Capítulo 13

2K 204 52
                                    

Marcelo Menezes.

Na tarde seguinte, depois de muito aporrinhar o delegado para me deixar acompanhar o interrogatório à irmã do Jonas Morgado, entro na sala para onde a haviam levado.

Faço um aceno com a cabeça para o Ferreira, que me indica uma cadeira próxima a ele e a uma mulher de meia idade. Era uma senhora magra, cujos cabelos grisalhos estavam presos no alto da cabeça. Ela tinha uma aparência cansada e incrédula, como se não acreditasse que estivesse realmente numa delegacia. Ainda assim, olho para ela e repito o aceno enquanto me largo na cadeira vazia.

─ Boa tarde ─ digo, ao que ela mal me olha, provavelmente porque está se perguntando que diabos estou fazendo ali também.

Me questiono se por acaso ela sabia que fui eu quem havia atirado e matado seu irmão.

─ Vamos lá, dona... ─ Ferreira hesita diante de alguns papéis. ─ Amélia Morgado. A senhora é irmã legítima e mais velha de Jonas Morgado, de 37 anos, solteiro e residente em São Paulo ─ ele diz devagar. Ela assente. ─ Há dez dias, seu irmão invadiu uma agência bancária a dois quilômetros daqui, no intuito de um pequeno acerto de contas com este policial ─ ele aponta para mim. Amélia continua impassível. ─ Fez de refém uma jovem de 19 anos, atingiu-a com uma coronhada, foi baleado e faleceu no local. A senhora está ciente desses fatos?

Cravo meus olhos nela, que permanece com as mãos cruzadas no colo, olhando para o Ferreira solenemente. Depois abre a boca e diz tão baixo que mal consigo ouvir:

─ Sim, senhor.

Ferreira, que esteve segurando o pequeno gravador nas mãos, o coloca de lado e pega os papéis, provavelmente relendo as perguntas ali dispostas.

─ Como julgaria sua relação com o mesmo?

─ Não tínhamos muito contato. Na última vez que o vi, ele estava saindo da cidade. Não sei porque, nem com quem, mas sei que não foi sozinho. Também não sei para onde foi. Isso foi há mais de oito meses.

Hm... Pelos meus cálculos, a essa altura Richard Trajano já estava morto.

Ferreira assente e continua:

─ A senhora sabia ou desconfiava do envolvimento do mesmo para com o crime?

Ela tirava e coloca uma aliança no dedo, nervosa.

─ Desconfiava.

─ Por quê? ─ Ferreira devolve de bate-pronto.

Ela respira fundo.

─ Porque ele nunca trabalhou na vida. E sempre teve dinheiro. Também andava com gente de má índole quando mais novo. Não me surpreendi nem um pouco ao saber que havia sido morto.

Ferreira assente outra vez e mexe nos papéis.

─ Jonas possuía algum parente além da senhora?

─ Sim, mas não aqui. Sou a única pessoa que pode depor, se é o que o senhor quer saber.

Certo, Helen havia dito a mesma coisa.

─ A senhora conhecia ou desconfiava de para quem Jonas trabalhava?

─ Não, senhor.

─ E quanto a amigos?

Ela hesita, olhando para a aliança. Parecia pensar a respeito.

─ Já o vi uma vez acompanhado.

─ Acompanhado de quem? ─ Eu pergunto. Ah, merda. Ferreira olha para mim devagar. ─ Desculpe.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora