Capítulo 70

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Eva narrando

—Acorda princesa. —A voz de Soraya ecoou pra dentro da minha cabeça.

Resmungo ainda de olho fechado e solto um palavrão. Escuto a risadinha de deboche dela e em seguida abro as pálpebras.

Tinha uma carcereira próxima à grade, ela olhava de soslaio vez ou outra pra dentro e coincidentemente nossos olhares ficavam fixos um ao outro.

Dei de ombros.

Só tinha se passado dois dias depois daquele pesadelo com Rafael e ainda assim me sinto tão suja. Sinto nojo até de engolir a minha saliva.

Passo as mãos no rosto e esfrego os olhos tirando o restante da remela. O "café da manhã" havia acabado de ser entregue e antes que eu desfrute do meu delicioso pão duro sou chamada pela carcereira.

Essa era nova. Nunca tinha visto-a nessa ala. Ela provavelmente ficava na área externa da prisão. Além de ser alta, tinha a pele morena e os cabelos presos em coque e dava para ver que eram cacheados, assim como os meus.

—Tem visita. —Disse com frieza.

Só espero que não seja ele. Não aguentaria ter que passar por aquilo de novo. Ele não me penetrou, mas passou a mão no meu corpo constantemente, me causando calafrios incansáveis.

Mordo o lábio, aflita.

—Quem? —Pergunto olhando em seus olhos.

—Não importa quem. Vem logo. —Ordenou.

Ela me tirou da cela e me guiou até a sala de visita. Ao menos era uma visita padrão. Pode ser Cat e titia, ou o meu advogado com alguma notícia boa, só assim para eu recuperar as minhas forças.

Ao passar pela porta e através do vidro impedindo qualquer contato, eu o vi. Ele virou-se em direção a porta, e a me ver seus olhos azuis brilharam e um sorriso cativante me recepcionou.

—Lorenzo! —Gritei eufórica.

Ele provavelmente me gritava, mas eu não o conseguia ouvir sem por o telefone no ouvido. Ele bateu com suas mãos no vidro, vibrando de alegria.

A carcereira tirou as algemas e eu corri pra me sentar, peguei o telefone e ouvi os gritos de alegria de Lorenzo. Ele gritava por mim, uma hora me chamava de mamã outra de Eva, do jeito engraçado dele. 

—Meu amor! —Digo aos prantos. Quando percebi já estava chorando. —Como você está meu filho? Mamãe ama muito você meu filho, mamãe ama muito. —Digo e noto um sorriso crescer em seus lábios.

—Mamã, volta pra casa. —Dizia meio embolado.

Sorri.

Pus a mão no vidro e ele colocou a sua, juntando.

—Logo mamãe vai ir pra casa, meu amor. Falta bem pouquinho! —Minto.

Ele não entende por que estou aqui ou como vim parar nesse lugar tão horrível, por ser um bebê, dependente de mim, é obvio que me deixa de coração partido ao vê-lo implorando para eu ir pra casa com ele.

É de partir o coração.

Minha tia pegou o telefone dele e disse.

—Ele está bem. Apesar de estar comendo bem pouco, mas ainda assim é melhor que nada. Ele está tendo dificuldade pra dormir, hora ou outra grita por você ou pelo pai. Alex, apesar de tudo, está sendo uma pessoa boa ao lado dele. Sempre pega ele lá em casa e dá um passeio pra ele descontrair um pouco.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora