Por volta das 10:30hr da manhã, enquanto Poncho revisava as contas semanais da madeira cortada, ouviu algúem gritar.
-- Eles estão trazendo Raimey! - chamou Smitty, passando por Poncho e se dirigindo ao galpão de armazenamento da companhia.
Alfonso então seguiu o homem.
-- O que há de errado?
-- Ele se machucou. - respondeu smitty, procurando a caixa de primeiros-socorros.
Um dos empregados de nome Mason sacudiu a cabeça.
-- A árvore caiu sobre a perna dele.
Poncho foi até o homem ferido, examinou-lhe o ferimento e de imediato percebeu que se tratava de uma fratura na perna.
Outro homem, acenou com a cabeça para Raimey.
-- É grave chefe? Ele vai ficar de molho a estação inteira?
-- O tempo que for necessário pra perna dele se curar. - disse Poncho em tom vago. Não sabia quanto tempo demorava pra uma perna sarada curar. Nesse instante, avistou Dulce María e Al entrando no galpão com baldes de água quente e fria.
-- Foi uma fratura feia. - comentou o cozinheiro, balançando a cabeça. - Vai ser um inverno longo e difícil para a esposa dele e de suas três crianças.
-- Não se o nome dele continuar na folha de pagamento. - retrucou Poncho, notando o olhar surpreso dos homens. - Ninguém aqui recebe sem trabalhar, mas encontraremos tarefas a que ele possa realizar até que fique bom. - acrescentou.
Dul tinha a mão esquerda descansando ligeramente no ombro do marido, que se encontrava curvado sobre maca.
-- Precisamos diminuir esse enchaço. - Observou ela.
-- Não sei Dul... - disse o marido com ar de Dúvida. -- Talvez seja melhor vc sair e deixar isso comigo e os homens.
-- Eu trouxe água fresca do lago. - retrucou ela, utilizando um tom calmo. Em seguida, passou pelo marido, ignorando todos, menos o enfermo, que se encontrava deitado e inconsciente. Inergiu um pano limpo no balde e o colocou sobre a perna de Raimey, sob o olhar atento de Alfonso e dos outros homens.
Ela ergueu a perna ferida de Raimey e colocou uma manta dobrada e limpa por baixo. Com cuidado, estancou o sangramento dos cortes. E, então, incapaz de remover um fragmento de madeira fincado na carne do paciente, ela pediu a Charlie que raspasse a perna cabeluda do companheiro.
-- Obrigada! - disse ela, aprovando as habilidades de Charlie Mason como barbeiro. - Eu sabia que um Homem que conserta ferramentas seria capaz de fazer um trabalho difícil como esse.
-- Fico feliz de poder ajudar Madame.
-- Alguém aqui já cuidou de ossos fraturados? - perguntou Alfonso. E Al deu um passo a frente.
-- Eu.
Nesse instante, Raimey recobrou a consciência. E Burns e Hoss trataram de anestesiá-lo com doses generosas de uísque. Enquanto isso, Dul límpava o ferimento mais uma vez. Ela, Poncho e o cozinheiro colocaram a perna do paciente na Posição correta e enfaixaram com tiras de musselina. Por fim, usando mais tiras imersas em um emplasto, a imobilizaram.
Quando terminaram, Dul percebeu o olhar de Alfonso.
-- Excelente! - disse ela com um piscadela alegre. Poncho jogou a água do balde pela janela. Certificando-se de que Raimey não estava sentindo dor, virou-se para elogiar seus camaradas.
-- Agora voltem ao trabalho, rapazes.
Durante os dias que se passaram, Al acompanhou os passos de Dulce como um cachorro de circo. Não deixava ela levar comida pra Raimey sozinha de jeito nenhum. Extremamente protetores Al e Chalie teimavam em lhe fazer companhia em suas incumbências quando os outros homens estavam no campamento.
