Capítulo 3

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Marcelo Menezes.

─ Que demora desses resultados! Eu disse que era urgente ─ sussurro meio irritado para Sofia. Tive a sorte grande de virmos para o hospital em que ela trabalha, já que era o mais perto.

─ Fica calmo, querido. Ela foi liberada dos exames fazem exatos sete minutos! ─ ela me responde e eu reviro os olhos, voltando a olhar para a loirinha, agora completamente apagada. ─ Mas, sério, posso saber por que diabos você está tão nervoso e por que está aqui? Não deveria estar trabalhando, contando pro delegado as novidades ou coisa e tal?

─ Deveria. Mas, sei lá, estou me sentindo meio culpado pela garota. Ela só está aqui agora porque aquele lá queria me levar. Era pra eu estar ali, não ela.

─ Vira essa boca pra lá! Se fosse você o internado, com certeza estaria muito pior. Então, sério, agradeça a Deus porque o bandido não está mais entre nós pra contar história.

─ Ou não, né? Quando o manda-chuva dele souber o que eu fiz, vai ficar mais puto ainda. Já estou até vendo a merda que isso vai dar.

Sofia fica quieta, distraída enquanto lê o prontuário em suas mãos. Um silêncio se instala na sala por alguns segundos, até que eu bufo, não sabendo o que fazer.

─ Mas que merda, o Alex tinha que estar aqui! Ele que deveria cuidar dela.

─ Você sabe que o Alex é pediatra, né? Cuida de crianças e tal...

─ Exatamente! A menina ainda é uma criança, Sô ─ eu respondo descontraído e Sofia dá uma risada baixinha.

─ Deixa de ser idiota, Celo. Ela já deve ser até maior de idade!

─ Tenho dezenove, na verdade ─ uma voz baixinha e meio rouca surge do nada e nós dois levamos um susto.

A loirinha enfim havia acordado e tentava abrir os olhos por completo. Sua testa estava franzida e ela parecia bem confusa, mas pelo menos ainda não havia começado a chorar. Geralmente isso acontece no momento em que a vítima acorda. Sofia se apressa em ir para o lado dela na cama, assumindo sua pose profissional.

─ Oi, querida. Como está se sentindo? ─ ela pergunta, abrindo o olho da garota gentilmente e o iluminando com uma espécie de lanternazinha. ─ Me desculpe, eu sou a Dra. Sofia e estou cuidando de você.

─ Minha cabeça ─ ela diz, meio num gemido. E então leva a mão até a testa, se dando conta da faixa que a rodeava. ─ Ah, meu Deus...

Aquele bandido de merda... ─ resmungo, me jogando no sofá. Isso acaba por chamar a atenção da loirinha, que me olha pela primeira vez. Automaticamente desfranze a testa, como se me reconhecesse.

Sofia revira os olhos pra mim e volta a falar.

─ Isso na sua cabeça é uma faixa, querida. Nós a enfaixamos depois dos exames. Você levou duas batidas muito fortes, mas nós já tomamos todas as precauções e o Dr. Luciano, seu neurologista, está esperando os últimos exames ficarem prontos. Agora que você acordou, eu vou chamar o doutor para vir conversar com você e examiná-la de novo, tudo bem? ─ ela pergunta enquanto pega um aparelhinho no bolso do jaleco e aperta alguns botões. Acho que era o pager.

─ Tudo bem. Já ligaram para os meus pais?

─ Na verdade, não. Não encontramos nenhum documento com você, apenas uma chave de carro. A propósito, qual é o seu nome?

─ Bianca. Bianca Trajano. Meus pais são Tânia e Sérgio Trajano. Eu... Deixei minha bolsa com meus documentos no carro para ir ao banco ─ diz, parecendo se esforçar para lembrar.

Amor em Risco (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora