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HARRY RADCLIFFE

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HARRY RADCLIFFE

Eram 4h da manhã e eu estava acordado, olhando a vista panorâmica de Nova Iorque pela parede de vidro do meu apartamento. As luzes da cidade cintilavam, refletindo a grandiosidade e o caos que ela sempre representava. O Ano Novo tinha acabado de ser celebrado, mas eu havia decidido passar a noite sozinho. Minha família já havia voltado para suas respectivas casas.
O Natal e a ceia eu podia suportar, mas uma data festiva a mais seria insuportável. A ideia de mais uma noite fingindo felicidade era tortura pura, então preferi o silêncio.

Com um copo de uísque na mão, olhei para a cidade abaixo, refletindo sobre os desastres que haviam se acumulado na minha vida. Cada gole era uma tentativa falha de apagar as memórias, de silenciar as vozes que me perseguiam. Eu estava acostumado com a solidão, mas, naquela noite, ela parecia mais densa, mais sufocante.

Tudo o que restava era o som do gelo tilintando contra o vidro.

Enquanto tomava outro gole, senti meu celular vibrar no bolso. Quase ignorei, no entanto, uma parte de mim, talvez a mesma parte que ainda buscava uma distração, puxou o aparelho para fora e desbloqueou a tela.

Para minha surpresa, a notificação era de ninguém mais, ninguém menos que Ruby. Ela nunca havia me enviado mensagens fora do expediente, muito menos durante a madrugada. Aquilo era um pouco inusitado, mas o suficiente para captar minha total atenção. Franzi a testa e abri a mensagem, esperando algo banal, talvez uma atualização acidental ou um erro.

Mas o que li me fez parar.

Era uma declaração, uma confissão cheia de palavras que claramente transbordavam o que ela realmente pensava de mim, eu acho. As primeiras linhas me fizeram sorrir com o canto da boca — arrogante, mal-humorado, mal-educado — tudo o que eu já sabia que ela pensava. Mas o que veio em seguida, me pegou desprevenido. Ela me chamou de gostoso e cheiroso, e disse que estava apaixonada por mim. A mensagem era um completo desastre, mas carregava uma sinceridade bruta que eu não esperava, confesso, o que me deixou convencido.

Fiquei em silêncio, olhando para as palavras na tela, processando. Eu não precisava desconfiar que ela tinha bebido, já que provavelmente ela estava na euforia das festas de ano novo, e também porque ela mesma havia feito menção, mas mesmo assim... havia algo ali, algo que ela jamais teria revelado se não estivesse sob a influência do álcool.

O que ela não sabia é que, naquele momento, suas palavras causaram um impacto que eu não esperava. E, ao contrário do que Ruby poderia ter imaginado, eu não estava ofendido. Na verdade, estava curioso. E, pela primeira vez em muito tempo, senti que tinha algo interessante para fazer.

Enquanto olhava para a mensagem de Ruby, tomei uma decisão que, minutos antes, me pareceria impensável. Iria até ela. Não havia motivo para ficar em Nova Iorque, preso em meus próprios pesadelos e angústias. Nova Iorque tinha se tornado um poço de memórias dolorosas, e qualquer desculpa para escapar, mesmo que por alguns dias, era bem-vinda.

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