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STEFFAN RADCLIFFE

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STEFFAN RADCLIFFE

Acabo de assinar o último dos documentos que selam o contrato com a distribuidora. Um acordo de vinte anos, garantindo metade dos lucros das vendas. No papel, tudo parece perfeito, mas por dentro, a sensação de desconforto não me deixa em paz. O peso da responsabilidade está aqui, mas não é só isso. Há algo mais profundo, uma inquietação que me corrói lentamente. Eu deveria estar contente, satisfeito até, mas ultimamente, tudo tem virado de pernas para o ar, e o medo que sinto é uma sombra constante, algo que não consigo afastar.

Tudo começou com o túmulo de Anne, minha mãe. A invasão foi um golpe duro. Ver o lugar onde ela descansa profanado mexeu comigo de um jeito que eu não esperava. Eu tento ser forte, mas a verdade é que aquilo me abalou profundamente. Não disse nada a ninguém, é claro. De que adiantaria? Sempre fui o irmão despreocupado, o engraçado, o que mantém o humor mesmo nas piores situações. 

Eu precisava ser, afinal Harry já carregava culpa e desespero suficiente, eu precisava ser o porto seguro de todo mundo. 

E como se isso não fosse o suficiente, a namorada do Harry, não faz muito tempo, recebeu um buquê de flores mortas. Um gesto perturbador, sem dúvida, e que deixou todos em alerta. Quem faria algo assim? Qual a mensagem por trás desse ato? Eu tentei não deixar que essas coisas me afetassem, mas, mesmo assim, elas me perseguem. Não importa o quanto eu tente ignorar, o medo e os terrores noturnos voltaram com força total.

O pesadelo que venho enfrentando à noite é sempre o mesmo. Estou preso em um cemitério, com as lápides se erguendo ao meu redor, enquanto uma figura indistinta me observa de longe. Tentei afastar esses pensamentos, fingi que não me afetavam, mas eles estão sempre lá, espreitando nas sombras.

Ouço a porta do escritório se abrir e Cedric Mathis, meu mordomo, entra na sala. Ele sempre foi eficiente, discreto, mas agora parece mais atento, como se também sentisse que algo está errado. Uggy, meu cachorro, entra correndo logo atrás dele, agitado como sempre, mas hoje sua agitação me parece diferente, quase como se ele também percebesse a tensão que paira no ar.

— Bom dia, Sr. Radcliffe. Já recebi a encomenda de hoje. Precisa de alguma coisa? Talvez um chá ou café antes de partir? — Cedric pergunta, sua voz calma e controlada como sempre, mas há algo em seus olhos que me faz pensar que ele está preocupado.

Giro a cadeira lentamente para encará-lo e dou um sorriso que não chega aos meus olhos. 

— Não precisa, Cedric. Já estou de saída mesmo e talvez volte só de noite.

Enquanto acaricio Uggy, minha mão treme levemente. O cachorro, normalmente uma fonte de conforto, hoje não consegue me acalmar. Há algo no ar, uma sensação de que algo está prestes a acontecer. Tento afastar o pensamento, mas ele permanece, como uma sombra teimosa.

Levanto-me e caminho até a bancada onde as chaves do meu Jeep Wrangler estão. O metal frio nas minhas mãos suadas é um lembrete de que a vida continua, independentemente dos meus medos. Pego as chaves e saio do escritório.

ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora