Capítulo 5

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Marcelo Menezes.

Só não levo menos tempo para me arrumar porque é praticamente impossível encontrar as coisas depois que a minha mãe aparece para limpar. Os móveis são tirados do lugar, metade do meu guarda-roupa é jogado na máquina de lavar e as roupas de cama viram descartáveis. Ela definitivamente sentia prazer em passar por aqui.

Quando saio do quarto, já fardado e à procura do meu celular, a encontro terminando de passar algumas coisas de uma sacola para a geladeira.

─ Já está pronto? ─ pergunta.

─ Sim. Meio atrasado, eu acho. A senhora viu o meu celular por aí?

─ Ah, está aqui ─ responde e me entrega o aparelho. ─ A Sosô ligou quando você estava no banho. Ela pareceu muito feliz ao saber que estou aqui.

─ Não imagino o porque.

─ Sei. Seu porteiro também ficou muito contente, mas estranhei por ele não ter começado a tagarelar sobre você.

─ É porque eu tenho me comportado.

─ Vou fingir que acredito ─ diz e dá aquele sorrisinho dela. Quando por fim fecha a geladeira e me olha dos pés à cabeça, não consigo não rir pela careta que ela faz. ─ Você está cada vez mais parecido com o seu pai. Não me canso de dizer isso.

─ Isso é um elogio?

─ Em parte. Só que com a sua idade, o seu pai já era casado há sete anos ─ ela cerra os olhos.

─ Ah, conheço esse papo...

─ De cor e salteado. Mas vamos deixá-lo para outro dia, porque sei que está atrasado. Podemos ir? Já terminei aqui.

─ Podemos. Obrigado de novo, mãe ─ digo, dando uma olhada na cozinha. Estava tudo brilhando e em mais perfeita ordem.

─ Não precisa me agradecer. Me ligue quando a Nininha voltar! Estou louca pra saber das novidades!

─ Ah, eu sei que está. Você e a Nina quando se juntam... ─ digo e dou risada, pegando as chaves em cima do balcão e me dirigindo até a porta do apartamento.

Minha mãe me segue, tagarelando sobre as qualidades da Nina e o blá blá blá habitual. Nos despedimos lá embaixo, onde o seu Inácio quase se joga da guarita para cumprimentá-la. Ela entra em seu carro e (sem deixar que ele morra antes) dá a partida, sumindo rapidamente de vista.

Olho para o seu Inácio, que tinha a cabeça apoiada em uma das mãos.

─ Que foi? ─ ele pergunta.

─ Tremendo de um puxa saco o senhor, hein.

Ele dá de ombros, ignorando o comentário.

─ Não está atrasado não, seu Marcelo?

─ Tô de olho, viu ─ digo enquanto me afasto na direção do elevador, já que meu carro estava no estacionamento.

Ele ignora de novo, parecendo constrangido enquanto murmura para si mesmo.

(...)

Chego ao DP no momento em que as gravações do banco estão sendo analisadas pela equipe de investigação. Praticamente todo o DP está parado do lado de fora da sala, tentando ouvir os comentários do delegado, que era o único a ter permissão de analisar junto à equipe especializada até que as gravações se tornassem públicas.

Entendam que encontrar a Helen no meio de homens é a coisa mais fácil do mundo, mas levo um tempo para achá-la. Ela era a primeira a tentar ouvir o que o delegado dizia. Ao seu lado estavam Daniel, Paulo, Ruan e Felipe - outros PMs que não puderam participar da "ação de ontem", como passaram a chamar.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora