Capítulo 34

8.7K 782 92
                                    

Alex narrando:

Já estou há um mês nesse inferno, um mês de ódio e uma vontade enorme de matar Eloá, ou melhor, Eva. Para mim, aquela vagabunda sempre será Eloá, nada de Eva.

A desgraçada soube me enganar direitinho, e eu achando que realmente tinha achado a pessoa certa para mim, tolice minha.

Estava na mesma cela que o Guilherme e alguns outros amigos meus da facção, DR estava revoltado, assim como todos, não parava uma vez de amaldiçoar Eloá. Alguns outros colegas de cela quis tanto saber quem era a famosa Eloá que tinha colocado a gente nesse inferno, depois de anos se safando de policias.

-Essa garota vai pagar pelo oque fez. Ó se vai. –Disse cabisbaixo.

-Oque é dela está guardado, logo vou sair desse inferno e a primeira coisa que vou fazer é matar lentamente aquela vagabunda do caralho. –Digo furioso.

Os vinte homens ali presente, dentro de uma cela tão minúscula, concordaram com a cabeça a minha ameaça de morte, menos Guilherme que permanecia ao lado da grade, olhando o corredor. Desde que veio pra cá ele não fala nada, apenas o básico, passa o dia todo sem falar. Ele começou a riscar na parede os dias que já estava aqui, todos os dias que acorda risca com um pauzinho na parede. Ele mal se alimenta, não dorme direito e quando dorme um pouco acorda assustado, provavelmente acabado de ter um pesadelo. Uns dias desses o presenciei chamando por ela, por Eloá. Não gostei de vê-lo chamando pela minha mulher, ou melhor, pela vagabunda da Eloá. As suspeitas de quê ele tiveram algo só aumenta e isso me deixa com mais raiva ainda. Eu amo o meu amigo, ele é como um irmão para mim e eu me sinto culpado por ter deixado Eloá ter ficado na favela sem nem ao menos ter me preocupado em saber quem realmente era ela, ainda mais depois de tanto que Guilherme e Amanda encheram o meu saco dizendo que eu devia descobrir mais sobre ela, mas sempre dava de ombros e só pensava em como ela me fazia bem.

Tudo foi uma farsa. Ela era apenas uma atriz, dissimulada, mentirosa.

A minha raiva maior é que eu não consigo parar de pensar em seus lábios, na sua boca carnuda e naquele corpo. Só de pensar nisso, meu membro fica duro. É osso ficar com quase vinte homens nesse cúbico de espaço, num calor infernal. Quase não consigo respirar direito.

Não se sabe quando irei para a penitenciaria máxima, disse que daqui alguns dias, ou pode durar até mês. Ainda não sei de nada. Ninguém nesse caralho me informa nada. Meu advogado é um bosta, infelizmente, esse foi o único que mamãe achou para defender a minha causa.

Suspirei fundo e voltei a olhar para Guilherme que olhava atento para o corredor, assim que avistou o guarda, o chamou.

-Ei guarda. –Disse com a voz um pouco baixa.

O guarda se virou e o encarou por alguns minutos. Em suas mãos tinham um jornal que acabara de ler.

-O senhor já terminou de ler? –Indagou Guilherme.

Não entendia o porquê ele queria saber sobre o jornal do filho da puta do guarda, mas continuei atento naquela conversa. Todos ali estavam de olhos mirados no guarda e no Guilherme.

-Já sim, detento, por quê?

-O senhor pode me emprestar?

Estreitei os olhos e olhei para o guarda encarando, assim como eu, ele ficou surpreso e com o cenho franzido.

-Esse jornal é antigo. –Argumentou.

-Eu só quero ler. –Insistiu Guilherme.

O guarda olhou por cima do ombro de Guilherme e pairou os olhos sobre mim, e de uma forma nada amigável, me encarou com ar de severidade. Veado do caralho.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora