Capítulo 24 (parte II)

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Marcelo Menezes.

Naquele momento, mil coisas me passam pela cabeça, todas rápido demais para que eu consiga processar. De repente nem sei o que responder primeiro.
Olho para ela, tentando decifrar qualquer coisa em seu olhar, mas puta que pariu, eu era péssimo nisso e estava meio... Alterado. Quer dizer, não bêbado. Só não em... Total consciência.

– Olha só, Megan – começo, mas ela solta um muxoxo e se vira de novo para o balcão.

– Eu só estava pensando nisso, tá? Então, se você não sabe responder, apenas esqueça – e, forçando uma risada, continua: – Não é como se o fato de você não me querer mais fosse, de fato, inaceitável pra mim. Tá tudo bem. Nós somos amigos e...

– É o Dan.

– Hã? – ela para de repente, virando-se para mim de novo, garrafa a meio caminho da boca.

– É. Ele gosta mesmo de você. E ele é meu amigo.

Ela revira os olhos, como se a ideia muito lhe entediasse.

– Você é um idiota.

– Quê?

– É. Um tremendo idiota – ela repete, agora com a voz um pouco embargada. – Você mesmo disse que o Daniel não queimava o meu filme e agora está aí de mimimi. Ah, e tem mais: você transa com uma garota de dezenove anos e isso sim é aceitável, mas... Argh... Esquece. O que, por Deus, ela tem que eu não tenho? – resmunga, mais pra dentro do que pra fora. De repente eu nem sei como o assunto tinha ido parar ali.

Solto uma risada.

– Você não sabe o que está dizendo, né? Provavelmente vai se arrepender de tudo isso amanhã e, sei lá, vai pedir que eu esqueça. Isso sim é mimimi.

Ela resmunga e, impaciente, se poe de pé quase que rápido demais. No segundo seguinte já está bem de frente para mim, com a coxa encostada no meu joelho e o rosto a centímetros do meu. Consigo sentir o perfume exalando dela e até mesmo o hálito forte de uísque.

Helen – digo, na intenção de soar como um alerta. Mas é claro que, vindo de mim, aquilo mais tinha parecido um pedido.

– Não vou pedir pra esquecermos disso amanhã.

– Não?

Ela faz que não com a cabeça, devagar e de um jeito que, puta que pariu, faz minha nuca doer. De repente não é mais sua coxa que toca o meu joelho, e sim sua mão, que afasta a minha perna para o lado para que ela possa se meter ali no meio.

Ah, Deus.

– Não vamos querer esquecer – sussurra, agora com o corpo totalmente encostado ao meu. Tinha uma mão no meu peito e outra se encaminhando para o meu pescoço, e eu só conseguia pensar em que diabos eu tinha feito pro universo pra que ele se vingasse assim de mim.

Eu era tão fraco. Um filho da puta de um fraco! Nem mesmo olhava por cima do ombro dela a fim de me certificar de que o Felipe ou o próprio Daniel apareceriam do nada. Eu era tão filho da puta que nem paranoico estava.

Podia culpar o álcool. Mas talvez aquilo fosse eu, sendo apenas eu.

A mão dela alcança o meu pescoço. Os dedos agarram o meu cabelo e, num piscar de olhos, o rosto dela está próximo demais, mas... Ela não ia me beijar. Ah, não. Eu sabia o que ela estava fazendo. Ia deixar que eu quisesse beijá-la.

E eu queria. Querer parecia pouco.

No instante em que encaro sua boca, procuro por algo em minha mente que pudesse me fazer ir contra aquilo. Mas não havia nada. Minha mente estava vazia. Só tinha ela. A respiração se juntando a minha, a testa se juntando a minha e os olhos que me encaravam, como se esperassem que eu fizesse alguma coisa.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora