HARRY RADCLIFFE
A caminhada de volta para casa após a escola era como atravessar um cenário prestes a adormecer. O ambiente começava a se impregnar com o frio anunciador do inverno iminente. Uma brisa cortante se infiltrava nas minhas roupas, fazendo-me estremecer a cada passo. As árvores despidas de folhas agitavam os seus galhos como esqueletos dançantes, e o céu, tingido de tons frios, anunciava a chegada de dias mais frios.
Eu odeio o inverno como ninguém.
Os pássaros, agitados e barulhentos, pareciam zombar da minha jornada solitária. As suas vozes estridentes ressoavam no ar gelado, irritando os meus ouvidos e intensificando a sensação de solidão que me envolvia. Cada assobio e gorjeio era como uma nota desafinada em uma sinfonia melancólica, acompanhando-me na tristeza do meu caminho.
A mochila, grande demais para os meus ombros frágeis, pesava como um fardo indesejado. Os cadernos e livros dentro dela pareciam acumular não apenas conhecimento, mas também o peso dos meus próprios dilemas. A cada passo, o desconforto se intensificava, e eu via-me curvado sob a carga física e emocional que carregava nas costas.
A jornada de quarenta minutos a pé podia ser cansativa, mas, estranhamente, eu preferia-a ao agito do ônibus escolar, e para não ser acompanhando por outros colegas, preferia também seguir pelo caminho mais longo até à casa. Era o meu momento de silêncio, um período para refletir sobre essa vida conturbada que parecia tão difícil de compreender. À medida que os meus pés arrastavam no chão frio, eu me perdia nos meus próprios pensamentos, tentando encontrar respostas para perguntas que pareciam se multiplicar com cada passo.
É torturante, confesso.
Hoje, em particular, a minha raiva por minha mãe, Anne, fervia. Ela era uma boa mãe, ao menos tentava, mas havia algo sombrio pairando sobre a nossa casa. Eu sabia que, se chegasse em casa cedo demais, havia o risco de encontrar a minha mãe dormindo com o seu amante, algo que me deixava doente só de pensar.
Steffan e Íris, não foram comigo hoje na escola. Ambos haviam pegado um resfriado e, por isso, Anne havia decidido que era melhor eles ficarem em casa. Eu estava sozinho, com minha raiva e meus pensamentos pesando sobre os meus ombros frágeis.
Minha mãe, de alguma forma, tinha a capacidade de fazer-me sentir culpado. Ela deixava muito claro que preferia que o meu pai, Herodes, descontasse a sua raiva em mim do que nela. A razão disso era que ela estava grávida do seu quarto filho, e ela não queria que nada acontecesse ao bebê de sete meses de gestação que até a pouco tempo, o meu pai, sempre que chegava bêbado, berrava que não sabia se era filho do seu amante ou dele.
E toda essa confusão de gravidez, começou em uma noite escura, dessas que fazem a gente querer se encolher debaixo das cobertas e esquecer do mundo. Herodes, estava diferente naquela noite. Ele voltou do bar com um jeito estranho, o rosto vermelho e os olhos meio perdidos. O cheiro forte de álcool o acompanhava, e eu podia sentir a confusão pairando no ar.
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Chefe
RomanceHarry Radcliffe é o CEO - presidente da multinacional agência de modelos e fabricante de cosméticos, Radcliffe's, ocupando assim sua posição de homens jovens mais bem-sucedidos. Um homem com fama que faz juz a sua personalidade fria e arrogante, ad...