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RUBY PORTMAN

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RUBY PORTMAN

Apesar da inconveniência inicial, e a situação estranha na varanda, o jantar começou a correr surpreendentemente bem. Eu vi-me acompanhando Harry durante toda a conversação com os mais possíveis sócios, e todos pareciam estar à vontade o suficiente para descontrair na penthouse do CEO da Radcliffe's.

À medida que a noite avançava, a tensão que também antes pairava no ar começou a se dissipar gradualmente. Fernand também havia diminuído a sua postura defensiva. Ele ainda mantinha um olhar atento sobre Harry, mas pelo menos a sua atitude estava mais amena em relação a mim.

E Montes Hannah, que no início havia demonstrado alguma hostilidade em relação a mim, agora estava completamente imerso em conversas com outros convidados. Parecia que ele finalmente estava se entregando ao espírito da noite, facilitando o meu trabalho e dando uma trégua para a minha paciência.

Era como se todos tivessem decidido temporariamente deixar de lado as suas diferenças pessoais em prol de uma noite agradável.

E com isso, a atmosfera descontraída do jantar começou a contagiar os demais convidados. As conversas fluíam animadamente, o vinho e o uísque circulavam livremente e todos pareciam desfrutar da culinária excepcional preparada pelo chef.

Enquanto a noite avançava e o jantar se desenrolava com sucesso, eu mantive-me ocupada tentando manter tudo em ordem. Era minha responsabilidade garantir que o evento ocorresse sem problemas, e isso incluía anotar futuras reuniões, verificar se tudo estava correndo bem entre os funcionários e manter um olho atento em todos os detalhes.

Harry Radcliffe continuava a brilhar como anfitrião, e eu acompanhava-o de perto, certificando-me de que as suas necessidades fossem atendidas e que os convidados estivessem satisfeitos.

Ele estava no seu elemento, discutindo negócios e fazendo conexões importantes. Era evidente que a sua reputação estava mais uma vez em jogo, e ele estava determinado a causar uma impressão ainda mais positiva, apesar da falta de expressão no seu rosto bonito, e com isso, uma parte de mim permanecia cética, consciente de que as aparências podiam ser enganosas.

À medida que a noite avançava, o relógio marcava oito horas e os convidados começavam a se preparar para partir. O meu querido chefe, com a sua habilidade natural em lidar com pessoas e falsa simpatia, agradeceu a todos pela presença e pelos frutíferos diálogos de negócios que haviam ocorrido.

Observar os convidados se despedindo e deixando a penthouse, tomou sensação de alívio em mim. O evento havia sido um sucesso, e eu poderia ir para casa, apesar de serem duas da manhã, então, era um pequeno triunfo, considerando os desafios.

Afastei-me do homem de terno que me liberou do seu toque constante.

Comecei a caminhar em direção ao lavabo, aliviada por ter um breve momento de privacidade para recolher os meus pensamentos e fazer xixi, porém, antes que eu pudesse alcançar a porta, fui surpreendida pelo empurrão de Fernand. Ele me forçou a entrar no lavabo e fechou a porta atrás de nós, trancando-nos ali dentro.

— Precisamos conversar, Ruby — ele disse com uma expressão sombria.

— Você está maluco? Abra imediatamente esta porta, Fernand, ou vou gritar tão alto que todos lá fora vão ouvir. — Ameacei, contudo, ele parecia nada disposto a ceder. Os seus olhos exibiam uma mistura de rancor e curiosidade, como se ele estivesse tentando entender algo que o perturbava profundamente.

— Eu vi você, Ruby. Eu vi você e Harry a noite toda. O meu pai até havia me avisado, e eu não sei o que está acontecendo, mas você vai explicar-me agora. — Ele falou bem mais alto, a sua acusação pegou-me de surpresa, e o meu rosto se contorceu em incredulidade.

