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RUBY PORTMAN

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RUBY PORTMAN

Durante boa parte do tempo que estive tentando ocupar meus pensamentos com o imenso trabalho que requer minha "total" atenção, fui diversas vezes interrompida com gargalhadas aveludadas e pouco singelas proporcionadas pela bela advogada do Sr. Radcliffe.

Isso é um problema? É claro que não. Me irrita? É óbvio. E eu sei o qual estúpido é esse papel que estou tentando desempenhar, mas chega a ser inevitável, e pior ainda, o fato de eu não saber o porquê é ainda mais caótico.

Por isso, durante as restantes seis horas confinada em minha sala não tão particular, procurei me focar em meu trabalho e na idealização do preparo do jantar em comemoração a vinda de meu irmão mais velho.

E assim o tempo voou...

Toca finalmente a bendita hora do almoço e me levanto para organizar as minhas coisas com alguma pressa.

A Srta. Maribor sai da sala em passos firmes e devidamente calculados, seu vestido branco faz justiça em evidenciar suas delicadas curvas, e claro, procuro evitar o máximo encará-la, limitando-me em ouvir apenas o banque abafado dos bicos de seus saltos altos passando por mim e pouco depois desaparecendo.

Eu estava tão empenhada em ignorar a presença da mulher que não percebi a aparição de Harry bem atrás de mim.

Srta. Portman — a voz grave se faz audível bem ao meu lado do meu ouvido e não consigo conter o ligeiro grito de susto que escapou de meus lábios.

E ele está perto de mais, me afasto tão rápido quanto ele se aproximou, e merda, ele percebeu.

— Precisa de alguma coisa, senhor? — pigarreio e olho rapidamente para minha bolsa afim de a capturar, mas ele se move rapidamente para mais perto de mim, me impedindo.

Arqueio a sobrancelha.

Harry está próximo, não tão perto a ponto de invadir por completo o meu espaço pessoal mas o suficiente para fazer uma descarga elétrica percorrer toda minha espinha.

Puta merda, o que se passa comigo?

Recuo mais dois passos e aliso discretamente o sobretudo.

— Ouso a questionar sobre o comportamento de mais cedo — os olhos desviam da minha face para fixar diretamente em minha bolsa. — E espero que seja sincera comigo, Srta. Portman — enfatiza enquanto senta-se na cadeira que fica defronte a que eu sento.

— Estou em meu horário de almoço, senhor — respondo tentando não soar ácida. — Podemos falar após isso?

E então é a primeira vez que Harry delineia um sorriso em seus lábios, mas era um sorriso... perverso, maligno.

Não consigo evitar engolir em seco.

E então eu percebo mais um pouquinho o que ele é, na verdade eu apenas constato aquilo que eu já desconfio, Harry Radcliffe não precisa de fazer quase nada para parecer intimidante, ele em si é uma figura que se torna automaticamente digna de respeito, temor.

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