Capítulo 53 (mini)

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Murilo Trajano.

─ ...coisa não muito boa. Eu sei que é difícil acreditar, mas... ─ um barulho alto estala em meu ouvido, algo muito parecido com alguma coisa caindo no chão. O celular dela, talvez. ─ Bia?

Os barulhos seguintes, embora ainda indefiníveis para mim, me fazem arrepiar da cabeça aos pés. Sem entender nada, vejo o pavor me invadir quando um grito preenche o silêncio que se deu por um segundo. O grito de Bianca.

─ Bianca? ─ grito, sentindo minha garganta fechar e a cabeça pesar. Nem chego a notar o momento em que pisei fundo no acelerador, mas quando me dou conta, já estou bem a cima da velocidade permitida da via, cortando os carros em disparada tentando chegar em casa o mais rápido possível. ─ Bia? ─ pergunto mais uma vez, debilmente.

Aquele fiozinho de esperança de que talvez ela só tivesse levado um susto com alguma coisa, ou talvez tivesse sido assaltada, mas completamente bem em frente ao nosso portão, estava quase se partindo. Eu não sentia mais, mas meus dedos apertavam o volante de forma brusca e eu estava tão cego de pavor que não entendia ao certo como continuava enxergando o trânsito tão bem.

Provavelmente nunca cheguei tão rápido em casa como hoje, apenas para saltar atrapalhado do carro e encontrar a cena que minha mente se negava a imaginar: chaves caídas no chão em frente ao nosso portão semi-aberto, um celular com sua habitual capinha de silicone vermelha no chão, tela quebrada e um Fox branco do outro lado da rua com a porta do motorista aberta, motor permanecendo ligado, esperando por sua condutora. Que não estava ali. Em lugar nenhum. Minha irmã, aquela criaturinha indefesa de meio metro de altura e cabeleira loira, não estava ali.

Seu grito de pavor ecoa repetidamente em minha cabeça novamente por alguns longos minutos que se passaram, enquanto eu tentava me manter de pé ao mesmo tempo que ligava as seguintes palavras mentalmente:

Bianca. Havia. Sido. Sequestrada.

(...)

Depois de finalmente parecer recuperar os sentidos, guardar o carro de Bia e pegar seu celular e suas chaves caídas no meio da calçada, volto para meu carro, tentando dirigir de volta ao jornal sem causar nenhum acidente, dada a velocidade e ao meu estado.

Entro no prédio do jornal e subo as escadas em disparada para encontrar meu pai em sua sala no quarto andar. O elevador demoraria tempo demais.

Passo reto por sua secretária, que me grita algo do tipo "seu pai não quer ser incomodado". Ele nunca queria.

Abro a porta a tempo de vê-lo de pé, muito consternado, segurando o celular no ouvido. Ele olha para mim, aparentemente segurando a respiração, e faz um sinal para eu ficar quieto. Depois praticamente num sussurro, completa, como se acreditasse só por um instante que eu não pudesse ouvi-lo:

Não faça nada estúpido.

E então desliga. Quando nossos olhos se encontram novamente, percebo que não havia restado nem um único traço do homem espumando de raiva que eu havia deixado pouco tempo atrás. Meu pai estava pálido, sua expressão assustada, os olhos brilhando.

Eu provavelmente estava parecidíssimo.

─ Você já sabe? ─ ele pergunta com o que restava de voz antes que eu possa dizer qualquer coisa.

─ Eu estava com ela no telefone quando a pegaram. Eu ouvi o grito dela, pai.

Seu rosto se contorce em dor e ele soca sua mesa repetidas vezes, fazendo alguns objetos caírem no chão.

─ Como eles puderam...

─ Como você soube?

─ Aparentemente eles não estão muito a fim de perder tempo. O sequestrador acabou de me ligar.

─ O quê? ─ grito, chegando perto dele. ─ Já? Como... O que eles falaram? Querem dinheiro? Porque eles não levaram o celular dela, o carro ou as chaves da nossa casa, pai. Quem quer que seja, acho que não está interessado em dinheiro exatamente.

Ele abre a boca para responder, mas então lembro de suas últimas palavras antes de desligar a chamada quando cheguei.

─ O que diabos o senhor tem na cabeça de falar "não faça nada estúpido"? Você estava dando ordens para um sequestrador?! Tá ficando caduco?

─ Eles me pediram dinheiro, Murilo. E uma quantia alta o bastante para comprar mil carros iguais ao da Bianca. Agora fique quieto e me deixe pensar!

Dou um passo pra trás, precisando de alguns segundos para processar a informação. Não era possível que isso estivesse mesmo acontecendo, era?

Toda a conversa que tive com Marcelo alguns dias atrás borbulha em minha cabeça. Uma quadrilha foda o ameaçando há meses. Ele desconfiando da minha família. Nos investigando. E agora alguém simplesmente sequestra minha irmã querendo... dinheiro? Isso fazia sentido?

─ Preciso ligar para o Marcelo ─ diz meu pai de repente.

─ O quê? Pai... não é arriscado? Eu sei que ele é policial, mas...

─ Vou fazer o que for necessário pra recuperar minha filha, Murilo. Marcelo já está acostumado; vai saber o que fazer e como fazer muito melhor do que nós dois ─ ele vasculha o celular por alguns instantes, nervoso, mas então me olha de novo: ─ Você tem o número dele?

(...)

Oi, gente! Já confundimos a cabecinha de vocês? hahaha
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Nos vemos na terça feira, tá? Fiquem bem e bom finzinho de domingo pra todo mundo ❤️

Beijos,
Gabriela e Natália
03/02/2018

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora