Capítulo 76

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Marcelo Menezes.

Três meses depois...

Muita coisa havia acontecido nos últimos meses.

Para começar, eu havia me tornado praticamente um homem casado. Não que eu tivesse feito o clássico pedido de Casa Comigo? extremamente cafona ao qual vocês estão acostumados. Eu só disse... hm... Vem Morar Comigo. É completamente diferente.

- Minha mãe pediu o divórcio - Bianca havia dito certo dia ao chegar no meu apartamento. Se sentou no sofá e deu um tapinha na perna num claro convite a Bartô, que não pensou duas vezes e já pulou em seu colo. - E também colocou a casa e praticamente todos os bens do meu pai para vender à preço de banana.

- Uau. Comunhão de bens é um negócio dos deuses, não é não?

Bi continuou a falar, sem dar muita atenção ao meu comentário.

- Ela está deprimida, é claro... mas garantiu que não ficaria assim para sempre. Quero dizer, meu pai mentiu para ela por anos. Não é a toa que ela queira se ver livre das coisas que ele conseguiu através de um dinheiro sujo.

- E aonde é que vocês vão morar, afinal? - eu havia perguntado.

- Ela ainda está vendo. Murilo tem planos de se mudar para o exterior daqui alguns meses. Estudar, ser DJ como ele sempre quis, sabe? Ele está muito feliz que pode finalmente largar o emprego no jornal, então não precisamos de uma casa grande... acho que ficaríamos bem num apartamento.

Bartô mordia e babava na mão de Bianca, imensamente feliz que ela finalmente tivesse chegado. Minutos depois, ela se levantou e foi até a cozinha. Eu a segui e a observei por um tempo. De chinelos, vestido largo e cabelo preso, Bianca parecia ter amadurecido anos em apenas algumas semanas. Quando terminou de lavar as mãos, ela abriu a porta da geladeira e se agachou para pegar algumas coisas na gaveta. Depois se levantou de novo e fechou a porta com o quadril, completamente alheia a minha presença ali.

Eu nunca havia a achado tão bonita quanto naquele momento.

E pensei: eu poderia vê-la completamente à vontade daquele jeito pelo resto dos meus dias sem reclamar.

- Ei, pequena - falei. Ela me olhou, curiosa. Uma mecha de seu cabelo caiu sobre o olho claro. - Você podia vir para cá.

- Para cá onde? - perguntou ela, colocando as coisas sobre o balcão. Seu olhar permanecia sobre mim, agora um pouco preocupado.

- Para cá, Bi. Minha casa - falei e então achei melhor explicar: - Você pode ficar aqui, sabe, dormir e acordar. Todos os dias. Comigo e o Bartô.

Ao mencionar seu nome, Bartô irrompeu cozinha adentro. Erguendo-se nas patas traseiras, ele se apoiou nas pernas de Bianca e choramingou por algum petisco.

- Mas eu vivo aqui, amor. Tenho mais roupas minhas no seu guarda-roupa do que no meu quarto - ela sorriu, cortando alguma coisa e a jogando em direção ao chão. Bartô a agarrou. Seu rabo mexia de um lado para o outro... Bianca era a pessoa preferida dele.

- Eu sei, pequena, mas não é oficial. E você podia se mudar. Oficialmente - falei. Ela estreitou os olhos. Revirei os meus. - Qual é, Bi. Você quer que eu faça um pedido de joelhos?

Ela riu com gosto.

- Não é necessário - e então abandonou os legumes que cortava e se virou para mim. Suas mãos envolveram o meu pescoço. - Você quer que eu venha morar com você?

- É, loirinha. Mas se você me odiar e sentir vontade de me jogar da sacada, você pode voltar para a casa da sua mãe. Senão, você pode ficar. Tipo... pra sempre. Sabe? Até a gente, sei lá, hm... se casar e... mudar de apê.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora