Capítulo: 65

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Fernando Espinosa saiu pisando fundo do elevador da mina, com Lewis atrás de sí. As botas, corbertas de lama. Estivera visitando os vários poços da mina desde as 05:00hrs da manhã e constatara que todas estavam inundadas. Havia demitido uma das equipes no dia anterior e ao que tudo indicava, teria de fechar mais um poço.

Eram apenas 08:00hrs da manhã e Fernando já sentia o fardo do desânimo. Ñ conseguia atinar em uma solução para o poblema.

Tudo por causa das infiltrações. As bombas de sucção funcionavam a todo vapor durante 24horas, mas aínda assim, estava perdendo terreno a cada dia. Ñ lhe servia de consolo saber que ñ era o único proprietário de minas prejudicado pela inundação. A maioria existente em Comstock Lode enfrentava o mesmo problema. O valor das ações daquele segmento caira de maneira vertiginosa nos últimos dias.

Fernando sofria o impacto na própria pele. Nas últimas três semanas ñ conseguira arrecadar um niquel para cobrir o prejuizos. E, para piorar, a bomba do poço sete havia quebrado. Precisaria de mais um empréstimo no banco.

Ergueu o olhar para o céu cinzento.

-- Com a sorte que estou, acho que teremos uma nova enchente.

Depois de ordenar a Simpson que solicitasse a Bill, o gerente do Banco, que fosse a sua casa ainda naquela manhã, recolher os livros de contabilidade e rumou para sua residência.

Em Virginia City, quando chovia, caia um dilúvio que inundava ás ruas de lama cinzenta. Poncho havia se recolhido por volta das quatro horas da manhã, após uma rápida visita a Henri, quando retornou da festa do elenco. Mesmo assim tinha se levantado ante das 10:00hrs da manhã, e vestido a única roupa que salvara do incêndio. Demorava-se tomando o dejejum, pois ñ se encontrava disposto a enfrentar Fernando.

Ñ lhe agradava o fato de ser portador de más noticias e depois da noite anterior, o sogro por certo ñ o receberia com muito entusiasmo. Sendo assim, serviu-se de mais uma xícara de café, avaliando suas opções.

Poderia partir dali. Dar adeus a Virginia City e ao casamento e seguir com Maite e Henri no final de semana. Uma solução prática para os problemas prementes. A vantagem teria ñ ter de se atritar com Fernando.

Porém rejeitou a possibilidade com a mesma rapidez com que lhe viera a mente. Havia perdido a capacidade de tratar a vida como um jogo.

Seria fácil se outras pessoas ñ estivessem contando com ele.

Amar Dulce virara sua vida de ponta a cabeça. Apesar da esposa ser a mulher mais insolente e obstinada que ele jamais conheceu. A amava com toda força de seu ser. Tinha ciência de que estava brincando com fogo, mais a mulher indomável de olhos castanhos a vermelhados entrara em sua existência e reacendera a chama que havia se apagado dentro dele. Necessitava dela como o ar, fogo e água.

Como se aquilo ñ fosse suficiente, havia prometido aos madereiros reconstruir suas vidas. Mesmo que o sogro o demitisse, teria de encontrar uma forma de manter a palavra empenhada.

Pensando assim pegou a capa de chuva e aventurou-se em uma charrete para casa de Fernando. Sacudiu ás botas enlamiadas antes de subir os degraus da varanda e pateu na porta.

Blanca atendeu sorrindo e em seguida, segurou a mão fria e molhada que o genro lhe estendia.

-- Entre filho. - convidou a sogra, erguendo-se na ponta dos pés dando um leve beijo no rosto do genro. - Meu marido encontra-se no escritório em uma reúnião com Sr. Sharon, mas assim que terminarem eu o informarei sua presença.

-- Obrigado! Sra. Espinosa. Vim redolver um assunto urgente. Por certo Dulce lhe contou do incêndio. - Disse ele pendurando a capa e o chapéu no cabideiro do corredor, aliviado por adentrar no ambiente aquecido pelo fogo da lareira.

-- Oh, graças a Deus que se salvaram! Tomei conhecimento do seu ato heróico para salvar a vida de minha filha. - Disse ela com os olhos brilhando de emoção. - Posso lhe oferecer uma xícara de café enquanto aguarda?

-- Ñ, obrigado.

-- Talves prefira uma canja de galinha? - A voz aveludada familiar soou por detrás do painel que dividía a sala de visitas, da sala de jantar.

-- Dulce María! - exclamou ele, afastando o painel para descobrir ela vestida em um robe de lã e besliscando os petit fours que se encontravam sobre a mesa. - Está ainda mais encantadora que ontem a noite. - Elogiou, caminhando, entusiasmado, em direção a esposa.

O rosto delicado corou intensamente.

-- Minha filha está vestindo meu robe até que possamos repor o que perdeu no incêndio. - Explicou Blanca solicita.

Poncho estendeu a mão para acariciar os cabelos dela que caiam sobre o colo alvo.

-- Ñ há deusa da beleza que possa se comparar com a que está na minha frente neste momento. - afirmou com a voz rouca.

O painel mais uma vez se fechou deixando-os em total privacidade. No instante seguinte se encontravam um nos braços do outro.

-- Vc veio! - exclamou ela, puxando o rosto dele para um beijo sensual.

-- Cuidado! Estou encharcado. - ele conseguiu dizer, lutando por ar quando interrompeu o beijo impetuoso. - Senti sua falta, Dulce. Mais do que sou capaz de colocar em palavras.

-- Estava maravilhoso ontém a noite. - Elogiou o marido. - Desculpe-me pelo descontrole.

-- Estavamos ambos alterados por tudo que vinha acontecendo nesses últimos dias. Mas o que importa é que estamos juntos...

Girando em torno do marido, solicita. Dulce começou a tocá-lo em várias partes e por fim, retirou-lhe a gravata e a camisa.

-- Vou buscar uma das camisas do meu pai enquanto a sua seca.

-- Pare, Dul! - Poncho soltou uma gargalhada divertida. - Preciso encontrar com seu pai primeiro. - informou, retirando a camisa das mãos da esposa.

Naquele instante um forte estrondo estremeceu o painel, fazendo Dulce enterrar a cabeça no ombro do marido. Relutantes, ambos se viraram para descobrir Fernando fitando-os, enfurecidos, com a esposa atrás dele.

-- Herrera, o que significa isso!? - rosnou Fernando, avançando com os punhos serrados em direção ao casal. Ás veias da face rubra pareciam que iriam estourar. - Ñ possui senso de decência? Está fazendo amor com minha filha em plena luz do dia em minha sala de estar?

Os olhos verdes de Poncho se dilataram, denotando inocência.

-- Foi apenas um beijo inocente senhor.

-- Está seminu! Herrera!

-- A culpa foi paí. - Disse Dulce.

-- Ela causa esse estranho efeito em mim. - afirmou Poncho com um sorriso contagiante. - Peço dedculpas se os assustamos.

-- Eu estava no meio de uma reúnião importante. E se o gerente do Banco tivesse vindo aquí?

-- Querido. - se pronunciou Blanca. - O que conta é que isso ñ aconteceu. - E lançou um olhar de admiração ao casal. - Olhe para eles. Tão jovens e apaixonados! Por certo ñ esqueceu como é ser arrebatado pela paixão.

A face rechochuda de Fernando se tornou rubra de indignação.

-- Blanca, deixe esses dois por minha conta. - Voltando o olhar para filha. - Dulce suba para seu quarto Alfonso e eu precisamos ter uma conversa séria.

-- Sim precisamos. - concordou Poncho. Em seguida relutante se afastou da esposa seguindo o sogro até o escritório.

-- Vamos subir? - Sugeriu Blanca. - Eles ficaram trancados por um bom tempo. Talvez depois Alfonso possa levá-la para fazer compras.

Dul porém se recusou a subir e se deteve ao pé da escada, de onde era possivel escutar o que os dois homens conversavam. Depois que Fernando absorveu o impacto inicial da noticia do incêndio, o murmurar das vozes masculinas por trás da porta fechada soava como um concelho de guerra.

Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora