Capítulo 44

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Bianca Trajano.

Jura, Marcelo? Eu pensei que eu tinha pintado o papai noel.

─ Pra começar a me justificar, você quem deu a ideia e me instigou.

─ Eu? ─ ele pergunta se aproximando do cavalete, sem desgrudar os olhos um só segundo do quadro.

─ Quando eu disse que a vista do seu prédio daria um bom quadro e você contrapôs dizendo que você, sim, daria um bom quadro. Fiquei com vontade de ver se seria verdade.

─ Então você está me dizendo que vem me desenhando e me pintando há mais de um mês pelo simples fato que queria descobrir se eu estava falando sério?

Uhum ─ engulo em seco, tentando transparecer verdade. Eu era uma péssima mentirosa. Sempre fui. Sempre serei.

Ele fica em silêncio por um instante, até finalmente encontrar meus olhos. Havia algo diferente. Um brilho diferente no seu olhar, uma expressão diferente, eu não sabia dizer ao certo o que era, mas me passou uma tranquilidade que eu relaxei no mesmo instante. Ele não estava bravo, nem me achando louca. Acabo abrindo um sorriso torto, começando a falar:

─ Na verdade, eu achei que você valeria a pena ser meu primeiro retrato oficial. Eu nunca tinha feito isso antes, apesar de receber inúmeros pedidos da Camila para desenhá-la, eu sempre me senti insegura nessa parte do desenho. Achava que não iria conseguir. E quando eu cheguei do seu apartamento naquele dia, você me deu a inspiração que me faltava sem nem saber. Eu só cheguei aqui e comecei a... pensar em você e... te d-desenhar ─ gaguejo, porque a essa altura do campeonato, eu já sentia minhas bochechas queimarem sob seu olhar.

─ Você tem noção que isso é, provavelmente, a coisa mais bonita que alguém já fez pra mim? ─ ele pergunta baixinho. Mordo os lábios, balançando a cabeça vagarosamente de um lado para o outro. ─ Você conseguiu me impressionar de umas dez formas diferentes só nessa última meia hora, Bi. Eu... Obrigado. Não sei se sou digno o suficiente de ser seu primeiro retrato, mas eu prometo que vou tentar ser de todas as formas possíveis.

Tento decifrar seus olhos, mas eram tão enigmáticos quanto os que pintei.

─ Você é digno de qualquer coisa boa que eu consiga te dar, Celo. Apesar de termos nos encontrado há pouco tempo, você é uma das melhores pessoas que eu conheço.

Ele fecha os olhos por um instante, a dor aparece em seus traços por um breve segundo, mas ele retorna a me olhar daquele jeito estranho de antes. Ele me confundia tanto às vezes.

─ Você só está dizendo isso porque não me conhece direito ainda.

─ Tenho certeza que vou gostar de cada partezinha sua se me der a chance de conhecer ─ solto num segundo ato de coragem do dia. Eu nem estava me reconhecendo. Ele dá uma risada sem vontade. Amarga. Triste, até.

─ E você vai, mas quando se arrepender lembre que eu te avisei, sim? ─ cerro os olhos, tentando entender as loucuras que ele dizia. Ele me puxa em direção ao seu peito e me abraça, depositando um beijo em minha testa. Me arrepender... Se ele soubesse o quanto eu não me arrependia de nada até agora. ─ Você é incrível! ─ Muda de assunto de repente. ─ Seu trabalho inteirinho é incrível e eu juro que estou orgulhoso demais por você. Ainda não acredito que você teve a audácia de me desenhar sem eu estar ao seu lado acompanhando cada detalhe. Mas agora presta atenção: ─ ele põe a mão em meu queixo, me fazendo encará-lo ─ não é o justo com o resto do mundo você esconder essa arte toda aqui com você. As pessoas precisam ver, precisam te conhecer e ver o quanto você é talentosa. Esses quadros merecem ser expostos, merecem estar em casas de pessoas que se identifiquem com ele tanto quanto você. Você precisa se libertar daquele jornal, Bi. Não te faz bem.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora