Capítulo 45

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Marcelo Menezes.

Um mês depois.

Alguma coisa havia mudado. E, durante o mês que passou, eu custei a botar esse negócio na cabeça. Quero dizer, eu sentia. Estava realmente diferente para mim. As pessoas ao meu redor tinham começado a notar, eu acho, e para ser honesto, eu nem mesmo tentava negar.

É claro que não foi pelo o que houve entre Bianca e eu no ateliê - embora eu deva dizer que eu não me lembro de ter me sentido melhor na vida antes daquele dia. Foi também pelo impacto ao ver o meu rosto num quadro. Eu sequer sei colocar em palavras o que eu senti. Quero dizer, era o meu rosto, cara. Ela mesma havia pintado! Tinha passado horas, dias, pondo cor naquele negócio! Eu realmente precisei me esforçar para não deixar o meu ego subir à cabeça, mas, porra, eu estava me sentindo bem pra cacete!

- Você está se sentindo amado, Marcelo! Por que não consegue usar a palavra certa, Cristo? - Sofia perguntou no dia seguinte ao que eu vira o quadro. Eu, que obviamente me senti tentado a contar, já que não conseguiria esconder a cara de idiota, apenas franzi a testa, pensando no que ela havia dito.

Amado. Ok. Tá, podia ser isso. Embora cedo, eu podia enxergar as coisas daquela maneira. Não era um tabu, era?

Algo havia mudado sim.

- E se me permite o complemento - Sofia havia continuado -, não é só ela quem está amando.

(...)

Depois de deixar Bianca no jornal - porque às vezes nos encontrávamos para tomar café no Fran's e eu a levava até o trabalho -, trato de me apressar para chegar no DP a tempo de pegar alguns chamados para resolver. Não estava a fim de ficar confinado em minha sala.

Nos últimos dias, Helen não parava de bater à minha porta para perguntar se eu havia descoberto alguma coisa sobre Sérgio, já que agora eu o via com demasiada frequência ao deixar Bianca em casa. Como a resposta era sempre negativa, Helen voltava para a recepção um tanto quanto irada, murmurando sobre a minha falta de interesse em salvar minha própria pele.

Sendo bem honesto, Helen até tinha razão. Eu não estava mesmo focado em descobrir nada. Claro que ainda olhava para Sérgio em busca de algum indício, mas nada além disso. E eu sabia que, dentre todas as coisas, a verdadeira razão do meu desapego ao caso era Bianca.

Talvez pela paz que ela me trazia. Talvez por simplesmente não querer acreditar que, em meio a tanta gente, fosse o pai dela que quisesse me matar.

Quando chego a delegacia, porém, todos os caras já haviam saído para atender aos seus devidos b.o's. Ruan, que havia assumido o posto de Daniel desde a nossa briga, se levanta de sua cadeira assim que me vê e, após estender a mão para me cumprimentar, começa a se dirigir para a porta dos fundos.

- Te espero na viatura - ele diz ao sair.

Eu assinto e me viro em direção a mesa de Helen.

- Megan, o delegado deixou alguma coi... - começo, mas me interrompo ao vê-la encarar o computador com a testa franzida. Agindo mais por impulso do que por curiosidade, estico o pescoço para checar o que é.

Meu Facebook está aberto em seu navegador. Mais especificamente, uma foto. Uma foto minha. Com Bianca.

Olho para Helen de novo.

- Já sei, vai começar a reclamar e dizer que eu não tenho foco, blá blá blá.

Ela, que tampouco tirou os olhos do computador, permanece em silêncio até que eu faço um gesto a sua frente.

- Megan?

- Ah, oi - ela diz, parecendo perceber minha presença pela primeira vez. - Meu Deus, oi! Marcelo!

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora