Angel

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"Chego a chorar, mansa de tristeza. Depois levanto e de novo recomeço" Clarisse Lispector

Angel

Acordo bem cedo no Domingo, pois meu celular berrava alto em algum lugar dentro do quarto, e chego à conclusão que deveria tê-lo desligado ontem, antes de pegar no sono

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Acordo bem cedo no Domingo, pois meu celular berrava alto em algum lugar dentro do quarto, e chego à conclusão que deveria tê-lo desligado ontem, antes de pegar no sono. Não estava a fim de conversar e nem ver ninguém.

Na verdade, queria ficar trancafiada em meu quarto o Domingo inteiro como sempre faço quando algo terrível acontece, me recuperando para recomeçar na Segunda-Feira um pouco mais forte. Todavia, pego meu celular nas mãos mesmo contra a gosto e olho na tela para descobrir quem me ligava. Quando vejo a foto de July sorridente no visor, resolvo atender, pois ela deve estar preocupada comigo, e eu não podia desfazer da minha amiga.

— Fala July – atendo-a com a voz rouca e fraca, pelo sono interrompido.

— BOM DIA AMIGA – o retorno de July foi com um grito eufórico do outro lado da linha, que fez saltar de susto na cama e acordar de vez. Acho que Jack e ela pensam que sou surda, só pode — Sei que deve estar cansada e querendo dormir, mas foi papai quem pediu para ligar – justifica-se — Sabe o que é? Ele gostaria de assistir pessoalmente a coreografia que você apresentará no baile de caridade, para coloca os efeitos no lugar certo. Então.... Se você puder vir aqui em casa para conversarmos e resolvermos tudo direitinho seria bom. O que acha?

— Minha nossa. E o baile é daqui alguns dias. Ah Deus, será que vai dar tempo do seu pai fazer algo? – pergunto preocupada, me sentando na cama.

— Meu pai é fera na computação gráfica. Não é a toa que sua empresa é a maior e mais conceituada do país. Em um pistar de olhos, e um bom computador na sua frente, ele cria coisas lindas em minutos – afirma, toda orgulhosa — Venha para cá e você vai ver! Ele já criou alguns efeitos e quer ver como fica adaptando a sua coreografia.

— Uau. Está bem então. Irei só tomar um banho e já vou – aviso eufórica.

— Estamos te esperando. Vou ligar para as meninas virem para cá também. Depois podemos ficar de bobeira, assistir alguns filmes enquanto comemos guloseimas feitas pelas mãos mágicas da minha mãe.

— Faça isso. Daqui a pouco chego. Um beijo.

Desliguei o celular e corri para o banheiro, um pouco mais animada. Seria melhor mesmo sair e fazer o que mais amo no mundo, que era dançar e ficar com minhas amigas. Tomei meu banho e me arrumei rapidamente.

As meninas também estavam empenhadas em arrecadar doações para as instituições de caridade, principalmente para o orfanato que a gente frequenta e já ama. Pego minhas sapatilhas de balé, o DVD com a música que escolhi para fazer a apresentação, e coloquei tudo dentro da bolsa.

Desci correndo os degraus da escada e já estava saindo porta afora, sem dar satisfações. Ninguém se importava comigo mesmo, então, porque me preocupar em dar satisfação? Entretanto, naquela manhã pelo visto foi diferente. Pois, quando estava abrindo a porta da frente e seguindo em direção a garagem para pegar o carro, escutei Olívia me chamando ofegante.

ESCRAVA DO AMOR (trilogia Escravos) Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora