Capítulo: 32

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-- Agora sou eu que estipulo a aposta. - A voz máscula soou carregada de ironía. - Suas anáguas pelos Duzentos dólares que perdi pra vc.

Ela o encarou à luz dos primeiros raios da aurora. Alfonso pretendia deixa-la nua! Ou quê!?

-- Alfonso pode ficar com o dinheiro se devolver as minhas roupas.

-- Não, Dul. Minha linda Dulce, minha delicada Dulce, a mais doce Dul em toda a cristandade. - ele declarou em tom eloquente e com uma das Mãos no coração. - Eu ás ganhei honestamente. - E começou a rir outra vez, sem tirar os olhos dela um so instante.

Um choramingo escapou da garganta dela, como um animalzinho indefeso que reconhece sua impotência diante de um predador.

-- Lembre-se que sou novata no jogo.

-- Todos têm que aprender as regras algum dia. - respondeu ele com aparente indiferença e a mente focalizada nos seios dela

Em algum lugar daquela guerra de nervos, Ela cruzou uma linha invisivel. Se Poncho pretendia seduzi-lá ante de libertá-la pela manhã, não o deixaria rir por último. Não haveria vitimas ou derrotados. Mas se houvesse, não seria ela, decidiu.

Ao descartar duas cartas, ele a fitou confiante e notou uma mudança sutil no semblante de sua linda oponente. Não estava mais encolhida como uma donzela assustada. Corrigira a postura e seus olhos esquadrinhavam as cartas como um veterano trapaceiro. A pele cremosa de seus ombros e seios brilhavam a luz amarela da lamparina.

-- Muito bem. Vejamos como vc fica sem algumas das suas roupas. - disse ela, inocente demais para perceber que ficar nu na presença dela não significava nenhum castigo para ele. Sua ousadia devia-se a ter em mãos uma quadra de oitos. - Quero seus duzentos dólares, suas botas, casaco, e calça em troca das minhas anáguas, meias e ligas.

-- Certo. Se vc insiste... - disse ele, tamborilando no tampo da mesa e perecendo bastante distraido.

-- Mostre as suas cartas. - pediu Ela, erguendo o queixo em desafío.

-- Muito bem. - Poncho baixou ás cartas, uma de cada vez. - Olhe-as e lamente minha querida.

O sorriso dela enfraqueceu mais rápido que um cão de padaria se enfiando em uma cova. Todas as suas esperanças de vencê-lo e expô-lo ao ridículo esvaineceram-se. Com a face livida ela baixou suas cartas em silêncio.

-- Suas cartas não são boas o bastante. - disse ele compreensivo.

-- Não espera, de fato, que eu me dispa na sua frente! - ela exclamou.

-- Hora de pagar o que deve douçura.

O tom de voz suscitava todas as coisas que ela mais temia. Onde estava sua coragem agora? Pensou desesperada. Umidecendo os lábios, olhou ao redor do quarto, procurando um buraco pra se enfiar.

-- É claro que se não honrar as suas dividas... - continuou  Ele, recolhendo as cartas.

-- Eu nunca volto atrás nas minhas palavras.

-- É mesmo? - perguntou ele sarcástico. Ela ergueu-se e dirigiu-se ao biombo.

-- Não! Volte Dul. - o comando na voz dele a fez virar-se como uma marionete nos fios. - Se tivesse ganhado nossa pequena aposta, duvido que me deixaria ir atrás desse biombo.

Ela apalpou as fitas que lhe sustentavam as anáguas. Uma de cada vez, estas foram deslizando para o chão. Poncho não tirava os olhos das linhas perfeitas do corpo dela e de repente, ela percebeu o que aquela penalidade lhe custaria.

A quarta anágua caiu. Dul estava agora apenas com um espartilho, chemise e calçolas. Meias de seda com rosetas bordadas e ligas azuis exibiam as mais bonitas pernas que Alfonso já vira.

-- Pronto! - disse ela, cruzando os braços sobre os seios num gesto protetor. - Esta satisfeito?

-- Sua aposta incluia as meias e as ligas. - disse ele. Honesto é justo meu amor.

Sem tirar os olhos do príncipe das trevas que a havia atraído para aquele empreendimento impetuoso e arriscado, ela sentou-se retirou as peças e as atirou na direção dele.

-- Levante-se. - disse ele espreguiçando-se na cadeira.

Dulce o fitou confusa. O que mais ele quería? Perguntou-se.

-- Ainda esta usando o maldito espartilho. - Disse ele. Ela desatou o espartilho e o deixou cair o tapete.

Com as mãos unidas sem súplica inconciente, encarou a estrutura feita de barbatanas de baleia como se fosse tudo que restasse entre ela e a ruina completa.

Poncho ergueu-se, atraido pela encantadora criatura que se encontrava de pé, vestida apenas com um chemise de seda e calçolas. Os grossos cabelos castanhos caiam ao redor dos ombros. A competição havia acabado e ele saira vencedor. Dulce María estava tremendo diante dele.

Incapaz de se conter caminhou na direção da esposa com deliberados passos lentos.

-- Ah, Dulce, que mulher perigosa vc é. - sussurrou, inclinando-se para inspirar o nebriante perfume feminino.

Cristo! O que estava fazendo? Seria tão tolo a ponto de deixar seus instintos mais primitivos sobrepujar-lhe o ego? De repente, percebeu que o real perigo não residia naquela mulher tentadora, mas em seu próprio egoísmo.

Apenas Cinco anos os separavam em idade, contando que ela faria 18 anos em breve, porém em experiência de vida havia uma enorme cratera entre os dois. Podia perceber que ela se sentia atraída... Fascinada por todos os seus movimentos. Mas era uma jovem emocionalmente despreparada para dar o próximo passo. Maldição, ela nem o considera como seu marido!

Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora