Capítulo: 2

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Naturalmente, Dulce e a Mãe não permitiram que as ambições e os negócios de seu pai, alterassem o estilo de suas vidas. No verão passado, uma excursão pela Europa, gastando os frutos da nova riqueza, enquanto o velho e bom patriarca continuava fumando charuto fedorento e pagando as contas.

Fernando Espinosa se considerava uma alma tolerante. Acompanhava o ritmo das viagens da Mulher e da filha por intermédio de ocasionais cartões-postais ou rabiscos sumários enviados às pressas pela esposa. Ambas, a Sra. Espinosa e sua elegante filha davam vazão aos seus desejos, sabendo que ele estaría ocupado demais fabricando dinheiro para sentir falta das duas. Fernando fazia viagens diarias ao banco e duas visitas semanais a uma bela e jovem viúva cujo marido havia morrido em um acidente em uma das minas do Lucky Strike que se romperá.

Aquele arranjo tácito vinha durando algum tempo em aparente harmonia.

Mas no fim da primavera, ao se encontrar com um velho amigo de Chicago, na Bolsa de Valores de San Francisco, Fernando soubera que a esposa estava empurrando sua filha para os braços de um janota que ela considerava um bom partido.

Claro que ele não tinha nada contra dinheiro. Porém era um homem que havia vencido na vida por sí próprio e "Orgulho" Era sua marca registrada. Sua reação imediata, ao ouvir o nome da filha ligado ao efeminado Sr. Paco Álvarez, forà de revolta. Seu temperamento havia se incendiado, elevando-se mais do que as quentes temperaturas geotérmicas do interior das minas. Com a velocidade de um repentino tornado que periódicamente destelhava as Igreja e as casas de Virginia City, resolvera investigar o assunto.

Uma enxurrada de correspondências tinha se seguido entre a Sra. Espinosa, que quando solteira, assinava Blanca Saviñon, e o magnata de origem Mexicana e Irlandesa. Com Veemência, Fernando afirmava que sua única filha não se casaria com qualquer um que tivesse medo de trabalho.

É claro que a esposa não concordava com o marido bombástico que há desposara vinte anos antes. Não lhe poupara adjetivos, tais como antiquado e grosseiro. E tinha ameaçado pedir a anulação do casamento caso ele insistisse naquela atitude insensata.

Fernando, em troca, havia lhe cortado as linhas de crédito, diminuindo a mesada pela metade e prometido vender a casa de Chicago se ela e Dulce não pegassem o primeiro trem que vinha do Oeste.

Blanca não estava certa se queria viver novamente ao lado do marido. Porém tinha certeza de que queria gastar o dinheiro dele. Então obedecera, trazendo a filha consigo. Agora, ela desfazia as malas no andar superior.

O brilho ferino no olhar do pai Fez Dul experimentar a mesma sensação de insegurança que sentia após tomar algumas taças de Champanhe.

-- Papai, eu lhe asseguro, Paco Álvarez não significa nada pra mim. Não precisava se aborrecer em nos chamar de volta. Mamãe e eu estávamos no meio de uma maravilhosa temporada. - Dulce curvou os lábios em um sorriso astuto e seus olhos Cor de Mel cintilaram em um tom avermelhado. - Está satisfeito agora que soube das noticias da minha própria boca?

- Não Dul, não estou.

Fazendo uma carranca, ele fechou as mãos grandes e carnudas às suas costas. Tanto ele quanto Dulce eram de um mesmo tom de cabelo, teimosos e acostumados a agir à sua própria maneira. Sempre se confrontavam quando estavam juntos e aquela tarde não seria exceção. Fernando clareou a garganta e, mastigando a ponta do charuto, estudou o quebra-cabeça à sua frente.

Olhando para filha, sentiu uma pontada de pesar. Não tinha acompanhado sua pequena Dulce María se transformar na mulher mais linda que ele já pusera os olhos.

-- Foi bom não ter puxado a mim, más do que puxou Dulce María. - Ele riu, comparando mentalmente seu físico aventajado, de tórax estufado, à delicada elegancia da filha.

Ela também não se parecía muito com a mãe. Talvez as feições suaves lembrassem as de Blanca, pois ambas tinham as maçãs do rosto altas e um brilho intrigante no olhar assim como a altura. Mas a cor da pele e a cor dos olhos meios a vermelhados vinham de Fernando.

Dul deu de ombro, seus dedos brincavam com o cordão da cortina. Sabia que o paí sempre quisera um filho homem.

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Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora