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RUBY PORTMAN

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RUBY PORTMAN

Entre lembranças turvas e fragmentadas, a sensação de confusão se ergue novamente dentro de mim. É como se um véu sombrio fosse puxado sobre a memória, trazendo de volta aquela tarde peculiar e inquietante. Vejo-me novamente no escritório, o ar denso de tensão enquanto as palavras do meu chefe ecoam na minha mente.

As rugas profundas na testa de Harry não passaram despercebidas naquele dia. Os seus olhos, normalmente fixos nas telas do computador ou nas planilhas de dados, estão perdidos em algum lugar distante. Cumprimento-o com a minha habitual gentileza, mas seu sorriso é pálido e forçado, mal alcançando os seus olhos cansados. Um silêncio estranho paira no ar, como se palavras não ditas ocupassem mais espaço do que aquelas que são compartilhadas.

Revivo a cena, os meus pensamentos confusos enquanto relembro cada detalhe. Lembro-me do jeito que a caneta de Harry gira entre os seus dedos, uma tentativa inquieta de encontrar alguma distração naquele momento estranho. A conversa que nunca aconteceu martela na minha mente, deixando-me ansiando por respostas que nunca vieram.

E então, as imagens mudam, e estou no avião, voltando para Nova Iorque. O ronco constante das turbinas cria uma trilha sonora monótona para meus pensamentos tumultuados. O assento ao lado de Harry permanece vazio, uma barreira invisível entre nós. Lanço olhares furtivos na direção dele, na esperança de que ele quebre o silêncio opressivo que paira sobre nós.

No entanto, as palavras permanecem enterradas em meu peito, nunca pronunciadas. Harry permanece recluso na sua própria esfera de preocupação silenciosa. Posso sentir o desconforto crescendo dentro de mim, uma inquietude que se mistura com a preocupação pelo meu chefe e a perplexidade em relação a tudo o que não está sendo dito.

Essa lembrança deixa-me ainda mais confusa agora, ao relembrá-la. Pergunto-me o que Harry escondia naquele dia, porque ele estava tão distante, tão desligado do mundo ao seu redor. Aqueles sentimentos de perplexidade e incerteza misturam-se como tintas em uma paleta, formando uma imagem embaçada de confusão e preocupação que não consigo esquecer.

Sei que Harry nunca foi um homem de muitas palavras, mas naquele dia, a sua quietude estava carregada de um peso que me deixava ansiosa. O voo de volta a Nova Iorque foi tranquilo no sentido físico, mas emocionalmente, foi um turbilhão de pensamentos e emoções inquietantes.

Levantei finalmente da cama com um suspiro, sentindo o choque do chão gelado sob os meus pés descalços enquanto me dirigia à imponente janela do meu quarto. A cidade se estendia diante de mim, mas minha mente ainda estava em algum lugar distante, vagando entre pensamentos desconexos.

Com um último olhar para a paisagem urbana, fechei a janela e me encaminhei para o banheiro.

A higiene matinal foi rápida, evitando molhar o meu cabelo que estava perfeitamente arrumado. Enrolei a toalha ao redor do meu corpo e permiti-me um momento para respirar fundo. A rotina estava se desdobrando, e eu estava prestes a abraçar mais um dia repleto de obrigações.

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