Eva narrando
Algumas semanas depois...
—Mãe! —Lorenzo me gritava, enquanto desengonçadamente tentava tirar a chave do portão de dentro da bolsa. Minhas mãos estavam ocupadas pelas sacolas de mercado e, Lorenzo, não cooperava muito a me ajudar. —Você prometeu que iria me levar na loja de game.
Lorenzo vem pedindo há semanas para ir à loja de game que abriu faz pouco tempo e desde então ando prometendo, mas no final acabo não arranjando tempo para leva-lo, o que é uma droga, já que havia prometido. Essas semanas que se passaram me serviram para ajudar no serviço comunitário, comparecer no fórum e finalmente ficar livre de uma vez, e também me organizar para a mudança. Tudo está de cabeça pra baixo, porém aos poucos vou consertando, mas é difícil quando se é mãe sozinha e tem que ser ''pai e mãe'' ao mesmo tempo.
—Eu sei meu pinguim, mas primeiro temos que subir com as compras e depois...
—Mas você disse que seria agora! —Exigiu.
Ele está cada vez mais parecido com Guilherme, até no jeito mandão. Acho que joguei uma pedra bem grande na cruz.
Olhei para ele, suspirei fundo e abri um sorriso.
—Sim, eu sei. Por isso vamos colocar as comprar pra dentro e depois do almoço iremos, pode ser?
Ele se emburrou, cruzou os braços acima do peito e bateu o pé no chão.
—Sem pirraça, Lorenzo. E sem choro. Eu já disse que iremos...
Uma lágrima escorria dos seus olhos verdes, e um bico contrariado surgiu em seus lábios. Mordi o lábio e achei a chave do portão.
—Ora ora.. —Aquela voz de cretino castrado surgiu atrás de mim.
Revirei os olhos e logo o meu pinguim segurou o me braço, amedrontado. Depositei um beijo acima da sua cabeça e finalmente, cruzei o meu olhar com o do desgraçado filho da puta.
—O que você quer?
Ele me olhou de baixo para cima e depois para o meu filho. Suas mãos estavam escondidas no bolso da calça. Não sei se é porque não o vejo há muito tempo, mas ele parecia mais alto e mais forte, não que eu tenho medo, só que vê-lo assim chega dá certo arrepio.
Pensei que nunca mais ele iria ter a coragem de me procurar ou falar comigo, ora, que burrice. Rafael é persistente, infelizmente, igual a sua falecida irmã. Nem consigo acreditar que um dia me deitei com esse homem por vontade própria. Só de pensar meu estômago embrulha.
—Vi ver como está minha querida amiga... —Ele fez questão de enfatizar à ''amiga'', ironicamente.
Abri o portão com dificuldade, por conta das sacolas e do Lorenzo que grudou no meu braço, mesmo estando emburrado.
—Não vai me cumprimentar?
Continuo calada. A melhor forma de fazer com que ele saia de uma vez da minha vida é dando o silêncio para esse monstro.
—Vamos subir logo mamãe. —Pediu Lorenzo.
Por fim, consegui abrir o portão e logo Lorenzo adentrou. Dei um passo à frente e quando ia dar outro, fui impedida por Rafael que segurou o meu braço, apertando.
—Dá pra tirar essa pata de cachorro vira-lata de mim? —Trinquei os dentes, furiosa.
Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.
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OPERAÇÃO NO MORRO
RomanceEva? Uma mulher forte, determinada e orgulhosa. Está na luta para banir o tráfico no complexo do alemão. Não gosta de bandidos e fará de tudo para deter cada um deles. Guilherme? Um homem guerreiro, gerente do tráfico do complexo do alemão, braço d...