Capítulo: 13

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A expressão divertida de Poncho fez, Dul perder as esperanças.

-- Não vai contar nada a meu paí, sobre meu plano, vai?.  - perguntou ansiosa.

-- Srt. Espinosa, se pensa que vou me envolver num duelo de vontades entres duas pessoas com temperamento forte, está muito enganada. Por outro lado, se seu paí tiver um trabalho digno  para mim e quiser oferecê-la como brinde, poderei considerar a oferta.

Irritada por haver perdido seu tempo, Dul o esbofeteou.

-- Vc é um homem rude e asqueroso! - exclamou, erguendo a mão para golpeá-lo mais uma vez.

Poncho segurou-lhe pelo o pulso e o torceu para trás. Seus lábios estavam brancos de raiva.

-- Fico lhe devendo uma por isso. - rosnou ele entre dentes, soltando-á em seguida.

Dul o fitou enquanto esfregava o pulso.

-- Se não estivesse tão desesperada, jamais me teria me rebaixado a pedir sua ajuda. - declarou resentida. - Eu deveria ter imaginado.

-- Sim, deveria. Nós homens, tendemos a nos unir. - Poncho riu,  deslizando o dedo ao longo de uma mecha dos cabelos dela..

-- Pense no que poderia fazer com Mil dólares. Seria o casamento e a anulação mais rápida de todo Oeste.

De repente quando seus olhos verdes fitaram os dela, uma pontada de desconforto o atengiu. Sentindo-se como se tivesse captado um relance de si mesmo refletido em forma femenina. O que viu não era tão bonito. Dulce María aínda era inocente e sem experiencia de vida. Mais estava indo rápido demais para o gosto dele. Talvez fosse tão orgulhosa e voluntariosa quanto o rebelde irlandes de Wexford que rejeitara a assistência dos pais alguns anos antes. De alguma maneira, o reconhecimento daquele fato o deixou intranquilo.

Alfonso virou-se e desceu a escada para ir fazer um "Pacto com o Diabo".

Encarando Fernando Espinosa como uma garantia de sua próxima refeição, Poncho considerou que, se jogasse as cartas certas, sairia vencedor.

Por conseguinte, enquanto conversavam, fumando charutos e bebendo uísque, Poncho concentrou-se Na tarefa de conhecer o homem sentado atrás da enorme escrivaninha de pinho.

Tudo nele refletia um ser preocupado com os negócios. Suas estantes eram repletas de livros clássicos a relatórios de engenharia de uma companhia em San Francisco.

O couro gasto das cadeiras e de um sofá deixava claro que o magnata passava muito tempo naquele lugar. Talvez até mesmo dormisse em algumas ocasiões.

-- A mineração é a paixão da minha vida. - informou Fernando, reparando que Poncho se limitara  a beber apenas um drinque e não mostrava sinais de sede insaciável.

Alfonso caminhou ao longo das estantes e viu titulos em alemão, francês e inglês acerca das mais recentes técnicas de mineração.

-- Leu tudo isso? - perguntou, impressionado. E Fernando encolheu os ombros.

-- O que pude. Mas, diga-me rapaz, o que o trouxe ao Oeste? Ouro? Ou apenas outro homem tentando esquecer o passado? -inquiriu o velho astuto, estudando seu convidado, que havia feito muitas perguntas, porém falado bem pouco sobre si mesmo.

-- O que me trouxe ao Oeste foi a curiosidade.

-- Todo homem ou está perseguindo algo ou fugindo de algo. - observou Fernando.

-- Não estou fugindo de nada. Pelo menos ninguém ofereceu uma recompensa pela minha cabeça. E creio que os pais enfurecidos já deixaram de me perseguir a muito tempo. - respondeu, não mencionando seu passado sem ambição.

-- Não deixou pra trás uma esposa?  Nenhum coração partido?

Alfonso sorriu.

-- Alguns corações ligeramente feridos talvez, mas nada sério e, definitivamente, nenhuma esposa. - Ele mudou de assunto, gesticulando para as estantes. - O senhor tem uma larga variedades de interesses.

-- O que tem feito para ganhar dinheiro rapaz?

-- Sou um homem de muitas artes que não se especializou em nenhuma. - Poncho concluiu que aquela conversa não estava levando a lugar algum. - Olhe Senhor, sei que me convidou para vir até aqui por uma razão. O que quer saber de mim? Muito bem. Eu venho de Wexford, Irlanda. Minha familia se mantém Na mesma terra há sete gerações. São ricos e eu poderia dizer que jamais precisei me preocupar em saber de onde viria minha proxima refeição. - Ele deixou escapar um suspiro. - Porém meus dias de ambulante despreocupado acabaram. Meu pai cortou minha mesada e estou sem um tostão no bolso. - sorrindo, sentou-se em uma das cadeiras de couro. - Se o senhor tiver um emprego para um vagabundo como eu saiba que ficarei feliz em aceitá-lo.

Fernando o fitou com ar especilativo.

-- Já trabalhou em uma mina?

-- Não senhor. E não posso lhe dizer que a ideia me atrai. - respondeu Poncho com surpreendente sinceridade. Afinal, não havia motivo para mentir, dizendo ao homem que adoraria suar embaixo da terra. - Eu adoro sentir o calor do Sol sobre minhas costas.

-- E quem não gosta? - Bufou Fernando. - Mas as vezes os mendigos não podem fazer escolhas.

-- Isso é um fato Senhor.

Oh, Deus! Pensou Poncho. O que fazer? Bem, talvez pudesse aguentar tempo suficiente para receber um pagamento. Então, compraria uma passagem de trem e voltaria para San Francisco. Ou talvez devesse reconsiderar a oferta de Dulce. Dinheiro fácil, nenhum trabalho. Contudo lembrou a si mesmo, que ainda não havia descido tão baixo.

-- Todos os meus mineiros pertence ao sindicato. - disse Fernando. - De forma que isso está fora de questão.

-- Estou disposto a trabalhar em terra senhor.

O velho ruivo piscou através da fumaça do charuto.

-- Não se interessou pela proposta de minha filha?

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Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora