Capítulo 36

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Marcelo Menezes.

Num dia bom, sair do elevador para o seu andar e dar de cara com uma réplica perfeita da Megan Fox é, no mínimo, o que qualquer homem desejaria para si. Num dia ruim, por outro lado, é a última coisa que você gostaria de ver.

Helen está sentada no capacho diante da porta do meu apartamento e, quando ouve a porta do elevador deslizar para o lado, ergue o olhar para cima. Para mim.

Penso em perguntar como ela subiu, mas, bem, seria ridículo. É claro que para ela não havia sido o menor problema pedir ao seu Inácio que a deixasse subir e me esperar aqui, já que ele a conhecia e sabia que eu liberaria a entrada de qualquer maneira.

─ Ahn, foi mal... Eu ia te avisar, mas... Você ia dizer para eu não vir, então... ─ ela diz enquanto se põe de pé. Eu, que provavelmente não estava com uma cara muito boa, já que havia sido trazido à força para a realidade, continuo a encarando em silêncio. ─ Belo ponto, a propósito.

Levo a mão à sobrancelha, me lembrando de repente da existência do curativo.

─ Vantagem de viver com médicas ─ dou de ombros.

─ Você estava no hospital? ─ ela pergunta, desta vez com voz preocupada.

Balanço a cabeça em negativa, pensando de devia dizer a verdade ou não. Talvez omitir, já que eu não estava a fim de vê-la engatar naquele ciúme doido outra vez ─ ciúme esse que havia me conseguido um bom soco certeiro no meio da fuça.

─ Não.

Talvez pela minha cara ou talvez pelo tom, Helen solta um suspiro pesado.

─ Desculpa, Marcelo. Eu sei que neste momento eu sou a última pessoa que você quer ver e...

─ Megan ─ eu a corto. ─ Não estou com raiva de você. Estou com raiva de mim! Eu o traí. Traí o cara que arriscaria a vida por mim. Eu só... Não estou a fim de conversar sobre isso. Preciso ficar sozinho. Pensar no que vou dizer ao Daniel para convencê-lo de que não sou um filho da puta, por mais que eu seja.

Helen revira os olhos.

─ Não adianta você assumir toda a culpa, Marcelo. Você me disse sobre o Daniel e mesmo assim eu... Você sabe. Olha, eu só vim aqui para saber se você está bem. Se está mais calmo. E se precisa de alguma coisa.

Naquele momento, meu celular toca e, é claro, não preciso nem mesmo tirá-lo do bolso para saber que é Bianca. Eu a tinha deixado na faculdade e a feito prometer que me ligaria quando chegasse em casa.

E, bem, ela estava ligando. E Helen estava na minha frente.

─ Ei, Bi ─ atendo.

─ Oi, lindo. Cheguei sã e salva! E você?

─ Eu acabei de chegar.

Ah, eu sabia que chegaríamos juntos ─ ela diz e ri. Quando não a acompanho, porém, Bianca silencia. ─ Está tudo bem? Hora ruim?

─ Ahn, não exatamente, mas... Posso te ligar daqui a pouco? Dez minutos.

─ Ah, sim, pode. Até já, então.

Eu desligo e ergo o olhar para Helen, que continuava parada sem expressar qualquer reação.

─ Desculpe ─ digo, procurando retomar ao ponto em que paramos. Bianca e seu incrível dom de tirar a minha concentração. ─ Obrigado por ter vindo, Megan, mas não há nada que você possa fazer agora.

Ela assente, mas não diz nada. Apenas me olha daquele jeito como se pudesse ler a minha mente.

─ Olha, tenta falar com ele. Com o Dan. Eu tentei, mas... Não sabia o que dizer. Então, sabe, vocês são amigos. Deve ser mais fácil, não? Diga o que realmente aconteceu e por quê. Tente apaziguar.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora