-- Vejamos... Vc decide.
-- Que tal minhas meias-Calças? - disse e ele sacudiu a cabeça negando.
-- Não é uma troca justa. Oitenta dólares contra um par de meias de seda? Tenha dó!
-- E se eu tirar as ligas? - ofereceu ela com uma risadinha. E ele se fingiu chocado com a atitude.
-- Minha Senhora, não tenho a intenção de ser tão cruel, pelo menos não a esta altura do jogo. Que tal o véu?
-- Não é tão ousado como imaginei. - disse ela aceitando a proposta.
Ele ganhou outra vez com dois pares.
-- Quer continuar a aposta? - disse ele oferecendo as cartas.
Ela apostou e perdeu os sapatos e as luvas.
-- Agora esta começando a ficar interessante. - comentou ele com um brilho sinico no olhar. - meus oitenta dólares pelo seu vestido, Sra. Herrera.
-- Não me chame assim! - ela gritou mais aborrecida pelo seu novo nome do que da posibilidade de perder o vestido. - Certo, o vestido. Mas Não por oitenta dólares.
- Cem?
-- Sim e desta vez vou ganhar! - declarou ela, enfática. E ganhou. Ele precisou tentar mais duas vezes antes de lhe arrancar o vestido.
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Escondendo-se atrás de um biombo em um dos cantos do quarto, ela lutou para desabotoar as costas do vestido.
-- Esta brincando com fogo. - disse ele.
-- Talvez sim, mas agora só lhe devo oitocentos dólares. - Por fim, após bastante esforço, ela conseguiu se livrar do traje. A seguir, jogou-o por cima do anteparo. -Ai esta o vestido! Agora me passe o meu ropão, que está na minha mala. - disse em tom imperioso.
-- Isso acabaria com o propósito de fazê-la tirar o vestido. Vamos, Dulce. Prometo que não colocarei um dedo em vc.
-- Jamais! - gritou ela.
-- O jogo está acabado. É óbvio que vc não é mulher o bastante para ser uma jogadora. - ele sentou-se outra vez, recolheu as cartas é as colocou no bolso. Inclinando a cadeira para trás, fechou os olhos e cruzou os braços sobre o peito.
Desafiada, ela aguardou atrás do biombo, esperando que ele se movesse. Depois de alguns minutos se remexendo de um lado para o outro, reprimiu um espirro. Será que teria que passar a noite seminua ali naquele canto?
-- Alfonso? -sussurrou por fim, temendo que ele tivesse adormecido.
Com exceção de um suspiro lento, o silêncio predominou.
Bem, poderia sair. Ele tinha ido dormir, concluiu ela, olhando para a sua mala. Levaria apenas alguns segundos para correr até lá e pegar seu roupão.
-- Se tocar nisso, vc perderá os duzentos dólares que ganhou de mim. - sussurrou uma voz grave em seu ouvido.
Dando um grito agudo, ela pegou o roupão e correu para o outro lado da cama.
-- Não se aproxime de mim! - ela o advertiu.
-- Deixe isso. - Ordenou ele, avançando com um sorriso ameaçador.
Cobrindo os seios o melhor que pôde, Dulce tremeu alarmada, diante do olhar penetrante dele, que estendeu a mão e pediu o roupão. E contra sua vontade ela o entregou.
-- O que vai fazer? - sussurrou, sentindo a boca secar de repente.
Incapaz de se conter, ele tomou-lhe a mão e beijou-lhe as pontas dos dedos, uma por vez, fitando-a direto nos olhos.
-- Oh... - murmurou ela, engolindo com dificuldade. - Meu Deus...
Alfonso riu.
-- A escolha é sua. Quer continuar a jogar mais strip-pôquer?
Ela assentiu com a cabeça, ansiosa para concordar, contanto que ele não fízesse... Bem, contanto que ele não tentasse nada. Deslizando a ponta da lingua pelos lábios trêmulos, ela o seguiu até a mesa como um cachorrinho obediente. Ele apontou a cadeira e ela se sentou.
Afundando o máximo que pôde atrás do tampo da mesa, Dulce amaldiçoou-se por ser tão covarde. Ele não a tocara, apesar de seus trajes sumários. Mas aquele sorriso era uma ameaça a sua paz de espirito.
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Casamento Por Acaso
RomanceNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...