Capítulo 68

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Eva narrando

—Cela quatro, Marta. -Avisou uma outra agente penitenciária.

Fui empurrada pelas costas em um único empurrão, logo estava atravessando a grade que me manterá longe de tudo que eu amo. As paredes pareciam fechar sobre mim e uma onda de pânico me ocorreu. Um filme passou na minha cabeça, daqueles que tem terror de início ao fim, e todos os meus pensamentos me levava ao meu filho e no seu bem estar. Ficarei um bom tempo nesse lugar feio e fedorento e sabe Deus quando irei sair. Soube que meu julgamento será daqui a duas semanas. Rafael está mexendo os "pauzinhos" para eu ficar presa por longo tempo, ficar bem longe de todos que eu amo.

—Ande logo detenta. -A voz rude daquela mulher me arrepiou dos pés à cabeça.

Foi isso que me tornei, uma detenta igual a todas que estão aqui.

Enquanto caminhava, as prisioneiras ficavam agitadas, muitas delas riam e me ofendia com palavras de baixo calão. Outras me olhava com desdém, era como se eu realmente nem estivesse ali.

—Se afastam detentas. -Gritou a mulher, me assustando.

—Vai colocar mais uma aqui? Aqui já está lotado. Que merda, coloca essa cuzona em outro lugar.

A mulher que se revoltava, causava mais revoltas e indignação com as outras, tinha uma aparência horrível. Além de gorda, tinha um cabelo amarrado em um coque e os dentes tinha um tom amarelado.

—Carne nova na área, pessoal. -Gritou uma das detentas de outra cela. —Aproveitam meninas, essa tem cheiro de bebê. -Disse rindo.

Nem quis olhar para trás, dei dois passos para frente e entrei de uma vez na maldita cela e foi pior que eu imaginei, além de ser horrível, tinha um odor de merda. Tranquei a respiração e olhei ao redor, contando comigo era seis mulheres ali, dentro de uma cela minúscula e úmida. Ficava três beliches e quase todas estavam ocupada, menos uma, a de cima, perto da parede.

—Sua cama é aquela ali, boneca. -Ouvi a voz irritante de uma das detentas, ela parecia ser mais nova, porém tinha um jeito meio "caminhoneira", da pior forma possível.

Assenti e pus o meu edredom e os produtos de higiene em cima da minha beliche. Ouvia os murmúrios irritantes das detentas, e elas tentava adivinhar por que estava sendo presa. Qual era a minha culpa.

—Essa tem cada de que roubou pão. -Balbuciou uma delas, e logo se ouvia as gargalhadas exageradas das restantes.

A única que não murmurava e não me olhava, era uma mulher um pouco mais de idade, tinha uns cabelos grisalhos, lisos e bem penteados em um rabo de cavalo, sua pele tinha um tom escuro e ela permanecia calada mesmo com tanta agitação. Pra piorar a minha situação, era com ela que eu iria dividir a beliche. Que maravilha.

Olhei para a direção do vaso sanitário e meus olhos sangraram ao ver a nojeira que era aquilo.

—Então princesa, por que foi presa? -Indagou a mesma que parecia caminhoneira. Ela tocou na mexa do meu cabelo com um sorrisinho malicioso no rosto. -Vai ficar muito tempo aqui?

Desvencilhei-me dela e a olhei com tanto ódio que a mesma se afastou de mim.

Continuei calada, observando cada uma delas com aparências tão distintas.

—Calma boneca vou dar um trato em você. -Disse a caminhoneira.

—Se você tocar em mim, eu quebro a sua cara. -Digo com a mandibula cerrada.

—Vai com calma meninas, essa aí tem que ser lapidada. -Ouvi a voz de uma outra detenta na cela da frente, pendurada na grade.

Me aproximei da cela, com as mãos segurando firme aquelas barras de ferro, senti uma faca me perfurar diversas vezes ao perceber que de fato estava naquele lugar asqueroso e que meu esforço de fugir não adiantou de nada. Essas mulheres me aterrorizam e me dá agonia e receio. Com certeza não irei dormir hoje.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora