-- E vc, Dulce. - repreendeu-a. - Que descuido temerario para com sua reputação!
Alfonso Gemeu.
-- Nos não estavámos namorando.
Dulce pressionou os seios macios de encontro ao braço dele e o fitou com aqueles adoráveis olhos castanhos.
-- Como pode querer voltar atrás com sua palavra? - sussurrou ela. - Vc prometeu.
Por que deveria se sentir constrangido em faltar com a palavra, quando ela não passava de uma pequena mentirosa? Perguntou-se. E como poderia fazer promessas diante de um padre a uma fedelha que não sabia o significado da palavra honra?
-- Se não se casar com minha filha, eu o processarei por quebra de promessa. - rosnou o velho. - ou a matarei.
-- Senhor Herrera, percebo que é um homem educado, com boas maneiras, mesmo que tenha passado por tempos dificeis. - disse Blanca com seu suave sutaque mexicano. - Seria uma honra para nós tê-lo como genro.
Alfonso se desesperou em silêncio. Sem duvidas, a sra. Espinosa parecia a pessoa mais civilizada do clã, más estava deprimido demais para sentir simpatia por qualquer mulher que estivesse ligada a Fernando Espinosa. Blanca havia feito a cama e se deitado nela! Ele, contudo, preferia trabalhar um mês no interior de uma mina escura e escaldante a viver com Dulce María. Já estava contando os minutos para devovê-la ao pai.
-- Venha Fernando. - Blanca ofereceu a mão ao marido com um sorriso. - Temos limonada e biscoitos à nossa espera na sala. Isso merece uma comemiração, não é mesmo?
-- Parece uma grande ideia Blanca. - ele comprimiu a mão da esposa sob o braço e a conduziu pelo corredor, deixando os dois jovens atrás.
-- Vamos lá Dulce, longe de mim estrangular a galinha dos ovos de ouro. - sussurou Poncho no ouvido dela.
Algumas horas depois, Fernando sorveu o último gole de limonada.
-- Já é quase meia noite, pessoal. Esta na hora de irmos durmir. A propósito, Alfonso, mandei buscar a sua mala na pensão. Ficará aquí como nosso convidado é claro.
Assim não haveria como escapar de seu destino, pensou Alfonso. Fernando bateu com a mão pesada em seu ombro.
-- Começamos cedo por aqui rapaz. Vc é eu tomamos o dejejum às cinco.
Poncho gemeu íntimamente. Estava acostumado afrequentar festas que duravam até a madrugada. Mudar de profissão exigiria uma mudança de hábitos também.
-- Eu apreciaria uma batidinha na porta, senhor, só para ter certeza de que estou acordado. - disse com um sorriso torto.
-- Quatro e meia está bom?
-- Perfeito. Se me derem lincença, vou me recolher. - Curvando-se numa elegante mesura Beijou a mão de sua futura sogra e acenou com a cabeça, com menos cordialidade, para Dul. - Boa Noite Dulce María.
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O dia amanheçeu depressa. Poncho cambaleou, batendo nas coisas em um quarto estranho.
-- Maldição! Nem os galos se levantavam tão cedo. - disse à imagem de olhos turvos que ele refletia no espelho, enquanto se barbeava a luz de velas. Se soubesse que ser um homem diciplinado significava acordar aquela hora da manhã, jamais teria se tornado um.
Depois de se cortar duas vezes com a navalha, vestiu-se apressado e desceu ás escadas. O velho Espinosa já se encontrava de pé em frente ao fogão aceso, servindo-se de uma grande xicara de café fumegante, como Poncho jamais vira outra igual. Fernando usava uma camisa cinza com suspensórios vermelhos, capacete de mineiro calças pretas e botas pesadas.
-- Bom dia! Filho. Pegue uma xicara.
Alfonso obedeceu, ainda com os reflexos reduzidos pelo sono. De imediato, percebeu que teria de fazer algo a respeito de seu guarda-roupa. Estava usando a camisa xadrez que Fernando lhe emprestara. Todas ás suas calças eram justas, feitas de propósito para excitar ás mulheres.
-- Qualquer pessoa corajosa o suficiente para beber meu café merece um conselho amigável. - disse o velho, fitando com um ar critico seu mais recente protegido.
Poncho tentou não dar muita importância à bebida fervida.
-- Não é tão ruim, senhor. - Corajoso, verteu quase meia tigela de açucar na bebida escura e mexeu vigorosamente.
Em seguida, sentou-se, comeu panquecas, linguiças e tomou o café melado e forte até ás seis e meia da manhã, quando o restante da familia começou a despertar. Então, percebeu que tudo que o seu empregador fazia gerava muito dinheiro. Na realidade, o talento de Fernando era motivado por um desejo insaciável de ampliar sua riqueza.
-- Dulce María, não vai se casar com qualquer playboy de Chicago. - O velho fitou Alfonso com o olhar ígneo. - trabalhei duro demais para ver o meu dinheiro ser torrado em chapéus franceses e passeios de balão.
Alfonso evitou tecer comentários, sabendo que Fernando o desqualificaria como empregado e futuro e temporario genro se soubesse de seu passado como ator. Em todo caso, planejava ficar ao lado daquele homem apenas o tempo suficiente para aprender tudo sobre madeira.
Naquela manhã visitaram o moinho de pilões, os trabalhos de guindaste a vapor e as estações de bombemento. Poncho por conta própria, tornou a visitar a carpintaria. Fez perguntas a todos, até entender não só o que acontecia nos departamentos de classificação e distribuição, na casa de minério, forno de secagem e as salas de fusão e retorta, como também o que os homens pensavam sobre seus empregos e chefes. Com crescente interesse, aprendeu as várias etapas que envolviam o processo de extração de minério.
Durante três dias circulou pelo sistema alveolado de Phillip Deidesheimer com o apoio dos capataz de Fernando. A noite ele e o velho conversaram sobre demandas de madeira projetadas para construir conjuntos de contenção nas minas, por que seu patrão estava preocupado com a segurança dos trabalhadores.
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Casamento Por Acaso
RomanceNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...