Com Dulce ocupada. Poncho se concentrava totalmente en tarefa de se familiarizar com as operações de Diablo Camp e seus empregados. Assim que Raimey conseguiu se locomover com um par de moletas, ele o incimbiu de descascar batatas e ajudar Charlie a amolar serras. No momentos disponíveis, ambos verificavam os estoques da campanhia juntos.
Ao identificar os encrenqueiros que eram fonte de constantes problemas, Alfonso estipulou tarefas que os mantinham separados. Além disso, revisou as políticas de trabalho de Fernando, eliminando várias áreas de queixas legitimas e melhorando dessa forma o moral dos homens.
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As 21:00hr o sino anunciou o fim do dia no acampamento. Dulce colocou o último prato no armário, estranhando o fato de Alfonso ter saido logo após o jantar sem nem mesmo lhe dar um aceno. Ele sempre a aguardava terminar o serviço e a acompanhava até a cabana. Onde esse homem teria se metido? Perguntou-se.
Curiosa, olhou pela janela da cozinha e não viu nenhuma luz no escritório. Nada no comportamento do marido durante a refeição sugeria problemas.
Nesse instante, o Sr. Al entrou pela porta dos fundos e guardou uma panela lavada.
-- O que acha de mim a escoltá-la até a cabana senhora? O chefe deve estar ocupado.
-- Claro, aceito de bom grado.
Ambos caminharam em silêncio na escuridão. Quando Dulce alcançou a cabana, percebeu uma luz opaca através das cortinas fechadas. Mas é claro pensou. Alfonso havia tido um dia duro por isso se recolheu mais cedo.
-- Boa noite, Sr. Al, e obrigada pela companhia. - disse.
-- Boa noite, Sra. Herrera. - disse Al se afastando.
Ela subiu os degraus e abriu a porta devagar, a fim de entrar despercebida Na cabana e não pertubar o sono do marido caso estivesse adormecido.
Estava certa em pelo menos uma de suas deduções: Poncho estava dormindo, mas não na cama.
Com os pés e os braços pendendo nas laterais de uma enorme banheira de metal, encontrava-se submerso, com a cabeça apoiada na beirada. No chão, ao lado de um copo vazio, havia um livro cujo título era Hamlet.
Chocada pela visão de tanta carne masculina exposta, ela caminhou ao redor examinando de varios ângulos, o torso bem esculpido. A curiosidade, aliada a um prazer furtivo, superou a precaição. Seu coração batia de modo selvagem e a boca ficou seca.
Um ronco suave escapou dos lábios que se encurvaram em um sorriso lânguido. Ela sabia que deveria controlar seus olhos, caminhar bem devagar até aquela linha amarela de giz e se deitar, antes que fosse descoberta. De lá, sob ás cobertas, o despertaria. Mas como? Gritando?
O que fazer? Uma oportunidade daquelas não acontecia todos os dias. Um relance cauteloso confirmou que seu companheiro de quarto estava de fato adormecido. Mas para sua decepção aquela pesquisa anatômica no corpo de Alfonso limitava-se aos músculos do tórax. O resto estava oculto pela água.
Com os dedos coçando de vontade de tocar no pé dele, ela se ajoelhou ao lado da banheira. De repente um, esguicho de água lhe atingiu o rosto!
Ofegante, ela afastou os cabelos molhados e clareou a visão. Poncho embora não tivesse se mexido, a olhava fixamente.
-- Oh, vc está acordado! - disse ela, afastando-se e esperando convencê-lo de que não estava fazendo nada de errado.
Ele simplemente pegou o livro e a ignorou.
-- A água da banheira está ficando fria. - disse ela após alguns minutos de um incômodo silêncio.
Ele estava carrancudo lendo. Parecia ter terminado o banho, contudo não fazia nenhuma menção de se erguer da banheira.
-- Vc quer que eu saia pra poder se levantar? - perguntou ela.
-- Normalmente, eu diria que sim. - respondeu ele. - Mas esta noite posso precisar da sua ajuda.
Dizendo isso ela ficou inmediatamente alerta.
...
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Casamento Por Acaso
RomanceNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...