Casamento Por Acaso

Capítulo: 15

-- Não sei o que eu poderia fazer. - Alfonso encolheu os ombros. - Eu estaría nas montanhas, montando uma madereira.

Fernando caminhou de um lado para o outro com cenho franzido.

-- Herrera, vc é jovem com uma boa cabeça sobre os ombros. Reconhece um poblema no momento em que o vê. - disse e Poncho sorriu triufante.

-- Acho que sim.

-- E definitivamente, minha filha é um poblema.

-- Não tenho duvidas disso, chefe.

-- Ela é um problema para mim e eu estou passando para suas mãos. Agora Dulce é problema seu, o que pretende fazer com ela?

A pergunta produziu um silêncio tão profundo que se um alfinete tivesse caido no chão do escritório, soaria como dinamite explodindo na mina de Comstock. Alfonso sentiu seu sangue circulando acelerado nas veias e seu coração bater mais forte que um tambor.

Santo Deus! Esse homem espera mesmo que me case com a filha dele. Não posso fazer. Isso não vou fazer.

-- Sua filha é um problema que não estou preparado para assumir. De fato... Não sou... O tipo talhado para o casamento.

-- Nem mesmo como um favor ao paí dela?  Ouça Herrera, posso ver que tem escrúpulos. - Fernando o encarou. - Poderia ter aceitado a propósta da minha filha e ganhado muito dinheiro, mas não o fez.

-- Não, senhor. - Alfonso pigarreou e sacudiu a cabeça para clarear o cérebro.

-- Se vc conseguir convencer Dulce que esta disposto a concordar com o falso casamento, isso me ajudaria bastante.

-- Não vejo como. - A voz de Alfonso se elevou cética.

-- Eu teria tempo para lidar com minha esposa, não ver? - explicou. - Blanca e eu precisamos de tempo a sós para resolver nossas diferenças. Se vc cooperar e disser aquelas palavrinhas no altar da Igreja...

O Deus! Alfonso gemeu íntimamente. Estou prestes a pagar por todos os meus pecados!

Fernando consultou um grande relógio de bolso de ouro.

-- Ela quer ir para San Francisco, diga-lhe que le fará a vontade. Só que em vez disso, a levará para High Sierra. Uma vez lá, faça valer a lei. Coloque-a para trabalhar como cozinheira e lavadeira. - O magnata riu, esfregando ás mãos com uma crueldade desnecesária, na opinião de Alfonso. - Faça-a ganhar o próprio sustento.

-- Isso é bom para o senhor, más é o meu pescoço que esta na guilhotina, não o seu. - Lembrou Alfonso. - Além do mais, casamento no é um assunto tão frívolo para ser tratado dessa maneira. - Ele pensou nos pais casados havia trinta anos e ainda muito apaixonados.

-- Ah, mas contanto que não seja consumado, não estaria ligado a Dulce María legalmente, não é?. - argumentou Fernando. - Enrole-a, rapaz. Diga-lhe que está tão ansioso quanto ela por uma anulação. Até conseguir colocá-la na linha, já terei meus assuntos domésticos resolvidos aqui em Virginia. Vc devolve minha filha, ela pede a maldita anulação e eu a casarei com meu capataz.

-- Por que não a casa logo com seu capataz? - desejou saber, procurando uma maneira de escapar. E Fernando sacudiu a cabeça.

-- Dulce é contra qualquer coisa que eu sugiro. Mas ela escolheu vc. Pense nisso, Herrera. Está disposta a lhe pagar Mil dólares. Considere uma gratificação sobre os seus salários.

-- Minha alma não valerá um níquel furado depois de um mês de convivencia com sua filha. - Poncho sorriu reticente. - Mas vou me sair bem nesse trabalho e aprecio a chance de provar isso a mim mesmo.

Uma diabólica centelha iluminou os olhos de Fernando enquanto fitava o futuro genro através da dença do charuto.

-- Tenho certeza de que se sairá bem. Emocionalmente, poncho se sentia como um poço que fora drenado.

-- Para lhe dizer a verdade Sr. Espinosa, toda essa conversa me despertou um apetite voraz.

-- Fico contente em ouvir isso Filho. - o envolveu pelos ombros e o conduziu até a porta. - agora se lembre, não deixe minha filha suspeitar que eu tive algo a ver com o fato de vc aceitar a oferta dela.. - disse e Alfonso Riu.

-- Posso dizer que será uma peça que gostarei de encenar. - disse e o velho Piscou.

-- Vamos lhe dar uma lição não é meu rapaz?

-- Ora se vamos senhor. - Poncho assegurou ao seu empregador, desejando saber se um mestre da dissimulação como Fernando de fato conhecia a própria filha. Se ele fosse um jogador, apostaria pesado que seria mais difícil negociar com Dulce do que com um urso faminto que vasculha lixeiras no inicio da primavera.

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