O som da bofetada no seu rosto foi mais rápido que a minha perceção de que eu havia deixado uma bela marca vermelha no seu rosto, porém, Fernand pareceu mais chocado do que ferido pela minha ação.

Antes que a situação pudesse escalar ainda mais, a porta do lavabo foi abruptamente aberta, e Harry apareceu na entrada, com uma expressão gélida no rosto. O seu olhar varreu a cena lentamente.

Com um tom de voz que não admitia contestações, ele ordenou:

— Largue-a, Fernand, imediatamente. — Ele ordenou.

A intensidade na voz de Harry fez com que a atmosfera no lavabo se tornasse ainda mais carregada. Fernand, surpreso e momentaneamente desarmado pela aparição repentina de Harry, soltou o meu braço. Eu afastei-me dele, ainda com a respiração acelerada, enquanto Harry olhava para Fernand com uma intensidade que deixava claro várias coisas, como talvez que estava preparado para o agredir.

Fernand lança um último olhar furioso na minha direção, se afastando em seguida e deixando o lavabo, me abandonando com um Harry que se virou para mim com um olhar que irradiava fúria contida.

— Ruby, você está completamente fora de controle! O que diabos estava acontecendo lá dentro? — ele esbravejou mais alto do que alguma vez eu havia ouvido ele falar.

Eu me senti invadida por uma mistura de emoções, incluindo raiva e frustração, e sobretudo vontade de o tapear também.

— Harry, eu estava apenas tentando entrar no lavabo quando Fernand me empurrou para dentro e trancou a porta! Ele estava acusando-nos de algo que não existe! — explodi, defendendo-me.

— Não importa o que Fernand fez. Não deveria ter dado uma bofetada nele. Isso só piorou as coisas. — Harry passou uma mão pelos cabelos escuros, visivelmente tentando se acalmar. No entanto, sua raiva ainda era evidente.

Eu sabia que ele estava certo em parte, mas não conseguia evitar sentir que a minha reação era compreensível dadas as circunstâncias, afinal, eu não deveria defender-me? Fechei os olhos e respirei fundo.

— Harry, eu não podia deixá-lo me acusar de algo que não é verdade. E eu não vou ficar aqui para ser interrogada por você. Eu vou embora. — Eu disse determinada e eu comecei a dirigir-me para a porta do lavabo.

No entanto, antes que eu pudesse sair, Harry bloqueou o meu caminho, o seu rosto próximo ao meu e a sua voz reduzida a um sussurro ameaçador.

— Ruby, você não vai a lugar algum nesta madrugada. Está tarde e não é seguro. Além disso, você é minha assistente pessoal, e eu não posso simplesmente deixar você sair assim.

Eu podia sentir a raiva de Harry, mas eu também era conhecida por minha determinação, e ele deveria saber, principalmente porque eu já havia colocado na minha cabeça que eu NÃO DORMIRIA NA CASA DELE, e eu não estava disposta a ceder dessa vez.

— Harry, eu não sou propriedade sua, e você não pode me proibir de sair quando eu bem entender. Eu vou embora, e você não pode fazer nada para me impedir.

O nosso olhar encontrou-se num impasse. A tensão entre nós era palpável, mas eu estava determinada a não ser controlada ou restringida por ninguém, não importa quem fosse. O empurrei com força suficiente para ele se afastar, mas o moreno agarrou o meu braço de supetão e me levantou facilmente, me colocando sobre os seus ombros como o seu eu fosse um saco de batata.

— Harry, o que você está fazendo? Me coloque no chão imediatamente! Eu vou gritar. — Ameacei, porém, o maldito filho da mãe começou a andar em direção às escadas.

— Grite o quanto quiser, Ruby. Não há ninguém aqui em casa além de nós. Ninguém para ouvir você. — Tentei debater-me, mas suas mãos fortes seguravam-me com firmeza. A sensação de impotência só aumentou a eletricidade no ar quando a sua enorme mão depositou uma forte palmada a minha bunda, me fazendo reprimir um grito.

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