Marcelo Menezes.
Num dia bom, sair do elevador para o seu andar e dar de cara com uma réplica perfeita da Megan Fox é, no mínimo, o que qualquer homem desejaria para si. Num dia ruim, por outro lado, é a última coisa que você gostaria de ver.
Helen está sentada no capacho diante da porta do meu apartamento e, quando ouve a porta do elevador deslizar para o lado, ergue o olhar para cima. Para mim.
Penso em perguntar como ela subiu, mas, bem, seria ridículo. É claro que para ela não havia sido o menor problema pedir ao seu Inácio que a deixasse subir e me esperar aqui, já que ele a conhecia e sabia que eu liberaria a entrada de qualquer maneira.
─ Ahn, foi mal... Eu ia te avisar, mas... Você ia dizer para eu não vir, então... ─ ela diz enquanto se põe de pé. Eu, que provavelmente não estava com uma cara muito boa, já que havia sido trazido à força para a realidade, continuo a encarando em silêncio. ─ Belo ponto, a propósito.
Levo a mão à sobrancelha, me lembrando de repente da existência do curativo.
─ Vantagem de viver com médicas ─ dou de ombros.
─ Você estava no hospital? ─ ela pergunta, desta vez com voz preocupada.
Balanço a cabeça em negativa, pensando de devia dizer a verdade ou não. Talvez omitir, já que eu não estava a fim de vê-la engatar naquele ciúme doido outra vez ─ ciúme esse que havia me conseguido um bom soco certeiro no meio da fuça.
─ Não.
Talvez pela minha cara ou talvez pelo tom, Helen solta um suspiro pesado.
─ Desculpa, Marcelo. Eu sei que neste momento eu sou a última pessoa que você quer ver e...
─ Megan ─ eu a corto. ─ Não estou com raiva de você. Estou com raiva de mim! Eu o traí. Traí o cara que arriscaria a vida por mim. Eu só... Não estou a fim de conversar sobre isso. Preciso ficar sozinho. Pensar no que vou dizer ao Daniel para convencê-lo de que não sou um filho da puta, por mais que eu seja.
Helen revira os olhos.
─ Não adianta você assumir toda a culpa, Marcelo. Você me disse sobre o Daniel e mesmo assim eu... Você sabe. Olha, eu só vim aqui para saber se você está bem. Se está mais calmo. E se precisa de alguma coisa.
Naquele momento, meu celular toca e, é claro, não preciso nem mesmo tirá-lo do bolso para saber que é Bianca. Eu a tinha deixado na faculdade e a feito prometer que me ligaria quando chegasse em casa.
E, bem, ela estava ligando. E Helen estava na minha frente.
─ Ei, Bi ─ atendo.
─ Oi, lindo. Cheguei sã e salva! E você?
─ Eu acabei de chegar.
─ Ah, eu sabia que chegaríamos juntos ─ ela diz e ri. Quando não a acompanho, porém, Bianca silencia. ─ Está tudo bem? Hora ruim?
─ Ahn, não exatamente, mas... Posso te ligar daqui a pouco? Dez minutos.
─ Ah, sim, pode. Até já, então.
Eu desligo e ergo o olhar para Helen, que continuava parada sem expressar qualquer reação.
─ Desculpe ─ digo, procurando retomar ao ponto em que paramos. Bianca e seu incrível dom de tirar a minha concentração. ─ Obrigado por ter vindo, Megan, mas não há nada que você possa fazer agora.
Ela assente, mas não diz nada. Apenas me olha daquele jeito como se pudesse ler a minha mente.
─ Olha, tenta falar com ele. Com o Dan. Eu tentei, mas... Não sabia o que dizer. Então, sabe, vocês são amigos. Deve ser mais fácil, não? Diga o que realmente aconteceu e por quê. Tente apaziguar.
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Amor em Risco (COMPLETO)
RomansaMarcelo Menezes é, além de um policial aplicado, um completo conquistador. Não só no quesito amoroso, mas em qualquer um deles. Extrovertido, atencioso e protetor daqueles que ama, ele dificilmente faz inimigos por onde passa em sua vida pessoal - d...