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RUBY PORTMAN

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RUBY PORTMAN

Respiro o cheiro forte e maravilhoso de café assim que ele sai da cafeteira, bem fumegante; deposito o líquido em duas canecas brancas e levo para a sala.

Harry ainda não havia descido, portanto, aproveitei para iniciar a organização de sua agenda, responder e verificar os e-mails em sua e em minha caixa postal também.

E como uma boa assistente, encomendei o café da manhã - deixando em sua conta, é claro - para sairmos bem dispostos, já que faríamos uma viagem de quase seis horas para San Diego, e eu com certeza não estaria disposta a sair com o estômago vazio.

E eu pedi um café da manhã inglês, já que por alguma razão me apetecia comer muito feijão, e a quantidade de alimentos que vem, poderia ser até considerado um brunch.

Suponho que seja a minha TPM desequilibrada.

Pouco depois de eu ajeitar a mesa para receber a comida, a campainha toca e eu vou logo atender, mas para a minha surpresa, perante a porta não se encontra o entregador e sim Luna Radcliffe, a irmã mais nova do Harry.

Seus olhos verdes me analisam minuciosamente e com um sorriso em seu rosto, ela entra.

Seus longos cabelos ruivos morangos estão presos em um rabo de cavalo baixo, e ele contrasta com o seu terno feminino branco, a deixando reluzente.

Essa família foi realmente abençoada com tanta beleza.

- Eu conheço você - ela diz enquanto aponta seu dedo em minha direção. - Do jantar beneficente, certo?

- Oh sim, Srta. Radcliffe, eu sou a assistente pessoal e secretária do Sr. Radcliffe - respondo de imediato e ela balança calmamente a cabeça em sinal de afirmação.

- Ótimo, assim já sei que você não dorme com o meu irmão - sua fala é tão repentina que engasgo em seguida com a minha própria saliva.

Ela não parecia tomar consciência do quanto sua fala é mal educada, mas algo nos chama atenção, nos fazendo virar a cabeça de imediato.

- Luna! - a voz grave sai do homem que desce as escadas metálicas, e seus olhos fitam a irmã mais nova. - Peças desculpas a Srta. Portman - ele repreende.

- Mas não é uma mentira, ou é!? - ela resmunga se aproximando mais da escada à espera da chegada do Harry.

- Não voltarei a repetir, Luna - diz e a mulher volta a virar em minha direção.

- Embora não seja uma mentira, a Srta. Portman, eu não quis em momento algum a constranger, lamento se a ofendi - soa sincera mas o que me resta é apenas assentir.

- Bom, eu encomendei o café da manhã, a senhorita vai nos acompanhar? - pergunto trocando de assunto.

- Ah, claro que sim! - bate palmas entusiasmada e se aproxima da mesa de jantar que fica defronte a parede de vidro que dá acesso a visão da piscina do lado de fora.

Assim que os olhos de Harry pousam em mim, a campainha volta a tocar e eu me viro para atender.

O cheiro da comida quase me faz salivar.

- Eu vou pegar mais um prato e talheres - digo já pousando a comida na mesa, mas logo sou interrompida pelo Harry.

- Deixa que eu pego, pode se acomodar na mesa - mal termina de falar para se afastar de nós.

Luna toma outro sorriso em seus lábios, afasta a cadeira próxima a si e bate por cima do assento, me chamando para eu sentar ao seu lado.

- Vem, vamos conversar um pouquinho - emite enquanto coloca o guardanapo de tecido em seu colo. - Qual o seu primeiro nome, Srta. Portman?

- Ruby - respondo e me sento.

- Uma preciosidade, suponho - seus olhos continuam me analisando atentamente. - Você é de cá, de Nova Iorque?

- Na verdade, sim, eu e a minha mãe, meu irmão mais velho e meu pai são italianos, eu também cresci na Itália.

- Ah, então você também tem um irmão mais velho!?

- Tenho sim - seus dedos se entrelaçam e ela apoia as costas na cadeira.

- Então talvez você entenda o meu receio em ver mulheres, principalmente de tão pouca renda, se aproximando muito de Harry... - ela é novamente interrompida com o pigarreio do Harry.

No fundo, no fundo, eu até entendo a menina.

Harry é um CEO multimilionário, não deve ser raro a quantidade de mulheres que passam na sua vida à procura de darem um golpe de baú ou até mesmo um pouco de fama da família que procura fugir disso.

Compreendo a sua proteção.

Mas eu não ficarei sentada enquanto ela me ofende gratuitamente.

- Eu não tenho o hábito de dormir com os meus patrões, Srta. Radcliffe, e se eu estivesse dormindo com o Sr. Radcliffe, certamente a senhorita não descobriria, não sei se está habituada a estar com pessoas pouco profissionais mas eu não sou essas pessoas, e tenho certeza que se fosse, quem deveria se preocupar com isso é o Sr. Radcliffe, já que eu trabalho para ele e não para si - respondo e levanto da cadeira.

Alcanço o Harry e pego a louça que ele carregava, para então arrumar tudo a frente de Luna que ainda me encara surpresa.

- Espero que goste de café da manhã inglês, é o meu preferido, principalmente quando preciso enfrentar longas horas sem comer - digo - vou pegar uma travessa de porcelana para depositar o feijão, antes que suje a toalha de mesa, com licença.

Quando retorna à sala, Luna está cabisbaixa e Harry a observa sem deixar muito transparecer as suas emoções.

- O jato executivo levanta voo às 08h, tenho algum compromisso hoje, Srta. Portman? - Harry perguntou assim que volto a me sentar.

- As seis da tarde terá um jantar com o Sr. Chevalier, e pela manhã a reunião na filial com ele também - digo enquanto me sirvo.

- Eu não me recordo desse jantar - comenta curioso.

- Ele é um novo cliente, Sr. Radcliffe, e pelo que estive investigando durante o meu trajeto para cá, ele é bem renomado na elite francesa, achei conveniente o convidar para um jantar para se conhecerem melhor.

- Nós iríamos nos conhecer qualquer forma, só que com a caneta preparada para assinar o pagamento dos serviços que a Radcliffe's oferece - rebate e eu o olho.

- Certo, percebo, senhor, mas ele é um cliente bastante promissor e correr o risco de o perder por causa de sua arro..., quer dizer, por causa de outros concorrentes, é inviável, e ele não parece ser o tipo de pessoa muito maleável - finalizo e ele dá por fim a conversação.

Comemos todos quietamente e Luna não voltou a dirigir alguma palavra a menos que lhe fosse perguntado algo, o que Harry não hesitou em fazer, já que estava em sua casa pela manhã cedo.

Segundo ela, as aulas na universidade foram suspensas por hoje e ela não sabia que Harry viajaria, já que Steffan a notificou que ele se encontrava em casa e ela certamente não queria voltar para o seu lar.

Então, depois de acabarmos a nossa refeição, saímos da penthouse para o carro de Harry que nos esperava frente à entrada principal com o seu motorista ao lado.

Deixamos primeiro a Luna em seu condomínio luxuoso onde vive com o Sr. Herodes e a Sra. Rosie, seus pais, onde se localiza quase ao lado da Universidade de Columbia e partimos então rumo ao aeroporto.

O jato executivo preto é completamente deslumbrante, e eu evito deixar muito transparente as minhas emoções para não ficar muito evidente o quanto a minha renda é baixa para ter a oportunidade de desfrutar de um jato particular, e de sustentar também.

ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora