Capítulo 77

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Guilherme narrando

Algumas semanas depois.

—Você está progredindo muito, senhor. —Disse à enfermeira que vivia ao meu lado.

Assenti. Era bom saber que estava melhorando, assim não iria precisar ficar mais tempo nesse hospital.

A única coisa que sei até agora é que ainda continuo na Colômbia, e não fui identificado ainda.

—Tenho que te avisar, antes que você seja pego de supetão. —Disse a enfermeira, novamente. A voz dela me cansava.

Ela puxou a cortina, tampando a visão de outra pessoa.

—Avisaram a policia que o ''homem não identificado'' acordou. —Sussurrou. —Mais tarde a policia estará aqui lhe interrogando, apesar de eu achar muito cedo já que você está fraco demais.

Meu coração se acelerou. A única coisa que eu quero agora é tentar me safar da policia, principalmente nesse estado, mas pelo jeito é quase inegável.

—Que horas vão vir?

—Não sei exatamente, mas por quê? Tem algo a esconder? —Perguntou curiosa.

Nego com a cabeça.

—Minha mulher veio me ver?

Ela torceu a boca, desaprovando a minha pergunta.

—Ninguém veio. Ninguém chamada Eva veio...

—Ou Eloá? —Pergunto esperançoso.

Ela continuou negando e depois saiu. Resolvi perguntar outra enfermeira que não esteja dando em cima de mim, como a que saiu daqui. E mesmo assim, a resposta continuou a mesma. Ninguém com nome de Eloá ou Eva veio perguntar por mim, ou atrás de mim.

Isso me deixa pior do que já estou. Será que esse tempo todo que fiquei em coma, Eva não teve coragem de ir atrás de mim, independente se alguém iria reconhecê-la ou não? Que tipo de ''amor'' é esse que ela dizia sentir por mim?

Respiro fundo e tiro aqueles negócios do meu peito, retiro a agulha da minha veia e o soro. Ponho-me de pé, mesmo com dificuldade, já que fazia anos que não andava. Era como se eu desses meus primeiros passos agora. Minhas pernas tremiam e meu corpo não aguentava. Respirei fundo e tentei mais uma vez. Aproximei-me da janela, que por sinal estava entreaberta. Fiz um pequeno esforço e a abri de vez, e mesmo sendo difícil pulei da janela e consegui parar no chão sem me machucar mais do que já estava. Estava chovendo e fazendo muito frio do lado de fora.

Continuei não me importando com os contratempos, andei pelas ruas mais rápido que podia. Cada carro que passava eu pedia carona e depois de vários me rejeitando, finalmente, parou um.

—Tá indo pra onde caubói? —Perguntou o motorista de um caminhão.

—Medellín. Pode me levar, senhor?

—É só subir.

Assim fiz e ele deu partida.

—O que aconteceu? Tá fugindo do... hospital?

Neguei com a cabeça e assoprei minhas mãos, aquecendo-as.

—Preciso ir atrás da minha mulher. —Só conseguia pensar nela e quais desculpas ela iria dá para a sua negligencia.

—Brigas de casais? Disso eu entendo. —Sorriu amigavelmente.

—Talvez...

***

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora