Capítulo: 10

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Era primorosa. Tinha um par de encantadores olhos de uma cor ambar, como mel e uma vasta cabeleira quase loura mas na raiz continha fios pretos dando pra ver que era morena.

Seu olhar vagou mais uma vez sobre a adorável aparição e ele começou a pensar que a beldade não podia ser tão etérea e inacessivel.

Fechou os olhos por alguns instantes e engoliu em seco. Em seguida, viu a visão de doçura e feminalidade se erguer envolta em um círculo de luz, o sol que ofuscava os sentidos dele. De alguma maneira, soube que havia morrido e ido para o céu.

Mas, então, ela levou o dedo à boca, o dedo que ele chupara e acariciara! Parecía o convite mais inocente e mais excitante que já recebera. Novamente, sentiu uma súbita onda de desejo abalá-lo.

-- Bem, filha? - A pergunta acompanhou o impaciente empurrão de uma bota contra sua perna direita de Alfonso.

Poncho fez uma carranca ao perceber a figura truculenta que se erguia ao lado da maravilhosa visão feminina. Nuvens de fumaça rosa sobre um cabelo grisalho. Ele fechou os olhos e gemeu. Inferno! Fora trazido de volta à vida em Virginia City!

Arrancada de seus desvaneios, Dulce esforçou-se para quebrar o feitiço mental. De sua resposta possivelmente dependía todo o seu futuro. Não era hora de se deixar levar. Apenas porque o homem deitado no chão parecía ser o sonho de toda mulher, não significava que não se transformaria no pior de seus pesadelos!

Ainda assim, avaliou os contras. Encontrava-se em uma situação particularmente ruim. O pai pretendia casá-la, então, por que não dar sua opinião sobre o próprio destino?

As maçãs do rosto daquele homem sugeriam ser ele provido de bom senso e humor. Além disso, parecia ser bastante inteligente. Talvez pudesse se casar com ele. Sería um casamento de fachada, é claro! Faria um trato, por meio do qual ela lhe pagaria pelo uso temporário de seu nome, pelo tempo suficiente para obter uma quantia monetária confortável do pai e sair da cidade.

Sempre quisera visitar San Francisco, lembrou-se. Quando chegassem lá, pediria a anulação do casamento e então poderia voltar de trem para Chicago, onde Clarence a estaria esperando.

Parabenizando-se por encontrar um modo de enganar o pai Dul caminhou ao redor do sujeito esparramado no chão. Examinando-o cuidadosamente por todos os ângulos. Não teria nenhuma dificuldade em conseguir que ele aceitasse o seu plano.

- Muito bem, papai. - ela disse em voz alta e clara. - Levarei este aquí.

-- Levar este aquí? - Que diabos estava acontecendo? Perguntou Poncho, tentando emergir da névoa de muito alcool e pouca comida que o envolvia. Ergueu o torso e sentou-se, ao mesmo tempo em que um balde de água fria o inundou. - Mas o que é isso?

-- Minha filha o escolheu. - uma voz áspera o imformou. Para Poncho, suoou como a voz da destruição. Abrindo um dos olhos com cautela, desejou saber se poderia estar tão bêbado a ponto de haver seduzido a filha do homem sem ao menos se lembrar.

Sem chance, disse a si mesmo. Bêbado ou sóbrio, eu me lembraria dessa beldade. Deitou-se outra vez, pretendendo ignorá-los até que fossem embora.

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Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora