Capítulo 15

1.9K 199 30
                                    

Marcelo Menezes.

Domingo.

São três da tarde quando paro o carro na rua de trás do DP. Envio uma mensagem para a Helen e inclino o banco para trás, a fim de dar uma cochilada, já que sabia que ela ia demorar.

─ Ela visualizou e não respondeu, né? ─ Daniel adivinha, inclinando seu banco para trás também.

─ Ahã.

Havíamos combinado ontem de nos encontrar a certa distância da delegacia, justamente pra ninguém desconfiar de que estivéssemos fazendo certas coisas às escondidas. Não importa o quê pensassem, pois seria ruim de qualquer maneira.

Depois de um tempo – do qual não sei se peguei no sono ou se só fiquei viajando -, ouço uma batida no vidro ao meu lado. Helen está parada com uma bolsa no ombro, parecendo impaciente enquanto gesticulava feito louca. Destravo as portas e me arrumo no banco, dando uma cutucada em Daniel, que acorda num sobressalto, como todo bom policial.

─ Vocês dormiram? Meu Deus, eu só levei ─ ela diz, olhando para o relógio em seu pulso ─ dez minutos para sair do DP.

─ Eu mal dormi hoje, sabia? ─ replico, ligando o carro outra vez. ─ Cheguei em casa às oito e pouco e estava pilhado demais para conseguir.

─ Azar o seu. E quanto a mim que tive que vir trabalhar, hein?

Ignoro o comentário e me preocupo em nos tirar dali.

─ Dan, você sabe onde é esses lados, não sabe? ─ pergunto, indicado o post-it colado no painel do carro. O tal post-it com o nome do bar.

─ Mais ou menos ─ ele responde, tirando-o dali e dando uma olhada.

─ Então coloca no GPS. Não temos tempo de sobra ─ Helen diz de bate-pronto, ao que Daniel só olha para mim e ergue os ombros.

Quarenta minutos depois, havíamos chegado à cidade do suposto bar. Não era muito grande, mas também não passava despercebida. Tinha gente o suficiente para que pudéssemos nos situar e isso era bom, dada a situação.

De velocidade reduzida, continuo a seguir as instruções do GPS até chegarmos à uma ruazinha de pedra. Era meio deserta, de modo que só tinha algumas casas no início, terrenos baldios e em construção no meio e, no fim, um estabelecimento demasiadamente grande parecido com... Parecido com um bar. É, acho que havíamos chegado.

─ É ali ─ Daniel diz, olhando para o GPS.

─ Ótimo. Vai, Marcelo, acelera isso aí ─ Helen diz, batendo na parte de trás do meu banco, insuportavelmente ansiosa.

Quando desligo o carro de frente ao bar, que de fato tinha um aspecto maltratado, Helen é a primeira a descer. Daniel desce em seguida e, já na calçada, o vejo esticar as costas como se sentisse dor. Eu, por outro lado, permaneço no carro, apertando as mãos no volante.

Se eu soubesse rezar, esse seria o momento ideal. Porque, convenhamos, eu estava numa puta maré ruim. Só andava em círculos desde o dia do assalto e tudo o que eu viera a descobrir (com ou sem ajuda) não havia sido de grande utilidade. Fosse quem fosse que estivesse dentro do bar, só Deus sabia o quanto eu precisava que o bendito falasse algo que me tirasse desse breu.

Saio do carro devagar e dou uma olhada no tal bar. Paredes manchadas por infiltração, pintura descascada, pisos gastos e uma iluminação péssima. Era aqui. Eu só estava me perguntando que diabos a dona Amélia Morgado estava fazendo por essas bandas quando viu o irmão.

─ Vamos entrar? Tá aberto ─ Daniel diz, dando alguns passos a frente.

─ Certo, seguinte: ─ Helen diz naquele tom decidido, o que acaba por ganhar nossa atenção. ─ Dirijam-se para alguma mesa vazia. Eu vou até o balcão e faço as perguntas.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora