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HARRY RADCLIFFE

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HARRY RADCLIFFE

Durante muitos anos eu sempre refleti, com muita culpa, se o fato de eu sempre recusar em ir à igreja aos Domingos com a minha mãe, quando eu era pequeno e a nossa família ainda era minimamente decente, resultou em todas as catástrofes que agora penduram na minha vida, na minha família.

Eu já pensei muita coisa, e por isso, nunca soube definir muito bem se eu acredito ou não em Deus, mas com certeza sei que estou pagando por alguma coisa que fiz, seja quando eu era criança ou talvez em vidas passadas.

Olhando agora para as pessoas que se acomodam na minha casa, todos muito felizes, rindo, se divertindo, e eu distante como se caso eu me aproximasse pudesse estragar absolutamente tudo, chego a conclusão que sim, a melhor coisa que sempre fiz foi me afastar, manter-me recluso na minha própria insignificância.

— Acho tão adorável quando a Sade obriga você a usar essa toca de Papai Noel. — Mackie comentou assim que se aproximou de mim, tocando ligeiramente no pompom que fica na ponta da toca.

— Tenho certeza que você não quer que eu me sinta mais estúpido do que eu realmente estou, não é? — Respondi enquanto engolia o uísque restante do copo, entretanto, Mackeline não se deixou afetar pela minha frieza, apenas sorriu e sentou em cima do balcão da cozinha enquanto observava comigo a nossa família organizando a mesa para o jantar.

— Sabe, Harry, estou feliz que tenha aceitado a comemoração, mesmo com toda a sua relutância. — Riu. — A mãe havia comentado com o Herodes que estava com um mau presságio. — E então o seu sorriso desapareceu, e eu certamente não estava achando nada daquilo tranquilizador. — De qualquer maneira, é bom que estejamos todos juntos, nem que seja numa data meramente comercial.

— Touché! — Respondi.

Eu sempre fui o observador da Mackeline, mesmo quando ela não percebia. Ela era uma dessas figuras serenas, sempre pairando entre o mundano e o etéreo, com uma doçura que eu nunca entendi, mas admirava. Ela nascera logo no início do casamento entre Herodes e Rosie, quando ele ainda tentava segurar o que restava da sua sanidade, depois de anos de alcoolismo. Ela era a prova viva de que, pelo menos, por um breve momento, ele conseguira vencer os seus demônios. Três anos depois, veio Luna, e Mackie já se mostrava uma criança peculiar, com uma sensibilidade que a destacava.

Mackeline e eu sempre fomos opostos. Enquanto eu carregava uma frieza quase cirúrgica, ela era pura emoção e espiritualidade. Mas, ironicamente, foi essa diferença que nos aproximou. Quando descobrimos o câncer dela, eu tornei-me o seu cuidador, mesmo que de maneira relutante. Ela não confiava em Herodes, e Rosie e ela sempre mantinha uma certa distância — no qual eu nunca entendi muito bem, e já que ela não se abria comigo nesse aspeto, nunca investiguei a fundo —, então sobrou para mim ser o ombro em que ela se apoiava. E, estranhamente, era algo completamente mútuo.

Agora, eu encarava-a. Os cabelos dela começavam a crescer de novo, uma fina camada de fios que, de alguma forma, pareciam mais vibrantes do que nunca. A pele, antes pálida e doente, agora ganhava uma tonalidade rosada, bem mais saudável. Era como ver a primavera depois de um inverno brutal. Mackie, sempre perspicaz, percebeu o meu olhar. Ela virou para mim, uma expressão curiosa no rosto.

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