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HARRY RADCLIFFE

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HARRY RADCLIFFE

Dois anos de sombras, dois anos afundado em lares temporários, carregando uma carga pesada de incertezas. Dois anos espreitando a escuridão, tentando encontrar uma luz em meio às nossas vidas já fragmentadas.

Três meses passaram-se desde o meu último aniversário quando a notícia chegou como uma nuvem sombria. Uma carta amassada revelou o retorno do meu pai, saído da prisão algum tempo, agora casado e supostamente determinado a nos tirar deste pesadelo. O ar tornou-se mais denso enquanto eu lia aquelas palavras, antecipando um futuro que, de alguma forma, parecia mais sombrio do que o presente instável que conhecíamos.

A ideia de um lar "real" pairava no ar como uma promessa vazia. Eu já havia esquecido como era ter um lugar constante, uma base para ancorar as nossas vidas efêmeras. Mas a perspectiva de voltar a uma suposta normalidade não me trouxe alívio, apenas uma sensação melancólica, tudo isso lembrava-me Anne, e eu não gostava de nenhum pouco dessas memórias.

As malas já estavam abertas enquanto eu separava as poucas e quase velhas peças de roupas minhas e do Steffan, e ele observava-me com olhos inocentes, incapaz de compreender completamente a gravidade da situação. A sua mão pequena buscava a minha, em busca de conforto em um mundo que continuava a nos decepcionar.

— O pai está voltando, Steffan. Ele quer nos levar para casa — murmurei revelando, sem emoção na minha voz.

Steffan olhou para mim com uma mistura de confusão e esperança, mas os seus olhos refletiam uma vulnerabilidade que eu temia enfrentar.

— Mas isso é bom, certo? Estamos voltando para casa! — Balancei a cabeça, incapaz de compartilhar a sua ingenuidade.

Às vezes, casa é apenas um lugar para onde você vai.

E apesar dele ter sete anos, eu achava que ele já pudesse compreender isso, ainda mais porque eu podia ser ver o brilho do seu olhar, com a supostas novas famílias que nos recebiam, se apagar gradativamente assim que ele percebia que nós não éramos de facto uma família, apenas um meio deles manterem o dinheiro que recebiam do governo.

O garoto aconchegou-se contra mim, buscando calor em um abraço que não podia prometer ser eterno, mas eu faria o impossível para o ser.

— Vai ficar tudo bem, Harry? — Ele falou, suspirei, uma resposta evasiva no ar.

— Vou fazer o meu melhor, Steffan. Sempre faço, não é? — O meu irmão apenas acenou suavemente.

Enquanto eu organizava as malas, o silêncio pesava sobre nós, interrompido apenas pela respiração ainda hesitante de Steffan. Os seus olhos buscavam respostas, mas eu não tinha muitas para oferecer.

— Harry? — A voz dele quebrou o silêncio uma vez mais.

— Diga, Steffan.

— Você acha que vamos ficar bem?

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