Capítulo 17

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Bianca Trajano.

Ok, talvez alguns minutos tenham se passado após o jantar. Ou se arrastado, dada a lentidão. Mas não me entendam mal! A festa não estava entediante. Eu estava entediada. Havia dormido pouco porque passara a madrugada estudando e agora o simples ato de observar os convidados dançando na pista me fazia bocejar. É claro que eu poderia beber outra coisa além de Coca-cola (que também não estava me ajudando) ou puxar papo com o policial, cujo nome eu precisava desesperadamente começar a usar, já que o caía muito bem, por sinal. Mas as coisas tendiam a não funcionar muito bem quando eu abria a boca, então, bem, resolvi ficar quieta e brincar com o meu canudo, ora ou outra dando uma olhadinha para o Murilo, que parecia cada vez mais animado por estar fazendo o que gosta de verdade.

Numa dessas olhadas, flagro um garçom se aproximando de onde estou. Ah, não, por favor... Tento me comunicar telepaticamente com ele, implorando para que não viesse me oferecer sabe-se lá o quê. Não aguentava mais bancar a chata (e a gorda) ao só aceitar Coca, como se tivesse doze anos de idade. O cara, que obviamente não é muito bom em ler mentes, se inclina na minha direção e me estende a bandeja de prata repleta de drinques coloridos. Faço que não com a cabeça e abro um sorriso amarelo, que na verdade dizia desculpe ser tão nojenta, mas é que não presto para bebidas.

Quando ele se afasta, provavelmente me xingando em pensamento, Marcelo solta um tsc mais audível do que o necessário.

─ O que foi? ─ pergunto, virando o corpo na cadeira para o seu lado. Ele ainda estava com aquele olhar melancólico que eu resolvera atribuir como um efeito colateral da cerimônia, já que Sofia era sua melhor amiga e esse tipo de acontecimento realmente nos deixa meio... Sentimentais.

─ Vai fazer isso a noite toda? ─ ele pergunta, também se virando para mim. Estava com o pé direito jogado num ângulo estranho sobre o joelho esquerdo, bem à vontade numa calça social tão apertada. Quer dizer, não que eu tivesse olhado muito para isso, mas... Ok, esqueçam.

─ Isso o quê? ─ resolvo perguntar, já que não fazia ideia do que ele falava.

─ Recusar qualquer coisa que te ofereçam.

─ Eu não recusei as coxinhas ─ rebato, dando uma leve mexida no ombro. Ele abre um sorrisinho de canto e balança a cabeça.

─ Ah, eu bem vi. Você comeu o quê, umas quinze?

─ O quê? Não! Que exagero. E elas eram tão pequenininhas!

Claro. Mas agora me diz, por que não está aceitando um drinquezinho sequer? Sofia vai ficar chateada! Ela investiu muito nas bebidas, sabia?

─ Eu não bebo. E não tente me ganhar com essa de "Sofia vai ficar chateada". Além do mais, ela nem mesmo vai saber.

─ Eu não teria tanta certeza disso, minha cara loirinha.

Reviro os olhos, tentando não começar a rir. Penso se vale a pena tentar explicar os meus motivos e não, não vale, mas respiro fundo para começar a falar ainda assim:

─ Ok. Por que eu não bebo? Bem, porque eu estou com sono. Por que estou com sono? Porque passei a madrugada estudando Planejamento Visual, já que tenho prova na segunda-feira e não sei fazer resumos sem me atrapalhar.

─ Não! ─ Marcelo me interrompe, num tom engraçadinho. ─ Nem deu para notar!

─ Há-há-há. Continuando: simplesmente não posso juntar "bebida alcoólica" e "sono".

Marcelo coça o queixo e, após sufocar um arroto, aponta um dedo para mim:

─ Saquei qual é a sua, loirinha. É do tipo que bebe e dá vexame, acertei?

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora