Eva narrando
Uns dias depois
—Esses roxos vão desaparecer, depois da pomada que passei, é rapidinho. —Disse Sandra, aquela mesmo mulher que me ajudou alguns dias, depois da surra. E cedeu a sua cama para eu me deitar.
Pelos menos isso me fez se aproximar de alguém. Ela até hoje está me ajudando, me dando remédios e até mesmo dividiu um biscoito comigo que foi uma aposta com uma outra detenta.
Ainda me sinto fraca, a dor física está passando aos poucos, mas a dor interior continua latejando, não me deixando esquecer a humilhação e a violência pela qual passei.
—Obrigada pela ajuda. —Agradeço, abraçando os braços.
Andamos pelo pátio, pela primeira vez estava tomando banho de sol. Algumas detentas me chamam de fantasma porque estou pálida demais. E não é pra menos, quase não como nesse lugar. Mesmo tentando.
Sentamos no chão, encostada na parede, enquanto o sol refletia em nossos rostos aquecendo o meu corpo e minha vontade de querer dá a volta por cima, mesmo estando na merda.
—Ai essas vadias da cela cinco fede pra caralho. —A caminhoneira que vivi me perseguindo se aproximou da gente, sentando ao meu lado. —É por isso que gosto de você linda.
—Não vem de gracinha pra cima de mim não garota ou...
—Ou o quê, linda? —Ironizou. —Tu tá toda fodida com esses hematomas e ainda quer bancar a valentona?
—Ainda consigo quebrar a sua cara. —Garanti, respirando fundo. Sandra riu.
—Cai fora Soraya. —Disse Sandra, com os olhos fechados e a cabeça inclinada. —Relaxa essa sua...
De repente uma sombra pairou a minha frente, tirando a minha única chance de ter vitamina D. Resmunguei, achando que fosse Soraya, mas não.
Abri os olhos e vi uma detenta de pele clara, cabelos escuros lisos presos em um rabo de cavalo, suas sobrancelhas escuras e falhadas lhe dava uma expressão mais dura.
—Tu é a Eva? —Perguntou, cruzando os braços.
Demorei pra responder. Não queria arranjar confusão e grande parte dessas malditas detentas não vão com a minha cara por eu ter sido uma policial.
—O que tu quer? —Perguntou Sandra.
Soraya me cutucou e fez uma cara nada muito boa. Com certeza essa mulher era encrenca de certa.
—Sou por quê? —Indaguei, antes de acontecer algo sério.
Sandra não é uma mulher pra se brincar. Quando descobrir o porquê dela está presa quase cai pra trás. Soraya me contou que ela matou o próprio marido e a filha dele, só pra ficar com a fortuna. Ela mesma tendo matado duas pessoa, ainda assim me passa segurança, pode parecer loucura, por outro lado sei que não posso confiar muito em ninguém aqui dentro.
—Preciso descolar uma ideia com tu. Levanta aí. —Pediu, descruzando o braço.
Respirei fundo e neguei com a cabeça.
—Se quiser falar, fale aqui mesmo. —Disse por fim, encarando-a.
Ela olhou para os lados, passou a língua entre os lábios e abriu um sorrisinho de deboche e em seguida voltou a me olhar.
—Demorô. Papo retão. Meu marido fecha com o Alex, teu macho, e ele já passou a visão que se tu precisar de algo é só me falar. Soube o que aconteceu com você com as agentes, mas fica tranquilo, tudo que vai, volta. —Disse acenando com a cabeça.
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OPERAÇÃO NO MORRO
RomanceEva? Uma mulher forte, determinada e orgulhosa. Está na luta para banir o tráfico no complexo do alemão. Não gosta de bandidos e fará de tudo para deter cada um deles. Guilherme? Um homem guerreiro, gerente do tráfico do complexo do alemão, braço d...