Capítulo 8

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Marcelo Menezes.

─ Posso falar com você?

Ergo o olhar e encontro Helen parada na porta. Assinto com a cabeça e a observo entrar (tomando o cuidado de fechar a porta atrás de si) e vir até a cadeira à minha frente.

Antes de se sentar, me entrega um copo de café e alguns papéis.

─ Obrigado ─ digo, mas mais pelo café, porque não sabia o que eram aqueles papéis.

─ São alguns dados sobre o bandido do assalto. Não sabemos realmente como ele chegou ao banco ─ ela explica como se adivinhasse meu pensamento.

Dou uma olhada nos papéis, à procura de qualquer outra informação que pudesse ser útil.

─ Sem veículo? ─ pergunto retoricamente. Helen assente.

─ Aparentemente sim. Investigamos todos os estabelecimentos próximos e nem todos têm câmeras, então não temos como ter certeza de que ele chegou realmente sozinho e a pé. Ou seja...

─ Voltamos à estaca zero ─ concluo.

─ É, o que complica um pouquinho a investigação. Mas já solicitei os dados pessoais dele levantados pelo 29º DP. Por ora, apenas torça para ele ter família! Quem sabe não descobrimos mais alguma coisa?

─ Eu aposto que, se ele tiver, ninguém irá nos contar nada que queremos.

─ Eu também acho ─ ela apoia a cabeça em uma das mãos e me analisa por alguns segundos. ─ Beba o café. Você está meio tenso... Nem ao menos fez uma piada hoje.

Faço o que ela diz e dou de ombros.

─ Não posso mais fazer piada com você.

─ Não?

─ Não. Sou seu padrinho de casamento.

Ela ri.

─ Ah. É isso ─ e morde a boca, apreensiva. Depois desvia o olhar. ─ Eu gosto do Daniel, você sabe, não é? Mas, sei lá, não sei o que eu posso dizer pra ele entender que eu não estou a fim. Na verdade, não sei o que eu posso dizer pra eles. Quem me dera se fosse só o Dan.

─ Ninguém manda nascer com essa cara ─ falo e ela revira os olhos, rindo outra vez. ─ E ainda usar esse perfume. Puta merda, Megan, sai daqui.

Ela estende a mão para dar um tapa na minha.

─ É sério. Só tenho você pra falar sobre isso.

─ Ó, Deus, por que vim ao mundo com essa cara e essa bunda? ─ afino a voz e coloco a mão no peito, numa péssima imitação feminina. Ela cerra os olhos e tenta não rir. ─ Para, vai. Você lida bem com a situação! Outra no seu lugar já teria enlouquecido com tanto cara engrandecendo seu ego.

─ Hm. Obrigada ─ resmunga. Depois se aproxima e fala num tom mais baixo: ─ E aí, já decidiu o que vai fazer?

Embora ela não tivesse falado do que exatamente ela se referia, eu sabia que ela falava sobre o caso de Richard Trajano.

─ Eu descobri uma coisa ─ digo também diminuindo meu tom de voz, me recostando à cadeira.

─ O que?

─ Bianca Trajano é sobrinha do Richard. O cara que eu matei.

É preciso alguns segundos para que ela processe a informação.

─ Você tem certeza? ─ ela pergunta após engolir em seco.

─ O próprio pai dela veio falar comigo sobre a morte do irmão. Queria saber se houve alguma novidade já que o caso não foi encerrado.

─ Nossa. É verdade, o caso foi arquivado, não? Eu me lembro! Tinha acabado de entrar no DP.

Assinto, desanimado. Helen de repente assume um ar preocupado.

─ Será que foi mesmo coincidência o fato de terem escolhido logo a sobrinha dele para fazer de refém? Ela se machucou feio! E pelo depoimento que deu, me pareceu muito abalada, sabe?

Sinto uma raiva repentina assim que me lembro do filho da mãe dando a coronhada na loirinha. Bufo, passando as mãos pelo rosto.

─ Não sei, mas provavelmente sim. Eles não poderiam adivinhar que ela iria ao banco, certo?

─ É... Bom, não sei... Ah, se lembra do galpão onde tudo começou? Aquele que desativamos? ─ pergunta. Volto a assentir, esperando que ela continue. ─ Estava cheio de armas, não?

─ É. Provavelmente estivessem envolvidos com tráfico de armas ─ e pensando a respeito, concluo: ─ Vou investigar com o Dan.

─ Não só com o Dan. Eu também quero participar ─ ela diz em tom decidido. Eu lhe dou um sorrisinho.

─ Tá fazendo parecer que é algo divertidíssimo.

Ela ri, mas dá de ombros, para em seguida se levantar.

─ Enquanto isso, vou arranjar uma cópia da ficha do Richard pra você. Não há nada lá, mas talvez seja bom que você a tenha por perto.

─ Isso, por favor.

─ Te mantenho informado ─ diz quando alcança a porta.

─ Tá. Ah, Megan? ─ chamo e ela olha. ─ Obrigado.

─ Às ordens.

E então me deixa sozinho com aquela papelada. O fato era que, a cada tarefa concluída, mais coisas apareciam e mais perdido eu parecia estar. E isso era só o começo.

*****

Primeiramente, nos desculpem pelo mini capítulo, mas não queríamos deixar vocês sem nada hoje.

A gente tá adoraaando os comentários e dando muita risada com vocês hahahahah Melhores leitoras!
O próximo capítulo vai ser de descobertas pra muitas de vocês :P

Esperamos muito que tenham gostado <3 Não esqueçam de votar e comentar. Até o próximo!

Gatália.

29/10/2016

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora