Capítulo 39

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Marcelo Menezes.

─ Você está ficando com a Bianca, não está? ─ pergunta Helen ao entrar na minha sala com uma papelada nas mãos.

─ Ah, não, Megan, porra... ─ reclamo, incapaz de acreditar que ela quisesse voltar a falar daquele assunto.

─ Não estou perguntando por curiosidade minha, seu idiota! ─ ela cochicha, fechando a porta atrás de si e revirando os olhos da maneira habitual. ─ Eu tive uma ideia!

─ Preciso pedir para você não envolver a Bianca nessas coisas?

─ No momento você não está em condições de pedir nada ─ ela responde, se sentando a minha frente. ─ Olha, independente do que tenha acontecido ou vá acontecer entre mim e você, Marcelo, e independente também do que esteja acontecendo ou vá acontecer entre você e a Bianca, ela agora é uma peça muito, muito importante na investigação.

─ Me embrulha o estômago ver você chamando a garota de peça.

─ É o que ela é. Uma peça fundamental nesse joguinho ridículo de vida ou morte. Agora, sério, estive pensando... Que tal você se infiltrar na casa dela? Sei lá, um jantar? Entre vocês e a família dela?

Franzo a testa.

─ Que merda você está falando?

─ O pai dela, ora. Não se lembra do que a Lavínia falou sobre você insistir?

─ Me deixe ver se entendi, sim? Você quer que eu me enfie na casa da Bianca como um namoradinho e, despretensiosamente, converse com o pai dela à mesa do jantar sobre o tio que morreu?

─ Sobre o tio que você matou, cuja quadrilha quer matar você? Sim. Isso mesmo.

─ Você é maluca ─ balanço a cabeça. Olhando para ela, percebo as manchas escuras sob seus olhos. ─ Como você consegue pensar nessas coisas depois do inferno que rolou aqui, hein? Entre nós e o Dan...

─ Marcelo, eu sou uma mulher. Mulheres fazem mil coisas ao mesmo tempo. E eu penso somente com essa cabeça ─ ela aponta para a própria testa ─, diferentemente de você. Agora, se me dá licença, tenho coisas a fazer. Pense nisso, sim? Fale com a sua loirinha.

─ Você quer que eu minta para ela.

Helen, que agora estava de pé e bem próxima a porta, se vira para mim.

─ Eu quero você vivo. E inteiro ─ ela diz e, prestes a sair, dispara: ─ Se mentir para ela é consequência disso, então minta. E minta direito!

(...)

Eu precisava falar com alguém sobre isso. Daniel seria o ideal, é lógico, mas eu não o tinha visto por mais que dois minutos naquele dia. Ele havia chegado na delegacia e saído com Felipe para atender a alguns chamados e, até o horário em que permaneci atendendo aos b.o's, ele não tinha retornado. E, claro, eu não tinha a cara de pau de tentar falar com ele sobre isso. Quero dizer, eu até tinha, mas meu supercílio ainda latejava às vezes, então, bem, eu preferia ficar na minha por enquanto.

Então pensei na Sofia, porque a Nina era algum tipo de juíza, tamanho prazer em julgar. Mas, quando liguei para a pentelha, às nove da noite, ela estava em cirurgia, o que me fez desistir e pensar em como poderia agir sozinho.

Eu não podia chegar na loirinha com um "ei, quero conhecer seus pais", não é? Sem chance. Principalmente se ela descobrisse meu real fundamento com aquilo tudo, já que, quando eu a chamei para um café naquele dia, havia deixado bem claro que estava de volta ao caso de seu tio. Sendo assim, não seria nada inteligente da minha parte dizer que estava simplesmente a fim de conhecer a família dela. Afinal de contas, não fazia nem uma semana que estávamos juntos.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora