Marcelo Menezes.
— Dan, eu nem sei por onde começar, eu...
— Olha, eu não te deixei entrar aqui pra você começar a enrolar.
— Eu sei, eu só... Preciso te pedir desculpas. Não é o suficiente, nem nunca vai ser, mas eu realmente me arrependo de ter feito isso com você. Eu fui um filho da puta de um otário e se eu estivesse no seu lugar, com certeza teria me socado muito mais.
— Não me dê ideia.
— Não, não. O soco de ontem já está bom — digo, apontando para o curativo na minha cara. Ele olha por três segundos - o que é suficiente para nascer um sorriso de canto em seu rosto -, parecendo que não tinha reparado antes. Com certeza estava concentrado demais em não me socar o outro olho para se atentar a esse mero detalhe.
— Não vou te pedir desculpa por isso.
— Sei que não. Nem estava esperando — minto. O que eu estava esperando mesmo era que ele já conseguisse olhar na minha cara de novo e me chamar de fanfarrão.
— Estava sim, eu te conheço. Ou conhecia.
— Qual é, cara. Eu sou o mesmo, eu só...
— Então você sempre foi um filho da puta traidor e eu não sabia?
Engulo em seco, sabendo que merecia o termo.
— Eu nunca traí ninguém, você sabe disso. Não me orgulho de ter feito isso com você. Mas aconteceu, já foi. Helen e eu estávamos bêbados quando tudo rolou. Não vou colocar a culpa na bebida porque se eu não quisesse, não teria feito de qualquer forma. O fato é que eu quis — ele assente, dando uma risada irônica.
— Você sempre a quis, Marcelo. Aquela conversinha de "não estou mais interessado porque ela me deu um toco" sempre foi mentira.
— Não é verdade. Eu realmente havia desistido porque 1- não gosto de levar dois tocos da mesma pessoa e, 2- você é amarradão nela. Mas isso não significa que o interesse deixou de existir.
Ele aperta os punhos, ainda me olhando com aquela cara de vou-te-matar.
— Dan, eu vim aqui pra me explicar e ser cem por cento honesto com você. Vamos resolver isso como homens.
— Resolver? Me diz o que vamos resolver se, quando eu voltar para a delegacia, você vai estar com a porra da sua língua dentro da boca dela.
— O quê? Não, não. Nós não estamos juntos. Não vai acontecer de novo — digo, tentando parecer convincente. Eu não estava mentindo completamente, porque realmente não sabia se iria rolar de novo. Seria difícil beijar a Megan sem imaginar outro soco de Daniel. E além do mais, ainda tinha a Bianca, que estava cada vez mais presente em minha vida e não é como eu não estivesse gostando. — Nós conversamos depois de... Enfim. Ninguém comenta sobre o assunto, vivemos nossa vida normalmente como sempre foi.
— E aquilo na delegacia foi o quê? Viver normalmente?
— Foi uma recaída, nada demais — dou de ombros, ao que ele ri de novo, se levantando me dando as costas. Agora era uma boa hora em que ele poderia meter a mão na minha cara, por isso fico atento. Sei lá, vai que ele não desistiu da ideia ainda. — Eu só quero que você não me odeie ou finja que eu não existo mais no trabalho. Somos amigos.
— Amigos não traem.
— Eu sei. Me desculpa ─ falo pausadamente. Essa era o quê, a septuagésima vez?
Ele se vira para mim de novo, agora com um olhar cansado.
— Olha, discutir com você não vai fazer você se arrepender de ter transado com ela, muito menos voltarmos no tempo. Até porque você teria feito tudo igual. Então só... Vai embora. Entendi que você se arrepende apenas de ter feito isso comigo, nada mais. Por isso, vamos só manter uma relação saudável no trabalho e ver onde isso vai dar.
O encaro por um tempo, sem saber o que falar. Perder a amizade de Daniel não era algo para qual estava preparado.
Eu mereço? Mereço. Mas não vou aceitar assim tão fácil.
— Te entendo. Precisamos deixar a poeira baixar. De qualquer forma, obrigado por me deixar falar.
Ele assente, pensativo.
— Você sabe que se pensar bem, eu não fui o único a ser traído por você, né?
— O que quer dizer?
— O seu lance com a Bianca não é nada sério, mas você acha que ela continuaria se encontrando com você se soubesse disso?
— Claro que sim. Quer dizer... Nós não namoramos nem nada, só nos vemos às vezes. Ela entenderia — digo, não convencendo nem a mim mesmo. A verdade era que não me permitia pensar sobre o assunto, porque sabia que chegaria a conclusão que a loirinha me odiaria pra sempre. E eu não gostava de imaginar isso.
Daniel dá uma risada triste, balançando a cabeça.
— Parece que eu conheço a Bianca mais do que você mesmo. Se você acha isso mesmo, devia contar pra ela. Ser honesto. Você já esconde coisas o bastante dela.
Assinto, sentindo o peso dessas palavras em mim.
— Valeu pelo conselho — respondo, irônico. E sim, eu sei que eu não deveria usar de ironia em momento algum dessa conversa, mas não resisti. — Vou indo antes que você decida que agora é uma boa hora pra terminar o serviço na minha cara.
Ele ri sinceramente pela primeira vez no dia, e eu quase sorrio de volta. Um ponto pra mim.
— Some daqui, Menezes.
Sorrio, passando por ele para ir embora. Quando estava do lado de fora da porta, o ouço dizer:
— Você sabe que eu te odeio, né?
— Sei sim. Vou esperar pelo dia que você volte a me amar — brinco, meio em dúvida. Não sabia se podia usar de tons brincalhões com ele ainda. De qualquer forma, fecho a porta em seguida, sem tempo de ver sua cara.
— Espera sentado! — o ouço gritar lá de dentro e eu dou risada, indo para meu carro muito mais leve de que quando saí dele.
*****
Oi gente linda! Como vocês estão?
Nós estamos bem <3Marcelo perde o amigo mas não perde a piada nunca hahhaha
Será que essa amizade volta a ser como era antes? :( Vamos esperar pra ver!Esperamos que tenham gostado do capítulo!
Não esqueçam de votar e comentar o que acharam.
Um ótimo fim de semana, se cuidem e até o próximo!
Gatália
04/05/2017
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Amor em Risco (COMPLETO)
RomanceMarcelo Menezes é, além de um policial aplicado, um completo conquistador. Não só no quesito amoroso, mas em qualquer um deles. Extrovertido, atencioso e protetor daqueles que ama, ele dificilmente faz inimigos por onde passa em sua vida pessoal - d...