"O que incomoda é esta fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada."
Caio Fernando Abreu
Angel
Fevereiro de 2012
Não disse que meu ano de 2010 foi o começo do meu purgatório? Pois então, vocês ainda não viram foi nada. E pensar que a ingênua aqui ainda sonhava que as coisas poderiam melhorar com o tempo. Rá, lendo engano. Os meses foram passando e os anos também. Nick cada vez mais distante. Agora estava trabalhando em uma pequena empresa em ascensão de seu namorado turco Murat. Um cara bonito e legal, que me trata bem e com respeito.
Nick parecia visita em casa e quase não nos encontrávamos. Tanto que um dia ela apareceu com um celular para me presentear, alegando que assim poderia se comunicar comigo quando precisasse. Ano passado ela bem que tentou se mudar para um apartamento mais amplo e vistoso, mas eu bati o pé e dessa vez não aceitei sair da casa que minha avó lutou tanto para comprar. Também tinha o instituto que ficava perto de casa e minha escola.
Pois é. Consegui arrumar uma escola pública perto de casa, mas não sei o que acontece comigo. Os alunos do colégio me olham estranho desde o primeiro dia de aula e parecem sentir medo de mim. Me sinto como um ET, porque vivem me olhando assustados e cochichando quando passo. Vai entender!
Um dia peguei um grupinho falando de mim e diziam que eu era muito estranha. Alguns falavam que me achava metida por ter estudado em escola de granfinos. Eu metida? Nunca fui. Tímida ao extremo sim, mas metida não. Infelizmente nada mudou com relação a minha vida social nesses anos que se seguiram. Acabei concluindo que o problema está é comigo.
E foi aí que por causa da solidão um belo dia me aparece MMA na minha vida. Na época achei que estava ficando louca e pensei até pedir para Nick marcar um psiquiatra, ou pedir no instituto para a Sra. Olga me ajudar de alguma forma. Devem estar se perguntando, quem seria essa MMA? Pois bem, na verdade não é uma pessoa de carne e osso e isso minha MENTE MALÉVOLA ATORMENTADA. Sim, é isso mesmo. MMA não é nada mais nada menos que minha mente.
Ela aparece de vez em quando. E quando ela resolver aparecer por aqui relaxem. Ela é ácida sim, mais sou eu mesma tentando imaginar alguém para bater um papo ou discutir vários assuntos. Ou até mesmo brigar de vez em quando, já que Nick nem isso faz mais.
Ela me ignora completamente e isso me magoa imensamente. Fico pensando, por que minha mãe me odeia tanto e senti prazer em me afastar cada vez mais dela? Ela só pode me odiar, não tem outra explicação para tanto descaso. Vovó disse em seu leito de morte que minha mãe me amava, mas a coitadinha com certeza estava enganada.
Queria tanto ter uma mãe que fosse minha amiga, que me desse carinho, me apoiasse, mas pelo visto não tenho esse direito na vida. Caminhava tranquilamente pela rua voltando para casa depois de dar minhas aulas de balé no instituto - sim, agora sou voluntária lá e dou aulas para as crianças - quando meu celular toca avisando de uma mensagem. Tiro-o da mochila curiosa e veja que é uma mensagem de Nick.
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ESCRAVA DO AMOR (trilogia Escravos) Livro 01
RomanceVenho-lhes contar a história da doce e solitária Angeline Clark, que vê sua vida mudar totalmente quando sua mãe Nicolle a obriga a morar com seu até então desconhecido pai biológico, o Governador de Nova Iorque Jonathan Zhimerman. Mesmo contra sua...