-- Lembre-se do nosso acordo e que a sua sorte está a ponto de mudar. - Lembrou-o, se referindo-a à soma em dinheiro que lhe prometeu.
-- Eu imagino que Sim. -Poncho a puxou até um dos confessiónarios. - Que tal isto? - sugeriu com um ar provocante. Inclinando a cabeça, ele espreitou através do cubículo encortinado. - Algum pecado mortal que queira confessar antes de nos unirmos em Santo matrimônio.?
Ela o empurrou.
-- Não seja louco, Herrera!
-- Aínda há tempo para mudar de ideia. - Ele curvou a cabeça e, com um exagerado suspiro, inspirou a fragrância que ela exalava. - Hum carissimo! - disse deslizando a ponta do dedo bem devagar pelo pescoço delicado dela.
-- Não me toque! Não importa o quanto tente, não o deixarei escapar do nosso acordo. - ela estremeceu ligeramente quando o dedo polegar dele acariciou-lhe a face e capturou-lhe o queixo. - Se eu estivesse em Chicago neste momento...
-- Deixe-me adivinhar... - os olhos verdes vaguearam descaradamente pelas cuvas femeninas dela. - Um grande números de cavalheiros teria vindo ao seu socorro para ter o privilégio de receber um de seus belos sorrisos.
-- Isso mesmo! - respondeu, contente por ele ter entendido.
-- Mesmo assim, dentre centenas, talvez milhares de vitimas potenciais, vc me escolheu. - Comentou ele com um sorriso irônico.
Aparentimente, ele não estava nem um pouco ansioso para se casar, nem mesmo por dinheiro! Ela ergueu o queixo para mostrar que aquela observação não a aborrecera.
-- Não o considero uma vitima Alfonso. Mas um sócio bem remunerado.
-- Ah, ai está vc Dulce María. - Disse o Padre Manogue, saindo do confessionário. O religioso avançou com um brilho bondoso no olhar. - Após conversar com seu noivo sinto como já a conhecesse.
Ela curvou a cabeça em sinal de respeito. Um sentimento profundo e terrivel atingiu-lhe a boca do estômago, como um ataque súbito de consciência.
Por sorte o Padre queria apenas saber as preferências com relação a cerimônia.
-- Tenho certeza que será tudo adoravél. Não quero nada de especial, por favor.
-- Alguma inquietação que deseje compartilhar? - sugeriu o sacerdote, apontando para o confessionário.
-- Não, nenhuma! - ela fitou a face divertida de Alfonso e, em seguida baixou o olhar sentindo-se culpada.
-- Entendo. - disse o padre.
Ela Clareou a garganta.
-- O senhor acha que eu poderia falar reservadamente com meu noivo por um momento?
-- Claro que sim minha filha. - O padre sorriu se dirigindo ao altar para organizar os sacramentos na mesa.
Ela agarrou o braço do noivo com as duas mãos e abaixou-se sobre o assento de madeira.
-- Contou a Ele, não é? - sussurou num tom rouco. Poncho esticou as pernas para frente e apoiou os braços sobre o encosto do banco. Sorrindo ao peceber o desconforto da noiva assentiu com a cabeça.
-- Oh, meu Deus! Como pôde? - O murmúrio dela se transformou num rosnar.
Alfonso aproximou-se e roçou os lábios nos cachos dela.
-- Como não poderia?
Ela virou a cabeça tão rápido que suas bocas quase se tocaram.
-- Nunca pretendeu me ajudar, não é mesmo?
-- Ouça Dulce, eu não podia me casar sem antes aliviar minha consiência, certo? - sério pelo menos uma vez, ele a fitou nos olhos.
-- Por que não poderia ter se confessado depois? - sussurrou ela. - Agora ele contará a meu pai! - Ela mordeu o lábio macio para evitar chorar.
Com ar indiferente, ele tocou-lhe os cachos castanhos.
-- Garota Tola. O padre não dirá nada a seu pai. O que le contei esta sob segredo de confissão. Ele não podera revelar nada.
Com os olhos cheios de lágrimas e a boca trêmula, ela inclinou o queixo.
-- Quer dizer que...
Alfonso assentiu com a cabeça, enxugou-lhe uma lágrima e levou o dedo a própria boca. Seus lábios se curvaram num sorriso sensual. Ela sentiu a respiração presa na garganta enquanto o encarava.
-- Vc se confessou? - perguntou ela em um tom descrente.
-- Não é algo que faça com frequência. - ele admitiu sincero. - Mas precisava me livrar de algumas coisas que estavam me apertando o peito, se quero permanecer em paz comigo mesmo e... - Ele apontou pra cima. -... Vc sabe muito bem com quem.
-- Suponho que isso signifique que não me ajudará. - ela bateu a cabeça duas vezes no encosto de madeira. - Oh, Deus estou perdida!
O riso baixo e o braço morno de Poncho ao redor de seu ombro a despertaram do desalento.
-- Provavelmente, sim. - concordou ele a sacudindo-a de leve. - Mas não mais que eu, suponho.
Ela ergueu o rosto para olha-lo. Ele pousou os lábios sobre os dela, em um leve roçar.
-- Eu me casarei com vc se é o que deseja.
Em um gesto impulsivo, ela o puxou para si e o beijou.
-- Obrigada, Alfonso. Jamais o esquecerei!
-- Oh, tenho certeza que não. - respondeu ele em tom seco.
O ruido dos saltos delicados de uma mulher sobre o piso os afastou.
-- Mãe! Paí! - ela ergueu-se com os olhos brilhando. - Venha Alfonso, agora que meus pais chegaram, vamos falar com o padre.
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Casamento Por Acaso
RomanceNevada, 1864. Um Casamento de Mentira... Uma Paixão de Verdade... -- Mimada, linda e esperta, Dulce María Espinosa Saviñon concorda em se casar com alguém que se encaxe nos padrões exigidos por seu Paí: "Um Homem de Verdade", Que ñ tem medo...