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HARRY RADCLIFFE

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HARRY RADCLIFFE

Acordo com o som das vozes lá em baixo, um eco irritante que atravessa o meu sono como uma faca afiada. Eu já sei quem são, é claro. A família Radcliffe.

Revirei os olhos enquanto verificava o despertador ao lado da cama. Seis da manhã. A hora em que a maioria das pessoas ainda está sonhando com mundos melhores. Mas para mim, é apenas o início de mais um dia de luta contra os fantasmas que insistem em me assombrar.

Todos os dias são os mesmos. Pesadelos que me arrastam para os abismos do meu passado, onde o medo e a angústia reinam soberanos. A equipa terapêutica diagnosticaram-me com estresse pós-traumático, o que já não foi uma surpresa emocionante para mim.

Como se um rótulo pudesse encapsular o terror que se desenrola dentro de mim todas as malditas noites.

A minha psicóloga e o meu psiquiatra até tentam. Prescrevem uma coleção de comprimidos que prometem alívio, mas que, no final das contas, são tão eficazes quanto açúcar em água quente. Noites mal dormidas se tornaram o meu pão de cada dia, uma tortura que suporto como um fardo indesejado, ao menos, fico aliviado que Steffan não passa pelos mesmos terrores noturnos, ou talvez ele prefira nem me contar.

E acrescento que dormi com a Ruby não foi fácil, se é que posso ser mais simplista do que isso, ela dormiu assim que teve o seu último orgasmo, já eu, passei a noite inteira observando-a, temendo que presenciasse um dos meus surtos noturnos. Fiquei ali, à margem do sofá disposto na parede, observando a sua respiração serena, temeroso de me entregar ao sono e desencadear o caos que se esconde dentro de mim. Foi somente quando os primeiros raios de sol coloriram o céu que me permiti se juntar a ela e fechar os olhos, mesmo que apenas por um breve instante.

Agora, é hora de enfrentar a minha família barulhenta. Levantei-me com relutância, preparando-me para receber os seus sorrisos radiantes e as suas preocupações bem-intencionadas. Eles não entendem. Não podem entender com clareza a escuridão que me cerca, os demônios que me perseguem até nos momentos mais silenciosos da noite, apenas sentem, mas não compreendem.

Peguei um robe de algodão que descansava no mesmo sofá ao lado da parede e calcei as pantufas ao lado da minha cama, porque apesar da casa toda ser esquentada pelos aquecedores durante o inverno, o chão ainda estava completamente frio, além do mais, isso evitaria que a minha madrasta ficasse paranoica e me mandasse voltar a subir para calçar alguma coisa como se eu fosse ainda um garoto de seis anos.

Desci as escadas por fim com passos pesados, as vozes começaram a ficar mais alta e o cheiro de bolo e café ainda mais evidente por todo o espaço. E maldita sejam elas, porque sabem muito bem que eu não resisto nenhum pouco a café e muito menos a bolos.

— Bom dia, querido irmão, que bom que nos agraciou com a sua esplendorosa presença. — Steffan foi o primeiro a me ver, assim como a se pronunciar, apenas o ignorei e fui em direção a Sade que brincava no centro do meu tapete.

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