Capítulo: 41

79 5 5
                                    

-- Enquanto estivermos compartilhando o mesmo espaço, tentarei evitar lhe pedir qualquer coisa, exceto quando for absolutamente necessário.

-- Obrigado. - respondeu ele.

- Farei o maxímo para ficar fora do seu caminho. - continuou ela.

-- Hum, humanos. - Poncho apagou a lamparina e deitou-se do seu lado da cama. A luz do luar que entrava pela janela dava a cabana uma atmósfera misteriosa. Ao tentar dobrar os braços sobre a cabeça, seu cotovelo bateu na prancha de madeira.

Dulce deu uma risada na escuridão.

-- Não achei graça nenhuma sua bruxa.

-- Poderia ter a cama só pra vc se não tivesse me sequestrado. - ela o lembrou.

-- Outro engano. Mais um em uma lista de vários. - disse e ela começou a cantarolar alguma melodías irritantes e a tamborilar os dedos na tábua próxima à cabeça dele.

-- Esta fazendo isso pra mim aborrecer? - perguntou ele erguendo a cabeça.

Dulce o olhou. O luar iluminava suas feições e fazia das mechas de cabelos castanhos uma aureola luminosa. Piscando, ela sorriu com ar inocente.

-- Sei o quanto está cansado,  e como não conheço outra cantiga de ninar...

-- Pode dispensar a serenata. - respondeu ele afundando no travesseiro.

-- Estou tentando ser uma esposa amável.

-- Oh, e como...

-- Boa noite, Poncho.

Ele não respondeu. Continuou deitado de barriga pra cima com os braços sobre o peito.

-- Poncho?

-- Droga! O que vc quer? - vociferou ele abrindo os olhos. Dul estava espiando por cima da tábua. Os cabelos soltos caia sobre os ombros como uma cascata e alguns fios sedosos roçaram a garganta dele. - Um homem não pode dormir?

-- Não precisa ser tão rude. Se vamos compartilhar a mesma cama deveriamos pelo menos observar as regras básicas de civilidade, não acha?

-- O que quer dizer com isso?

Ela notou a mão dele tentando afastar seu cabelo. Ela sorriu e jogou o cabelo pra trás. Mas apesar da tentativa aparente de livrá-lo daquele incomôdo, a maior parte dos fios macios e perfumados voltou a atormentá-lo.

-- Devemos conversar sobre assuntos gerais com educação e sinceridade.

Ele agarrou-a pelos cabelos e a puxou até seus rostos ficarem a milímetros uma da outra.

-- Aiii! - Ela protestou, tentando se livrar e evitar ficar careca. Com o movimento, seu torso oscilou e caiu sobre a tábua.

-- Fique no seu lado! - ordenou ele, pertubado pelo forte desejo que o acometeu quando os seios da sedutora Dulce María, iluminados pela luz do luar, entraram em seu campo de visão.

Percebendo a direção do olhar dele, Dulce se deu conta do poder que exercia sobre ele. Em vez de se retirar, exibiu aínda mais o tórax e riu.

-- Não o estou aburrecendo estou?

-- Não... Nem.. Um pouco. - respondeu ele, agora completamente entregue a sua excitação. - Deite-se e fique em silêncio ou vou ter que calar vc de uma vez por todas.

Dul inclinou a cabeça. Sabia que estava andando em gelo fino, mas não pode resistir à tentação de fazê-lo sofrer.

-- Nada do que diz pode me fazer deter.

-- As ações falam mais alto que as palavras, ou já se esqueceu?

O coração dela bateu mais acelerado que o normal no peito.

-- Não, não me esqueci.

-- Então Sra. Herrera Cale a Boca. - ele rosnou aliviado ao vê-la se retirar para seu próprio lado.

Dulce se enroscou como uma bola embaixo do cobertor. Estranhamente afetada pelo modo como ele a chamava de esposa, desejou saber por que aquilo significava pra ele. Por que ele insistía em chamá-la pelo sobrinome dele? Seria porque sabía que isso a aborrecía?

Por fim a curiosidade a fez se manifestar mais uma vez.

-- Poncho? - Não houve resposta, mas ela sabia que ele estava acoradado. Não podia com ela tagarelando como uma maritaca. - Poderia fazer o favor de não me chamar de Sra. Herrera?

-- Esse é seu nome, não é?

-- Não, não é!

-- Sugiro que tente dormir. - Aquilo não se tratava de uma sugestão, mas de uma ordem.

Ela suspirou. Pelo menos ele não a chamara de "senhora" Novamente. Ela fechou os olhos.

-- Boa Noite Poncho. - ele riu.

-- Boa noite Sra. Herrera.

                  xxx

Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora