Capítulo 54

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Guilherme narrando

Sai o quanto antes de casa, não aguentava mais ouvir os sermões de Eloá...ou Eva. Caralho. Odeio ficar nessa indecisão de qual nome vou chama-la. A única certeza que tenho é que ela sempre será a minha demônia, querendo ou não.

Já estou com a cabeça fervilhando de problemas. Vim para Colômbia achando que iria ficar longe das ameaças de Alex ou até mesmo do filho da puta do tal Rafael. Engano meu!

Esses anos todos Alex me enviou cartas ameaçando a mim e a minha demônia e eu fiz de tudo para que a Eva não visse nenhuma dessas mensagens e foi difícil. Tive até que agir como um idiota com ela só pra esconder as porra das cartas. Desde que soube que a gravidez dela poderia ser de risco fiz o impossível para mantê-la a salva e a único jeito era entrando novamente no tráfico, nem de longe isso me agrada, agora estou revivendo tudo que ja vivi ao lado de Alex quando gerenciava o complexo do Alemão.

Bato com força no volante e apoio a cabeça no mesmo.

Queria fazer tudo diferente para a minha demônia. Eu devia ter cumprido com a promessa que fiz para a tia dela, de sempre protegê-la, não que eu não esteja fazendo isso, mas estou fazendo da pior maneira. Agora tenho duas vidas preciosas para cuidar. Sou tão sortudo por ter a minha demônia e o meu filho, que nunca pensei que teria, nem mesmo em meus sonhos. Não sei se sou sortudo ou se Deus me ama mesmo por ter me dado uma família que jamais pensei que teria.

Encosto-me no banco do carro e suspiro fundo. Vislumbro a tela do meu celular e vejo a foto de Eva dormindo com o nosso pinguim. Sorri.

-Sou um homem muito grato. -Digo com um sorriso de canto.

Passo a mão no pescoço e volto a lembrar da discussão que tive com a minha demônia e tudo por causa dela...

Conheci a Daya através de Pablo Enrico, ela é sobrinha dele, talvez a mais querida por ele. De cara a menina se encantou por mim, começou a ir em todos encontros que tive com Pablo em sua casa. Devo admitir que ela é bonita, apesar de ser jovem de mais. Ela se ofereceu para mim como se fosse um produto e Pablo parece incentivar a menina fazer isso, como se ele não soubesse que sou comprometido. Ele e Eva não se dão bem, ela deixa bem claro que não gosta dele nem um pouco. Deve ser recíproco então.

Ontem tive que ir a casa de Pablo, ele deu uma festa para os seus companheiros que acabara de sair da prisão e não faltou mulher para cada um deles. Eu só fui para marcar presença para não dá justificava a Pablo depois. Ele é um homem perigoso e completamente insano, mas ele me ajuda a me esconder aqui e alivia a barra quando a polícia tenta xeretar mais do que deve. Por sorte ele não sabe quem realmente era Eva antes de vir a Colômbia e nem penso contar.

Assim que tentei ir embora, ele me convenceu a ficar. Eu realmente não sei o que aconteceu. De repente fiquei tonto e com a visão amena. Só acordei na madrugada ao lado de Daya, ela estava nua. Eu saí de lá antes mesmo dela acordar e dizer oque eu não queria ouvir.

Eu não queria acreditar que eu havia traído a Eloá... Eva.

Nego com a cabeça, só de pensar na possibilidade.

Eu sei que estou a tratando com indiferença, mas eu a amo mais do que a mim mesmo e não quero acreditar que a traí. Ela nunca me perdoaria...

Vai me odiar para sempre.

Mordo o lábio e bato mais uma vez no volante.

OPERAÇÃO NO MORROOnde histórias criam vida. Descubra agora