Capítulo 72

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Eva narrando

Enquanto o sol refletia um pouco sobre o meu rosto, deixava as minhas ideias clarearem com os restantes dos minutos que faltava. Só tínhamos meia hora de banho de sol e eu fazia o máximo para aproveitar daquele pequeno ''lazer'', assim dizendo. Esse momento é o único em que eu ainda me sinto viva. Pois todos os malditos dias que se passam aqui dentro sinto que estou morrendo aos poucos e, infelizmente, não consigo fazer algo para mudar isso.

Nem mesmo Soraya conseguia me tirar mais do sério com suas brincadeiras idiotas. Nada mais faz sentido para mim. A cadeia está me mudando aos poucos, tenho receio de que isso me prejudique.

Abro os olhos e forço a visão para enxergar Brenda caminhando em minha direção, porém mantinha o olhar atento para ninguém desconfiar da nossa aproximação ao longo dos meses. Logo a mesma se sentou alguns centímetros longe de mim, ela esticou as pernas e cruzou os braços, completamente presunçosa.

Soraya olhou para nós duas, desconfiada, porém permaneceu com a boca calada, o que é raro.

—Alex mandou passar um recado pra tu. —Sussurrou.

Mordi o lábio inferior amedrontada com as suas poucas palavras. O que será dessa vez?

Continuei calada, esperando receosamente que ela continue.

—Guilherme está morto. —Suas palavras saíram como se eu tivesse levado dez facadas no coração.

Nem mesmo os socos, os chutes e tapas das carcereiras e nem as humilhações de Alex e Rafael me doeram tanto quanto essa noticia.

Neguei com a cabeça sem conseguir falar. Queria saber mais, mas não conseguia perguntar. Soraya pôs a mão em cima da minha e ao olhar para ela que eu percebi que estava chorando descontrolada.

Brenda se levantou despreocupada e antes de ir me olhou com as sobrancelhas erguidas.

—Os passarinhos vão voar daqui uma semana. Tudo já está certo. —Disse se referindo a fuga.

Minha cabeça estava tão atordoada que nem sabia mais o que fazer ou como se preparar.

Meu DEUS! Lorenzo...

Guilherme, ele...

Não, não.

—Tu tá bem Eva? Ei, quem é Guilherme e por que você está chorando?

Meus lábios tremiam junto com as minhas mãos, meu coração estava acelerado e o pulso descontrolado.

Aquele filho da mãe não pode ter morrido, ele não pode...

—EVA MEDEIROS BASTOS, COMPAREÇA AO PORTÃO PRINCIPAL. —A voz irritante de uma das agentes me chamava no microfone.

Um filme do inicio ao fim dos meus momentos com Guilherme passou na minha cabeça e o que era para ser uma linda lembrança se tornou um sofrimento eterno para o meu coração. Não conseguia fazer outra coisa há não ser chorar.

— EVA MEDEIROS BASTOS, COMPAREÇA AO PORTÃO PRINCIPAL. —Insistiu a agente.

—É melhor você ir. —Disse Soraya me olhando de soslaio e largando a minha mão.

Pus-me de pé com certa dificuldade, encostei-me a parada para recuperar o equilíbrio. Depois de tantos meses sem saber de Guilherme e de desejar tudo de ruim pra ele, agora volto a repensar e tenho vontade de socar a minha cara. Ele foi um canalha comigo sim, mas quem não foi?

Ele era o único que fazia meu coração bater de felicidade e foi o único que me concebeu a benção de ser mãe de um garoto incrível e inteligente. Tirando todo o sofrimento de descobrir a sua traição, ainda assim posso dizer que fui feliz ao seu lado. Todos têm o seu lado ruim, porém ele se esforçava o triplo para me mostrar que era bom o suficiente para mim mesmo sem precisar de tanto.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora