Capítulo: 73

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Sabia que o teatro estava fechado em razão da tempestade lhe havia dito que a última apresentação da companhia havia sido realizada no auditório do hotel e que os atores partiram naquela manhã.

Inquieta, Dulce entrou no toalete a fez tremer em antecipação. Aquela noite... Ela e Alfonso celebrariam o amor de ambos para sempre.

Porém outra enxurrada de duvidas lhe assaltou a mente, enquanto outra hora se passava sem a presença do marido. Estava a ponto de desistir de esperá-lo e dormir quando ouviu o barulho da chave na fechadura.

Dulce sorriu no escuro, quase incapaz de conter a excitação.

Inebriada, observou-o entrar, trancar a porta e em seguida atirar o chapéu e a chave sobre a mesa.

Poncho cruzou o quarto sem tirar a jaqueta e adicionou mais duas achas de fogo.

Dulce fez menção de sair do esconderijo, quando o marido se virou de repente, com o cenho franzido e a mão no revólver que trazia na cintura.

Prendendo a respiração, ela o observou abrir o armário. Ao constatar que ñ havia perigo Poncho relaxou, embora sempre em atitude de guarda.

Ela enguliu em seco. Se Alfonso suspeitasse que havia um ladrão ali dentro, paderia atirar em qualquer coisa no escuro, inclusive nela. Um medo repentino se apossou dela. A atitude do marido parecia tão estranha! Agachou-se ouvindo as batidas descompassadas do próprio coração.

Escutou ele esquadrinhar os equipamientos no canto oposto do quarto. E percebeu o barulho inconfundivel de moedas tilintando. Muitas delas, a julgar pelo som.

Havia dinheiro escondido no quarto! A mente conturbada de Dulce, um cenário sinistro começava a se delinear. Horas antes, o Marido e seu comparsa tinham trazido uma grande soma em dinheiro para o quarto, e suas ações refletiam clandestinidade. Como se fossem... Ladrões! Claro, por que outras razões estariam se preparando para se embrenhar no mato? De repente, tudo se tornou muito claro. O marido teria cometido um ato ilicíto e agora planejava uma fuga!

Oh, se tivesse lhe confessado os sentimentos ou sido mais companheira! Lamentou-set ela. Depois do que Alfonso fez a única oportunidade de serem felizes estava perdida pra sempre.
Aquela havia sido a razão pela qual o marido a enchera de presentes. Pensara que lhe conquistaria o coração brindando-a com bens materiais.

Poncho ouviu soluços contido atrás dele e girou o corpo, detendo-se a tempo de empunhar a arma, quando percebeu a ninfa atérea envolta em seda se atirar em seus braços.

-- Oh, querido! - gritou ela, envolvendo-lhe o pescoço com ambas as mãos.

Tomado de assalto, Poncho franziu o cenho, fitando a beldade trêmula colada nele.

-- Dul?! Como entrou aquí?

-- Poncho! Nunca me perdoarei. - disse em Plantos.

-- Vejo que recebeu os presentes que enviei. - Notou ele deslizando os dedos pelo tecido diáfano que o separava da pele quente e macia.

Com um suspiro angustiado, ela se afastou para olhá-lo nos olhos.

-- Como pôde fazer isso? - inquiriu caminhando em direção as duas lonas. - Poderia ao menos ter pensado em como isso me afetaria.

Ele então cruzou os braços sobre o peito com expressão inquisitiva.

-- Eu pretendia ir ao seu encontro nas primeiras horas da manhã.

Ela o fitou com descrença, e agachando-se, abriu as sacolas de dinheiro e deslizou os dedos pelas moedas.

-- Ñ minta pra mim! Ouvi vc e seu comparsa planejando fugir ao amanhecer.

-- Ñ antes de me despedir de vc.

-- Despedir? Como ousa? Eu vim esta noite para dizer o quanto te amo e que o seguirei até o fim di mundo se necessário. - revoltada, virou o conteúdo de uma das sacolas no chão e a tirou no rosto dele. - Wells Fargo Bank! - Vociferou. - Vc fez isso por mim?

-- Pensei que fosse o que desejava. - respondeu ele em tom calmo.

-- Ñ posso acreditar no que esta me dizendo! - declarou ela, desesperada. Seu mundo estava ruindo e Alfonso a fitava com uma máscara de indiferença. - Dinheiro ñ significa nada pra mim. Ele ñ nos fará felizes, se tivesse me dado a chance, eu teria feito com que vc percebece isso!

Poncho se deteve e observou a esposa. Apesar da experiencia que possuia em relação ao sexo frágil, ñ estava conseguindo entender o motivo de tanta indignação. Parecia ainda mais bonita irada, mas ñ fazia sentido algum. De repente, deu-se conta de que ela ñ fizera conexão entre o dinheiro e a quantia que ela havia lhe pagado pra casar.

-- Dul, juro que a procuraria pela manhã. - garantiu ele. - Para lhe devolver cada níquel que vc está vendo.

-- Roubou um banco e está tentando por a culpa em mim? - indagou ela, indignada, atirando-se contra ele com os punhos fechados.

Más ele foi mais rápido segurando-lhes os braços e a apuxando-a para si.

-- Roubei um banco? - disse ele e ela o fitou angustiada.

-- Poncho, tem que devolver todo esse dinheiro antes que o banco dê falta dele!

-- Ñ posso fazer isso.

Ela iria levá-lo a loucura. Em minutos confessava seu amor por ele e no outro o acusava de roubar um banco! Embora confuso, ele decidiu por deixá-la acreditar naquela suposição absurda. Que chance melhor teria de testar a profundidade dos sentimentos dela? Quão leal sua esposa sería se ele estivesse de fato em uma enrascada?

-- Sinto muito querida, más peguei o dinheiro em plena luz do dia. O gerente por certo me reconheceria.

-- Ñ! - ela se atirou nos braços dele com os olhos ditalados de pavor.

-- Precisamos dar um sumiço nele. - continuou ele, sorrindo travesso, enquanto ela soluçava em seu ombro.

-- Eu sei! - concordou ela. - Pedirei a meu pai que nos ajude. Ele tem excelentes contatos. Conhece as pessoas certas. Devolverá o dinheiro de forma discreta sem que isso prejudique vc. - concluiu tentando sorrir.

Ele depositou um beijo suave na ponta do nariz dela.

-- Esperaria por mim se eu fosse preso?

-- Claro que sim. - garantiu ela, tremendo com tal pensamento.

-- Mas eu ñ poderia permitir isso. - insistiu ele. - Vc é jovem. Quero que seja feliz, que reconstrua sua vida, tenha filhos e ame um marido que tome conta de vc.

Revoltada ela bateu com os punhos no peito definido dele.

-- Ñ, ñ e ñ! Como pode, sugerir uma coisa dessas? Eu nunca seria feliz com mais ninguém que ñ seja vc?

-- Diz isso agora. - um brilho divertido perpassou os olhos verdes dele.

-- Se está preocupado em ser preso, podemos deixar o dinheiro com minha mãe. De fato é o que devemos fazer! Ela contratará o advogado de papai e ele resolverá a questão.

Ele deixou escapar um suspiro exasperado.

-- Faz soar tão simples. E se estipularem um preço pela minha cabeça?

-- Nos refugiaremos na floresta. Um dia terão que parar de te procurar. - disse ela começando a perambular pelo quarto, enquanto a mente procurava desesperada por uma alternativa viável! - Ou poderiamos deixar o pais. Ir para a Irlanda!

-- Nunca pensei que fosse casado com uma mulher tão admirável. - declarou ele, tomando-a nos braços.
...

Casamento Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora