Capítulo 26

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Marcelo Menezes.

Tudo bem, fui idiota. Fui, não fui? Certo, por quê? Não sei. Eu simplesmente não esperava dar de cara com a Bianca.

Eu sabia que ela era estudante de jornalismo, filha do cara do Página Zero e tudo o mais, mas... Sério? Ter que encontrá-la ali, naquela bagunça que havia se tornado a cena do crime, tomando notas num bloquinho e parecendo perdida – e até assustada, devo dizer -, fez meu lado protetor vir à tona. Que porra o pai dela tinha na cabeça para mandá-la para um lugar onde houvera um assassinato há quarenta minutos? Depois de tudo o que aconteceu com ela há pouco mais de um mês?

Definitivamente, era difícil dizer. E para piorar a coisa toda, Helen havia se teletransportado para o meu lado bem na hora em que eu tentava, sei lá, mandar a Bianca chispar dali. E de repente a cena me pareceu estranha demais: Helen e Bianca trocando olá, tudo bem?, peguei o Marcelo, eu também. Ah...

(...)

Depois que a multidão se dispersou e o local foi devidamente interditado com fitas, só havia restado eu, Ruan, alguns outros repórteres e pessoas que passavam perto só para bisbilhotar. Tudo de repente estava silencioso demais.

─ Vou acompanhar o IML. Você alerta a central? ─ ouço Ruan perguntar de algum canto atrás de mim.

Assinto, dando a volta para entrar no carro. Toco em seu ombro ao passar.

─ Vou voltar para o DP com as informações. Liga se tiver novidades.

Ele assente e vai até o seu carro, parado não muito longe dali.

No caminho, paro num cruzamento por tempo o suficiente para ver um Fox branco estacionado na parte de trás de uma cafeteria. E, embora a cena com Bianca não tivesse saído totalmente da minha mente, ver o carro ali a traz de volta com força total. Tudo bem, podia não ser o carro dela, mas podia ser. Ela podia estar ali e, bem, eu poderia me desculpar pelo mal jeito.

Sendo assim, faço o contorno e paro a viatura na vaga ao lado. Dou uma espiada para dentro, esperando encontrar um lixeiro cor-de-rosa. Mas não havia nenhum ali, nem mesmo uma baguncinha para que ficasse claro que o carro poderia ser dela.

Entro na cafeteria e procuro por alguma cabeça loira, mas não encontro nada. Só percebo que estou há um tempo fazendo aquilo e que sim, isso não é normal, quando uma funcionária para ao meu lado e cochicha:

─ Senhor, está procurando alguém?

─ Ah, não ─ me apresso em dizer. ─ Ninguém. Desculpe. Eu só... Preciso de um café ─ digo, forçando um sorriso.

Ela assente, não antes de franzir a testa, e me indica o caixa, no momento sem filas.

De volta à viatura, copo de café na mão, tento equilibrá-lo entre as pernas para que eu possa manobrar o carro e sair do estacionamento. Já na rua, começo a pensar em que merda exatamente passou pela minha cabeça quando eu me enfiei numa cafeteria e comecei a procurar pela Bianca. O que diabos eu ia falar? "Ah, foi mal ter sido um idiota com você. Quer um café? Eu pago."

Sério, havia alguma coisa errada comigo.

Ouço o meu celular tocar em algum canto do carro. Dou uma olhada no painel à procura dele, e o encontro enfiado no porta-copos, onde deveria estar o meu copo no momento. Reduzo um pouco a velocidade e tiro os olhos da rua só por tempo suficiente para que eu pudesse ler a mensagem na tela do celular. Era da Nina e dizia...

Um ganido agudo me faz desviar o olhar de volta à rua e, num piscar de olhos, todo o carro é sacudido. Sou projetado um pouco para a frente, juntamente do café, que tomba para o lado e molha toda a minha coxa. Um berro feminino corta o ar e eu solto uns cinco palavrões num só segundo. Puxo o freio de mão e paro por um momento, tentando entender o que havia acontecido. Puta que pariu! Eu havia enfiado o carro num buraco. Ou, sei lá, atropelado alguma coisa. Uma pomba ou...

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora