Eva narrando:
Três anos depois.
-Inferno. Panela, por favor, fica quieta ai. –Grito apavorada com a panela de pressão. –Droga. –Desligo o fogo e me afasto do fogão.
Odeio cozinhar, principalmente com essas panelas doidas. Em todos esses anos que eu estou vivendo na Colômbia, eu ainda não aprendi cozinhar. Mal consigo fritar um ovo.
Isso é frustrante.
Por que não consigo cozinhar um feijão sem ter medo que a panela dê os seus chiliques?
Droga.
Caminho até a sala e quase caio ao esbarrar no carrinho de brinquedo do Lorenzo, meu pinguim de gente. A sala estava uma bagunça, cheia de brinquedos espalhados pelo sofá e pelo chão.
Suspirei fundo.
Pela terceira vez, vou arrumar essa bagunça. Virei uma escrava, sem duvida.
Pego os brinquedos do chão e guardo no quarto de Lorenzo. Pelo menos o quarto dele estava arrumado, isso porque ele não estava em casa. Guilherme o levou para passear desde cedo e até agora não chegou. Está quase dando a hora do almoço e nada deles chegar.
A minha vida toda se desestruturou depois que eu vim para Colômbia. É claro que estou feliz ao lado do meu deus grego e por ter o meu pinguim, mas vir pra cá me trouxe grandes aflições. A primeira é que a policia federal, civil e militar não sai mais da minha cola, eles ainda estão a minha procura. Parece que me crucificaram como a única culpada daquele massacre na casa da Luana. Segundo que morar na Colômbia de inicio parecia uma boa ideia. Guilherme me prometeu mil coisas e uma delas foi se afastar de vez do tráfico, só que ao invés de ficar longe da vida que ele disse que iria abrir mão por mim, ele continuou. O que me deixava enfurecida.
Eu tive que abrir mão de tudo, até mesmo da minha liberdade e agora ele não pode sequer se afastar do movimento. Desde que nós chegamos aqui em Medellín, brotou do chão ''comparsas'' dele, os mesmos comandam o tráfico da região e Guilherme trabalha com eles, algo parecido.
Isso me entristece demais. Ele mudou de um tempo pra cá, não me dá carinho como dava antes e muito menos fala que me ama. Às vezes penso que ele deixou de me amar e que só está comigo porque não tem pra onde ir com uma criança de dois anos, mesmo se quisesse, ele jamais iria permitir que eu fosse embora com o Lorenzo.
Saio do quarto do meu pinguim, e volto para a cozinha, começo ajeitar ao menos a bagunça que eu havia feito.
Por não querer chamar muita atenção da policia, decidimos viver em uma casa mais simples e bem pequena. Acho que a casa da dona Cecília é bem maior do que essa. Aqui só tem dois quartos, um banheiro, uma cozinha minúscula e a sala que também não é tão grande, mas era a parte da casa mais espaçosa.
Lavo alguns copos e pratos e enxugo a mão na toalha de prato. Olho pela janela e vejo as crianças correndo e brincando na rua, havia algumas mulheres sentadas em frente à casa da vizinha que eu não gosto muito, provavelmente fofocando a vida alheia.
Não tive tanta dificuldade em falar espanhol, só que às vezes eu não compreendo oque eles fala principalmente quando estão falando muito rápido. Mesmo morando aqui há três malditos anos.
Ouvi umas batidas na porta e corri para atender, quase certa que é o Guilherme. Deve que esqueceu as chaves, de novo.
-Já vou. –Grito.
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OPERAÇÃO NO MORRO
RomanceEva? Uma mulher forte, determinada e orgulhosa. Está na luta para banir o tráfico no complexo do alemão. Não gosta de bandidos e fará de tudo para deter cada um deles. Guilherme? Um homem guerreiro, gerente do tráfico do complexo do alemão, braço d...