Capítulo 73

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Eva narrando

Não sei exatamente quantos dias se passaram ou se foram semanas, mas o tempo que fiquei na solitária foi o suficiente para eu pensar e provavelmente enlouquecer de certa forma. Pensar sozinha e conversar sozinha são coisas horríveis, no entanto, tive tempo para pensar e tomar uma decisão sobre o meu futuro. Estava sendo levada para a minha cela de volta depois de tanto tempo e tudo parecia continuar a mesma coisa.

Respirei fundo, aliviada. Uma coisa que eu nunca pensei em fazer era agradecer por voltar a minha cela, mas aqui estou eu, indo para a cela aliviada por estar voltando.

—Olha quem voltou... —Disse umas das detentas da outra cela.

—Pensei que tinha morrido. —Comentou a outra.

Senti saudades até dos comentários negativos dessas vacas.

—Gostou da solitária, Eva?

Dei de ombros e entrei para a minha cela. Sandra deu um pulo da cama a me ver. Abracei-a e em seguida Soraya me abraçou também. Até retribui.

—Vai ser hoje. —Sussurrou Sandra.

O quê?

Franzi a testa mal sabendo do que ela estava falando, depois de olhar melhor a sua expressão, fiquei boquiaberta.

—Quantos dias se passaram? —Alternei o olhar para as duas.

—Quatro dias. —Falou Soraya. —Deu sorte, teve gente que já ficou duas semanas. —Ela bateu de leve no meu ombro.

Quatro dias que pareceram semanas para mim.

—Você tem que estar pronta. —Avisou Sandra.

—Então vocês vão mesmo? —Perguntou Soraya.

Sandra acenou com a cabeça, concordando. Soraya ficou cabisbaixa, pôs a mão no bolso e negou com a cabeça.

—Eu não vou. —Digo finalmente a minha decisão.

Vai ser melhor assim. Estou consciente de que falta muito para eu sair desse inferno, mas quanto mais eu tentar fugir ou esquecer mais ficarei presa ao passado e nunca poderei dá um passo a frente. Nunca poderei ter uma vida normal com o meu filho se continuar fugindo e tudo que não quero agora é voltar para o Alex, viver sob as suas regras e se por acaso eu tentar mudar isso, ele faria coisas piores do que já passo por aqui.

—O quê? Por que não Eva? —Indagou Sandra, segurando os meus braços.

Soraya sorriu.

—Eu não quero ir. Preciso cumprir a minha pena...

—Pra quê? Vai continuar vivendo nesse inferno Eva...

—Meu filho preciso de mim Sandra, agora ele só tem a mim e o que eu menos quero é ter que fugir com ele pra ficar longe dessa merda toda. Ele é uma criança e não merece ter que ficar passando por essa confusão toda que se tornou a minha vida. Por isso decidi cumprir essa pena e sair daqui de cabeça erguida.

—Vai cumprir com uma pena sendo que tu nem é culpada?

—Infelizmente, sim.

Ela nega com a cabeça e me solta, parecia estar nervosa ou algo parecido. Subo para a minha cama e me deito, viro-me para parede olhando para a fotografia de Lorenzo e quanto mais olhava para aquela fotografia mais certeza tinha de está tomando a decisão correta.

***

Já era noite quando acordei, e pelo jeito a rebelião havia começado. Dava para se ouvir os gritos das detentas de todas as celas. Olhei para baixo e algumas das companheiras de celas estavam batendo as canecas na grade, fazendo maior barulho.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora