tinha me envolvido, mas eu o amava e queria seu amor. Ao contrário de minha mãe, meu pai sempre me deixou de canto. Isolada.

Para provar que eu realmente o amava, falei que o ajudaria em qualquer coisa. Do nada, ele teve a ideia de me passar por Rommy. Eu tinha pena do homem que estava ao meu lado; ele parecia magoado e tinha dó da mulher que estava com o coração despedaçado ao vê-lo insistir em minha estadia naquele lugar.

Eu estava disposta a tudo pelo meu pai.

Querida BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora